O vinho é uma bebida milenar, produzida e apreciada desde a antiguidade, que passou por inúmeros processos de melhoria, de estudos e descobertas. Mas ainda assim, continua um mistério, provocando surpresas e novas sensações a cada garrafa aberta, que levam o consumidor ao deleite.
Mas por que há tanta variação de um vinho para outro? Existem milhares de motivos que tornam o vinho uma bebida única. Sua variedade, ou a uva que é utilizada na sua produção, que definirá suas características básicas; o microclima ou o terroir, que irá determinar sua personalidade; a safra, ou as condições climáticas de determinado ano, que irão determinar a expressão do vinho; e as características do produtor e do processo de produção, que definirão o estilo do vinho. Mas essas são apenas algumas das variáveis que influenciam no resultado final de um vinho.
Quando falamos das variedades de uvas, são mais de 3.000 plantadas mundo afora. Aquelas que são originais da região onde são plantadas são chamadas de autóctones, como a Cabernet Sauvignon na França, a Sangiovese na Itália ou a Tempranillo na Espanha, enquanto aquelas que não são originais de sua região de produção, mas que, no entanto, se deram muito bem nesta outra região, são chamadas de uvas símbolo, como a Malbec na Argentina, a Carmenère no Chile ou a Tannat no Uruguay. O movimento que vem acontecendo é que os países produtores que não possuem uvas autóctones de grande expressão têm buscado encontrar a sua uva símbolo.
No Brasil, que ainda é um jovem produtor e com pouca tradição, cada vez mais se questiona quais uvas se dão melhor em nosso terroir. Para as brancas, o destaque vai para a Chardonnay, que tem mostrado importante potencial no Rio Grande do Sul, tanto para a produção de vinhos espumantes quanto para vinhos tranqüilos. Enquanto para as tintas, que ainda são as preferidas do consumidor brasileiro, a Merlot tem mostrado bons resultados, obtendo inclusive alguns prêmios em concursos internacionais.
A Merlot é uma variedade bastante plantada pelo mundo e tem uma fama importante na região de Pomerol, onde marca presença na elaboração de vinhos ícones como Chateau Pétrus e o Le Pin, em Bordeaux, na França. É uma uva que gera vinhos de médio corpo, com taninos equilibrados, aromas de café, ameixa madura e pimenta preta, e pode ser harmonizado com aves, caça e massas com molho vermelho.
Assim, na terceira edição da Confraria dos Amigos da ABS, lançamos um embate aos grandes Merlots nacionais. Estiveram presentes os amigos confrades Rafael Porto, da Expand, Arlene Colucci e Matias do Gabinete de Comunicação, Almir Luppi do blog Vinho dos Anjos, Maria Uzêda, aluna da ABS e Fabio Brito. A degustação foi feita às cegas e os resultados foram bem interessantes:
Salton Desejo 2006
100% Merlot
RS, Brasil
Características: 12 meses de passagem por barrica, possui aromas de frutas negras maduras e tabaco com notas de café. Em boca, corpo leve e taninos bastante arredondados. Curta persistência e boa acidez. É um vinho muito elegante e fácil de beber.
Preço médio: R$65,00
DNA99 Pizzato 2005
100% Merlot
RS, Brasil
Características: 9 meses de passagem por barrica. Possui aromas de ameixas secas, especiarias, baunilha e um fundo herbáceo. Em boca, taninos marcantes, médio corpo e boa acidez e persistência. Muito bom.
Preço médio: R$100,00
Storia Casa Valduga 2006
100% Merlot
RS, Brasil
Características: 12 meses de passagem por barrica. Possui aromas de frutas vermelhas com notas de coco, baunilha e chocolate. Em boca, corpo médio, taninos maduros, com boa estrutura e persistência. É um vinho diferente e muito interessante.
Preço médio: R$110,00
Merlot Terroir Miolo 2008
100% Merlot
RS, Brasil
Características: Elaborado pelo renomado enólogo Michel Rolland, este vinho possui 12 meses de passagem por barrica, aromas de frutas negras maduras, uvas passas, com notas de couro e baunilha. Possui bom corpo, taninos marcantes e boa persistência. Muito bom.
Preço médio: R$110,00
A colocação, de acordo com a pontuação dos participantes, foi:
1º. Lugar: Merlot Terroir 2008 – Miolo
2º. Lugar: Storia 2006 – Casa Valduga
3º. Lugar: DNA99 2005 – Pizzato
4º. Lugar: Desejo 2006 – Salton
Os vinhos degustados são excelentes representantes da Merlot nacional. Muito bem elaborados, cada um com a sua peculiaridade e atendem bem ao paladar do consumidor. Para quem não conhece, vale experimentar cada um deles e conferir como estamos nos saindo com a Merlot como uva símbolo.
Oi Cris. Parabéns pelo Post e pela degustação. Não pude estar presente nessa. Perdi esses Merlot brasileiros que tanto gosto, mas na próxima estarei ai. Já vamos para 4ª degustação da Confraria Amigos da ABS.
Abraços para todos!!
Oi Yuri, tudo bem? Você fez falta! A sugestão para o próximo são os grandes Pinots do mundo. Alguma indicação? Vou precisar da sua ajuda para organizarmos. Beijo e até mais.
Olá Cris,
Muito obrigado pelo convite, estava ótimo!
E parabéns pelo seu post, sempre minucioso.
Continue escrevendo, quero ler mais.
Bjs
Almir
Oi Almir, que bom que gostou. Avisarei sobre os próximos encontros. E essa semana, nos vemos no evento da Vinci? Beijo e boa semana.
Adorei seu blog! Realmente os vinhos merlots produzidos no Brasil têm uma boa tipicidade.
O merlot Terroir 2008 é um exemplar bem interessante, degustei há poucos dias e gostei muito!
Tenho outra garrafa em casa e vou guardá-la por mais algum tempo, para ver a evolução.
Parabéns pelo Post.