Já o é porque assim deve ser o que for

Já o é porque assim deve ser o que for

Embeleza-me o olhar despido
A vaidade de um estio mal parido
Entre flores murchas de sede
Uma fome de beijos, gretados lábios

Ardem-me as pálpebras, noite longa
Na injustiça que buscam os homens
Igualdade apregoada aos que mijam de pé
Contra luz de dias cinzentos, arco-íris saltitante

Há no erro da procura hipotética da razão
Uma volúpia consagrada no tesão da descoberta
Ideias fecundas no sémen abandonado ao sol
Como se tudo se resumisse a este nada que chamam vida…

E já o é, porque assim deve ser o que for
Sem grandes mudanças na herança que fica
Deixo gasto, o que a mim já me deixaram…

Alberto Cuddel

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑