Despedida

Toda segunda-feira. No início às cinco da tarde, depois passamos para às onze horas da manhã, pois seus compromissos mudaram e minha agenda precisou acompanhá-la. O mais importante era que fosse sempre às segundas-feiras, seu dia livre. No começo ela vinha de uniforme, direto da escola, mas depois passou a usar aquelas calças rasgadas no joelho, que estavam na moda. Éramos ambas meninas quando nos conhecemos, apesar da idade que nos separava. Ela nunca soube que eu dividia alguns de seus maiores medos e, muito menos, que achava outros engraçados, lembrando que eu também já os sentira um dia. “Isso passa, fique tranquila”, tive vontade de dizer-lhe inúmeras vezes, mas sempre me contive, já que eu estava ali para acompanhá-la em sua jornada, e não para lhe guiar por passos que talvez não fossem seus. Rimos muito juntas, pois nem sempre conseguia manter a seriedade diante dela. Aprendi coisas novas e me atualizei, notando como o tempo passa e que eu já não entendo mais todas as gírias que os jovens usam. Hoje, depois de dois anos e meio, viemos para nosso último encontro, passamos uma hora conversando sobre os mais diversos temas da vida, de sua vida. Não teve clima de despedida, já que nós não gostaríamos que terminasse. Mas, quando os ponteiros terminaram de dar a volta no relógio, levantamos de nossas confortáveis poltronas e seguimos para o corredor, em silêncio. Na porta, eu lhe agradeci pela oportunidade e pelo prazer que foi acompanhá-la por todo esse tempo. Ela, em resposta, me abraçou e disse que era ela quem precisava me agradecer, afinal crescera tanto com nossos encontros e conversas. Ah! Se ela soubesse o quanto eu também cresci desde aqueles primeiros dias, meus primeiros como Psicóloga.

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