O incrível “exército” do capitão Brancaleone

Segundo muitos historiadores, o Século XIV foi marcado, na Europa, pelo trinômio peste, guerra e fome, indicando o começo da decadência do feudalismo.

O incrível exército de Brancaleone, filme de Mário Monicelli, de 1966, discute, de forma satírica, essa decadência das relações sociais dentro do feudalismo. Trata-se de um exército pequeno e esfarrapado, comandado por um capitão ingênuo e lunático. O capitão Brancaleone reivindica para si uma alegada herança a um feudo. Para isso, Brancaleone recorre ao apoio de um pequeno grupo de soldados mal preparados, a quem o capitão chama, sério, de “meu exército”.

A falta de coragem de Brancaleone e seu “temido exército” causam situações humorísticas, enquanto o grupo de aventureiros mal preparados busca realizar seus objetivos: combater a peste negra, a fome, os sarracenos, os bizantinos e os bárbaros.

Embora eu não veja nenhuma graça na situação político-institucional do Brasil sob o comando do capitão lunático, enxergo semelhanças entre as situações. Ora, tem algo mais ridículo, em pleno Século XXI, que um grupo de uniformizados em trajes militares que sai desfilando no asfalto com veículos blindados e tanques para entregar um convite ao tal capitão?

Talvez o tal capitão esteja tentando amedrontar seus inimigos quando, ele mesmo, está morrendo de medo sobre o que o futuro lhe reserva. Isto não deixa de ser hilário, digno de Brancaleone e seus assustados soldados.

Bom, as semelhanças se encerram no ridículo de cada uma das situações, pois enquanto o ingênuo e idealista capitão Brancaleone e seu exército do Século XIV buscavam lutar contra a peste, a fome e a barbárie, o lunático capitão e “seu exército” lutam, em pleno Século XXI, ao lado desses mesmos inimigos.

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