O Bebê de Bridget Jones

I can always find time to save the world. And, Bridget, you’re my world.

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Direção: Sharon Maguire

Roteiro: Dan Mazer, Emma Thompson e Helen Fielding

Elenco: Renée Zellweger, Colin Firth, Patrick Dempsey, Gemma Jones, Jim Broadbent, Shirley Henderson, Sally Phillips, Kate O’Flynn, Sarah Solemani, Agni Scott, Ben Willbond, Ed Sheeran, Jessica Hynes

Bridget Jones’s Baby, Reino Unido/EUA/Irlanda/França, 2016, Comédia, 123 minutos

Sinopse: Estável no emprego como produtora de TV, Bridget Jones (Renée Zellweger) continua solteira. Depois de aceitar o convite de uma amiga do trabalho para ir a um festival de música pop, lá ela acaba “acidentalmente” dormindo com o desconhecido e sedutor Jack Quant (Patrick Dempsey). Mas ela não é mais a mesma neurótica e nem se preocupa com o paradeiro do moço. Pouco depois, em um batizado, a verborrágica inglesa reencontra Mark (Colin Firth), seu amor do passado. E eles acabam… dormindo juntos. Mais algumas semanas se passam, e Bridget se encontra grávida. E, sem ter certeza de quem é o pai da criança, adia a “revelação”, enquanto ambos acreditam ser o verdadeiro pai do bebê de Bridget Jones. (Adoro Cinema)

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O que Renée Zellweger conquistou entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000 não é bobagem. Filmes como Um Amor VerdadeiroA Enfermeira BettyJerry Maguire, Deixe-Me ViverChicago, para citar alguns de seus trabalhos expressivos em termo de repercussão e qualidade, revelaram a atriz como uma das mais prolíferas e consistentes de sua geração. O fenômeno Renée Zellweger, entretanto, foi se diluindo com o tempo, por uma série de variáveis que são difíceis de constatar. Teria sido a sua persona, que, de repente, passou a ofuscar os próprios personagens? Ou foi a influência negativa de seu prematuro e equivocado Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo irregular Cold Mountain? De qualquer maneira, após realizar trabalhos cada vez menos expressivos, a atriz estacionou a carreira em 2010, voltando somente agora aos cinemas com um de seus papeis mais marcantes: o da atrapalhada Bridget Jones.

Alcançando feitos raros com a personagem criada na literatura por Helen Fielding (quem consegue ser indicada ao Oscar de melhor atriz por uma popular comédia romântica?), Renée pode até ter ficado afastada das telas, mas seu retorno com O Bebê de Bridget Jones comprova o quanto a personagem nunca saiu do imaginário dos espectadores. E pode até ser que esse novo filme não tenha lá muito frescor, mas é o tipo de experiência que não deixa de revigorar a carreira de uma atriz em baixa e proporcionar, através da nostalgia, uma ótima diversão para a plateia, além de, em termos de representatividade, apresentar-se como um marco por configurar a primeira trilogia da história do cinema dirigida exclusivamente por mulheres.

Só faz bem o retorno de Sharon Maguire à cadeira de direção após o criticado trabalho de Beeban Kidron no filme anterior porque ela preserva todas as acertadas ideias que projetaram a protagonista junto ao grande público. Não apenas é importante colocar novamente em pauta, através da comédia, questões julgadas pela sociedade em relação ao mundo feminino (é absurdo pensar que mulheres acima dos 40 ainda são cobradas por não terem filhos ou maridos!) como também trazer de volta o humor mais clássico de Bridget Jones, distanciando-se da certa histrionia presente no longa anterior. Sharon Maguire compreende a essência da personagem, e isso é fundamental para que O Bebê de Bridget Jones funcione.

Não deixa de ser frustrante constatar que Bridget Jones tenha chegado aos 43 anos agindo de forma inexperiente demais para alguém dessa idade. Porém, o terceiro capítulo capta tudo o que existe de melhor na conversa da personagem com o espectador, desde a encenação cômica de pequenos momentos já vividos por todos nós (quem nunca se encheu de nervosismo ou viu sua espontaneidade desaparecer ao reencontrar um caso amoroso mal resolvido do passado?) a outros mais específicos às mulheres e às expectativas criadas em torno delas. O tino cômico de O Bebê de Bridget Jones é clássico, quase ingênuo, indo na contramão das majoritárias comédias femininas de humor mais afiado ou transgressor. Caso mal executado, o resultado poderia soar antiquado, o que definitivamente não é o caso aqui, onde tudo soa atraente por sua leveza.

Na prática, O Bebê de Bridget Jones não inova em qualquer aspecto, mas isso não diminui a graça dessa produção amplamente impulsionada pelo carisma de Renée Zellweger e pela boa complementariedade que existe entre o inegável charme britânico de Colin Firth (e a idade só faz bem ao ator em todos os sentidos) e a representação de Patrick Dempsey como um homem que, apesar do sucesso, se revela tão comum quanto qualquer outro. Adicione ainda o tempero de uma trilha sonora deliciosa (o que não é novidade se tratando da franquia), as divertidas participações de Emma Thompson (que também assina o roteiro ao lado de Dan Mazer e Helen Fielding) e discussões centradas muito mais em quem os personagens descobrem ser a partir da gravidez da protagonista do que no mistério sobre quem é o pai (e não se preocupe: existe resposta para o grande dilema). O Bebê de Bridget Jones faz o espectador sair da sala de cinema com um sorriso no rosto. E já que a vida anda tão difícil, isso não é ótimo?

2 comentários em “O Bebê de Bridget Jones

  1. Infelizmente, ainda não conferi, mas, que legal ver o retorno de Renée Zellweger ao cinema! Ela fez falta. Marcou a década passada, com sua participação em filmes excelentes!

    • Kamila, é bom ver que a Renée não perdeu a graça e o timing cômico que tanto viraram pura caricatura nas últimas bombas que ela fez… Tomara que “O Bebê de Bridget Jones” marque um recomeço para ela!

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