Luto pelo luto e não luto pelo luto, mas pela amizade

Portugal está de luto, declarou o governo da República portuguesa implantada vai fazer 112 anos no próximo dia 5 de outubro que Passos/Montenegro/Portas aboliram como feriado nacional. Costa justamente repô-lo.

A Rainha do Reino Unido foi tão só a mulher que teve o privilégio de ter nascido naquela família e seria sempre rainha até ao fim da vida, mesmo se estalassem escândalos maiores que os do filho Carlos a propósito de Camilla Parker, o que agora é, apenas por ser filho da rainha, Carlos III.

A família real inglesa com os seus muitos milhões de libras não paga impostos e tem a sua riqueza protegida por sigilo.

O interessante é que muitos dos nossos liberais e direitolas altamente preocupados com as gorduras do Estado não se preocupam com estas magruras.

Voltando ao luto, não é conhecida qualquer passo, iniciativa ou contributo a favor de Portugal por parte de Sua Majestade falecida e apesar disso o governo da República decretou três, três, 3 dias de luto.

 O Reino Unido é o nosso mais velho aliado, salvo quando fez de Portugal um protetorado na altura em que D. João VI fugiu para o Brasil.

Ficou célebre a iniciativa do general Beresford (o sátrapa que mandava em Portugal durante as invasões francesas) de mandar executar o grande patriota, o general Gomes Freire de Andrade, a quem foi cortada a cabeça e o corpo queimado espalhado, por ser liberal no tempo do absolutismo.

Ficou célebre o Ultimatum inglês a propósito do Mapa cor de Rosa em 1890 na África Austral que foi de tal forma violenta que os sargentos do Porto se ergueram em 31 de janeiro de 1891 contra a traição da Côrte e pela República.

O tratado de Methuen é outro exemplo da vocação do nosso aliado para impor fardos insuportáveis.

Morreu a rainha do Reino Unido e o seu filho Carlos virou rei, como é do conhecimento público. O soberano inglês vai ter de despedir cem funcionários da sua Casa Real. Cem. E vai continuar a exigir que os seus criados andem atrás ou à frente de si a retirar tudo o que o possa estorvar como uma esferográfica BIC ou uma toalha desconhecida; deve ser por seguir os preceitos homeopáticos de que é entusiasta, pois para ele o Iluminismo deu cabo disto tudo, pois deu, pelos vistos no Reino Unido ainda não.

A Inglaterra está perdoada; no último século em Liverpool foi criada a banda musical The Beatles.

Se os ingleses e escoceses e galeses e irlandeses gostam da monarquia pois que fiquem bem com a casa real e todas as princesas, príncipes, duquesas e duques. Há 112 anos resolvemos o assunto.

Estamos de luto pelo luto de um país que adora o penacho e nós o dos outros.  Resta ressalvar que apesar dos britânicos terem aquele desvelo pela monarquia a prisão de manifestantes que defendiam a República envergonha o Reino.

Que fique a amizade entre o povo português e os povos do Reino Unido.

Um pensamento sobre “Luto pelo luto e não luto pelo luto, mas pela amizade

  1. Luciano Caetano da Rosa

    Bom artigo. A velha aliança luso-inglesa sempre serviu e serve melhor aos interesses do mais poderoso que só é verdadeiramente aliado quando lhe interessa. Várias vezes humilharam Portugal durante os séculos de aliança. Têm uma panela de aço perante a panela de barro cozido portuguesa. A assimetria prolonga-se em complexos de inferioridade, em subserviência, em admiração exagerada e até bacoca. Esta dos três dias de luto, por exemplo, é manifesto exagero. Enfim, assim vamos andando ou desandando…

    Gostar

Deixe um comentário