BOLSONARO JOGA POLÍCIA CONTRA A IMPRENSA

Em 2015 e, principalmente, em 2016, quando a mídia veiculava todo tipo de informações, “reportagens investigativas”, “furos” e transmissões hollywoodianas, ao vivo, mostrando as operações contra o PT e seus membros, Bolsonaro e seus seguidores tinham verdadeiros orgasmos com o “sagrado trabalho da imprensa”. Em 2018 quando, às vésperas da eleição presidencial, a Rede Globo levou ao ar a delação (hoje comprovadamente falsa) de Palocci contra Lula, criminosamente vazada por Sérgio Moro para beneficiar Bolsonaro no pleito, Bolsonaro adorava o trabalho da imprensa. Agora essa mesma imprensa vem sendo atacada, de todos os modos, por Bolsonaro. Parece que os episódios do “curralzinho dos fascistas” ficaram para trás. No famoso “curralzinho”, Bolsonaro ofendia jornalistas, dava “bananas” para os profissionais de imprensa, fazia ameaças de agressão e ridicularizava jornalistas, sendo aplaudido pelos pascácios de plantão.

Agora, com o noticiário da imprensa sobre os escândalos de sua família, Bolsonaro está ainda mais transtornado. A divulgação do escândalo envolvendo Flávio Bolsonaro já o deixava ainda mais alucinado do que o normal. E, depois do escândalo da ABIN, que teria auxiliado a defesa de Flávio Bolsonaro segundo reportagem da revista Época, Bolsonaro agora apela para mais uma de suas covardias: ele resolveu fomentar uma discórdia entre a polícia e a imprensa. E, claro, isso pode trazer seríssimas consequências.

Hoje, na formatura de policiais no Rio de Janeiro, Bolsonaro tratou de criar um clima de hostilidade da polícia em relação à imprensa. Disse Bolsonaro aos policiais na solenidade:

“Simule as operações que podem aparecer pela frente. Porque em uma fração de segundo estará em risco a sua vida, a de um cidadão de bem ou a de um canalha defendido pela imprensa brasileira. Não se esqueçam disso. Essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês”.

E por que a imprensa estaria contra os policiais? De onde Bolsonaro tirou mais essa loucura? Claro que ele não falou no vazio. O quartel em que estava não é o “curralzinho” dos pascácios. A coisa é muito séria, pois fomenta uma animosidade sem qualquer propósito e, de certa forma, não deixa de ser mais uma intimidação à imprensa. Intimidar e hostilizar a imprensa, ameaçar jornalistas e censurar conteúdos (como uma reportagem censurada que exibe documentos que incriminam Flávio Bolsonaro) são as maneiras de um governo fascista tratar a imprensa. Claro que Bolsonaro mandou o recado para policiais de todo país, e não apenas do Rio de Janeiro. Ao jogar a polícia contra a imprensa, Bolsonaro avança em seu propósito de candidato a tirano. Esperamos que nada cale a imprensa. E que a polícia saiba de sua função institucional e constitucional, coisa que o Presidente desconhece em relação ao cargo que ocupa.

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