Adilson Primo, o personagem central para o esclarecimento do propinoduto tucano

Metro_Siemens20_Adilson_Primo

Adilson Primo: Pode-se imaginar o que a “grande mídia” estaria fazendo se, em vez do PSDB, estivesse o PT por trás do propinoduto do Metrô de São Paulo?

Adilson Primo comandou a filial da Siemens no Brasil por muitos anos.

Paulo Nogueira, via Diário do Centro do Mundo

“Ninguém morre de tédio numa empresa como essa”, disse o executivo Adilson Primo à revista IstoÉ Dinheiro em 2011. Ele falava de novas estratégias de negócios. Primo era, na ocasião, presidente da Siemens do Brasil, uma corporação que fatura cerca de R$5 bilhões por ano e emprega 10 mil pessoas.

Poucos meses mais tarde, sua tese seria exemplarmente comprovada com ele mesmo, depois de 34 anos na casa, em que entrou como estagiário e chegou a presidente. Primo foi demitido por justa causa, acusado de quebrar o “código de conduta” da Siemens, uma das maiores e mais antigas empresas de engenharia do mundo.

Fundada em 1847 e baseada em Munique, a Siemens descobriu uma conta do Itaú num paraíso fiscal na qual Primo e três sócios movimentaram €6 milhões entre 2003 e 2006. Para a Siemens, Primo subtraiu aquele dinheiro da empresa.

Por sua posição, Primo é um personagem central para esclarecer o escândalo do Metrô de São Paulo – a fábrica de propinas com a qual a Siemens assegurou contratos milionários, ao lado de um pequeno grupo de companhias multinacionais que se uniram num cartel. Estes contratos foram firmados com a companhia que administra o Metrô de São Paulo – uma estatal sob o controle do governo paulista. Isto quer dizer que o escândalo alcança o PSDB, partido que ocupa o governo de São Paulo há duas décadas.

A Siemens é conhecida – e combatida em muitos países – por uma cultura sistêmica de propinas pagas a autoridades que podem garantir contratos nas localidades em que atua (virtualmente, o mundo inteiro).

Em 2008, a empresa foi objeto de uma devassa pela justiça norte-americana e foi obrigada a pagar multa de US$1,6 bilhão por corrupção e concorrência desleal. A justiça norte-americana pôde caçar a Siemens porque suas ações eram negociadas nos Estados Unidos.

Pagar propinas para conquistar contratos no exterior é ilegal nos Estados Unidos. “Os executivos da Siemens carregam dinheiro para propinas em suas pastas de trabalho”, disse um dos responsáveis pela investigação movida nos Estados Unidos.

A Siemens não contestou nada do que as autoridades norte-americanas levantaram contra ela. Prometeu mudar sua cultura e limpá-la de práticas corruptas.

Um novo presidente mundial, Peter Loscher, foi escolhido com a missão estrita de saneamento ético. “É possível ser competitivo mundialmente e ao mesmo tempo não fazer nada errado”, disse a empresa ao anunciar Loscher.

Na semana passada, Loscher foi demitido em consequência do escândalo da Siemens brasileira – mais noticiado na Alemanha do que no Brasil.

A Siemens é o caso mais notável de uma cultura corporativa peculiar. Na Alemanha, até 1999, era legalmente admitido que as empresas multinacionais pagassem propinas em suas operações no exterior. Os subornos eram dedutíveis como despesas de negócio nas declarações de renda das companhias, e pagar uma autoridade estrangeira não era crime.

Na Siemens, subornos eram chamados de “NA”, abreviatura da expressão nutzliche aufwendungen, que significa “despesas úteis”. As “despesas úteis” eram movimentadas por funcionários dedicados apenas a isso. Internamente, eram chamados de “consultores”.

Quando as autoridades norte-americanas anunciaram a multa bilionária, em 2008, calculava-se que a Siemens empregava no mundo 2.700 “consultores” para administrar seus subornos. As “despesas úteis”, no Brasil, foram largamente empregadas para que a Siemens ganhasse contratos no Metrô de São Paulo sob gestões do PSDB.

A inapetência da mídia para cobrir o assunto chama a atenção, porque o caso da Siemens é espetacular no volume da corrupção e nos métodos envolvidos.

Pode-se imaginar o que estaria ocorrendo se, em vez do PSDB, estivesse o PT por trás do Metrô de São Paulo: Adilson Primo já teria sido localizado e estaria nas primeiras páginas com declarações bombásticas, repicadas com estrondo no Jornal Nacional.

***

Leia também:

Propinoduto tucano: Os cofres paulista foram lesados em mais de R$425 milhões

Propinoduto em São Paulo: O esquema tucano de corrupção saiu dos trilhos

Após denúncias contra PSDB de São Paulo, site da IstoÉ sofre ataque

Mídia se cala: Tucanos envolvidos em corrupção? Bobagem…

Ranking dos partidos mais corruptos do Brasil

Por que Alckmin é tão blindado pela “grande mídia”?

O feito extraordinário de Alckmin

Conheça a biografia de Geraldo Alckmin

Alckmin torra R$87 milhões em propaganda inútil da Sabesp

Propinoduto tucano: Incêndio criminoso destruiu papéis do Metrô em São Paulo

Luciano Martins Costa: Um escândalo embaixo do tapete

Deputado critica demora do MP para agir contra corrupção no Metrô paulista

Apesar da blindagem da “grande mídia”, o caso da corrupção no Metrô paulista

Superfaturamento de cartel do trem em São Paulo e Brasília teria chegado a R$577 milhões

***

Tags: , , , , , , , ,

2 Respostas to “Adilson Primo, o personagem central para o esclarecimento do propinoduto tucano”

  1. bene nadal Says:

    Se fosse do PT, o Joca já estaria dando pulo de felicidade!!!

  2. Rei Lux (@rei_lux) Says:

    Adilson Primo?

    Esse aqui?

    Clique para acessar o Lei2840.pdf

Os comentários sem assinatura não serão publicados.