por Brasil de Fato
Encontro reúne pescadoras de 18 estados para discutir direitos trabalhistas e problemas na saúde da trabalhadora da pesca. Jornada de trabalho chega até 16 horas diárias, o que resulta em doenças ocupacionais.
Nesta terça-feira (268) começou o Encontro da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP). Durante quatro dias, mulheres de 18 estados do país se reúnem no município de Pontal do Paraná (PR) para discutir questões relacionadas à saúde da trabalhadora da pesca.
As situações de vulnerabilidade no exercício da atividade, somadas às longas jornadas de trabalho, que podem chegar até a 16 horas diárias, tem resultado em casos frequentes de doenças ocupacionais.
Elionice Sacramento, pescadora de Salinas da Margarida, no estado da Bahia, fala das consequências dessa situação.
“A gente tem muitos problemas ligados a lordose, LER, por esforço repetitivo, lesões na coluna por excesso de peso, algumas infecções por exposição à umidade. Há problemas na vista devido ao reflexo da água do mar e da linha que a gente precisa costurar, e alguns outros problemas relacionados à contaminação das águas, tanto no mar quanto no rio.”
Elionice destaca ainda que as pescadoras tem enfrentado dificuldade no acesso aos direitos previdenciários.
“Como a gente viveu historicamente um processo de invisibilidade, não só porque somos mulheres pescadoras, mas também porque essa atividade esteve invisível para a sociedade brasileira, a gente sofre muito preconceito da Previdência Social na hora de garantir os nossos direitos.”
O encontro conta com a participação de representantes dos Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Pesca. O evento tem como objetivo construir propostas e estratégias para pressionar o Estado a reconhecer os direitos trabalhistas e o atendimento de qualidade no Sistema Único de Saúde (SUS), às pescadoras e marisqueiras do país.
De São Paulo, da Radioagência BdF, Daniele Silveira