Mauro Donato, via DCM
Três dias depois do grande tumulto ocorrido no Metrô de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, em parceria com seu secretário de Segurança, Fernando Grella, manda avisar que irá colocar a polícia para debelar problemas dentro das estações.
No momento em que era anunciada a intenção de “intervenção” das forças de segurança em “dias de caos no serviço de trens”, um novo caos no serviço de trens da linha vermelha ocorria. Por óbvio! Ocorre todo santo dia.
Alckmin quer botar a polícia para resolver problemas no Metrô, quer botar a polícia para escorraçar garotos dentro shoppings, quer botar a polícia em cima de dependentes químicos… tudo vai ser na base da polícia?
Dentro de estações como a Sé, o Brás, a Luz, onde as plataformas se assemelham a formigueiros, Grella e Alckmin não encontram ideia melhor do que jogar a PM também lá dentro? O que estão buscando, uma tragédia?
O governador Geraldo Alckmin deseja surfar na onda de antipatia ao vandalismo para imputar neste comportamento toda sua inoperância. Esquerda e direita andam se mostrando contrárias aos Black Blocs, aos quebra-quebras e demais “badernas” e Alckmin entendeu ser fórmula inequívoca para angariar simpatizantes/aliados/eleitores, jogar toda a culpa ali e imiscuir-se de responsabilidade.
Mas classificar como vândalos os usuários do Metrô que viajam feito sardinha cozida dentro dos vagões, foi de uma “deselegância” brutal, como diria uma global, e um desrespeito atroz para com o cidadão. Além de um tiro no pé ainda pouco avaliado.
Ao ver as imagens de senhoras, mulheres desmaiadas, idosos, grávidas, trabalhadores cansados ao final de mais uma jornada, em pleno rush, ele vem a público com “suspeita de sabotagem” ao verificar uma revolta espontânea? Diz enxergar armação orquestrada?
Tenha dó.
Só quem nunca pegou o Metrô ou trem às 6 da tarde para desconhecer o estorvo e sacrifício a que se é submetido.
Este descolamento da realidade a que autoridades se impõem, vivendo em uma órbita diversa do povo é por si só revoltante. Há quanto tempo o governador não experimenta o transporte público? Fica fácil, à distância, formular o raciocínio repisado milhares vezes nos últimos meses: “Não entendo o porquê da quebradeira”. Tome o trem duas vezes por dia para ir e voltar do trabalho durante apenas um ano. Fique fechado por 15 minutos dentro de um vagão repleto, parado, sem ar condicionado com esse clima senegalês que estamos enfrentando. Entenderá, garanto.
Alegar motivação política não será exclusividade do governador. Ao longo dos próximos meses todos os candidatos sacarão do coldre essa resposta. Apagões, pedidos de asilos políticos de médicos cubanos, greves, tudo terá uma origem escusa, segundo prega o manual.
Mas sobre o Metrô, Alckmin não terá como escapar pela tangente. Há tempos que se sabe que as reformas dos trens estavam num patamar desfavorável. Sairia mais em conta a compra de novos. Porém, os contratos de reposição de peças celebrados durante os governos tucanos levaram-nos ao estágio atual. A casa caiu. Se São Paulo ainda não está no padrão Rio de Janeiro de má qualidade, caminha a passos largos.
Saliente-se que em todas as grandes cidades do mundo o Metrô é lotado, isso não é privilégio paulista. No entanto, há um mínimo de respeito pelo usuário que não vem sendo praticado por aqui. O número de vezes em que Metrô e trens estão apresentando defeitos e atrasos supera a cota de paciência de qualquer cidadão com um mínimo de autoestima.
Creditar queixas legítimas referentes à má qualidade do serviço a oportunistas de plantão foi ao mesmo tempo primário e repugnante. Colocar a polícia em cima então, é insanidade pura.
Alckmin precisa dar um rolezinho de Metrô para ver como é bom.
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13 de fevereiro de 2014 às 23:59
O pensamento autoritário e o elitismo de nossa política, duas pragas herdadas da Ibéria, reforçadas pelo positivismo, sustentadas pelos diversos “pronunciamientos” dos quartéis na República. O populismo da República Liberal, na verdade, foi autoritarismo disfarçado, cooptando as massas, e seus arremedos posteriores sempre tiveram e têm a mesma natureza. Mas como as massas, mesmo cooptadas (o populismo foi como brincar com fogo), passaram a reivindicar, foi preciso botar a tropa na rua em 64, para que cada um reconheça seu lugar. A tradição teima em persistir.
Em meus tempos de professor de sociologia, repetia frequentemente para os alunos: O Brasil deve à História uma revolução.
13 de fevereiro de 2014 às 23:40
Mauro Donato, gostei de seu artigo, mas verifique em qualquer dicionário do vernáculo o sentido de imiscuir, imiscuir-se.
10 de fevereiro de 2014 às 18:51
[…] See on limpinhoecheiroso.com […]