Vim agora de Inglaterra, onde me exilei alguns dias por motivos políticos relacionados com as compras de Natal. Confesso-vos que, não só não logrei persuadir os nossos aliados a abandonarem o mau hábito de ingerirem carne ou de consumirem álcool ao fim da tarde, como até dei por mim com muita culpa a saborear uns ribs enquanto meditava nas virtudes da frugalidade cristã — ao menos era entrecosto. A dona Jonet esteve sempre no meu espírito entre a algazarra de pequenos bárbaros que espostejavam peluches na Hamley’s, e só a sua grata lembrança evitou que eu comesse com os olhos as jovens loiras da French Connection; pois se os bifes nos estão interditos, das bifas nem se fala.
É certo que os pobrezinhos ingleses me pareceram mais gordinhos, mais rosados do que os nossos, e gostei de vê-los trajando de Pai Natal à porta dos grandes armazéns, exibindo a sua fé inabalável na caridade, que é fruto do amor, e um saudável desprezo pelo estado social, que é fruto do comunismo. Enquanto tivermos connosco os tontos, os bêbados e os andrajosos haverá sempre esperança para a doce utopia liberal. Mas não é fácil ser missionário tão longe da pátria.
Luis M. Jorge
De dentro do nosso aquário tendemos a ver as pessoas como objectos reflectores do nosso estado de espírito. Ou só do nosso estado, se quiseres. Que é um grão de areia na incomensurável interioridade de cada um. Mesmo Inglês, rosadinho, vestido de pai Natal. Não será a caridade é o salto dessa teia?
Um feliz Natal para ti, Luís.
Um salto? Nunca, João. É mais uma sopita. E feliz Natal, always.
Sortudo, Luís M. Jorge, ou não…faz por ela através do trabalho. Ainda bem.
Que saudades de Londres, apesar de lá ter uma filha e um neto, vai para um ano ainda não foi esta que lá voltei…. que o dinheiro não abunda.
Realmente os tontos, os bêbados eos andrajosos são os únicos que nos levarão à utopia liberal…consta que os ingleses e os escoceses são bêbados. Ainda bem.
Cumprimentos e um Bom Natal
“faz por ela através do trabalho”
Não faço nada, passo o dia de pés em cima da mesa a criar merdas que nunca são aprovadas. O esforço está muito sobrevalorizado. Bom Natal, António.
E à cirrose (hepática), António.
Aproveito para lhe desejar um Feliz Natal.
Londres faz bem a basta gente. A começar por muitos lusitanos. É o seu caso e o meu. Feliz Natal.
Merry Christmas.
Até o Marx se aboletou aí,partilhando as mais-valias do industrial Engels,prevendo a iminente revolução proletária no país em que as forças produtivas estavam mais avançadas.O pais natais que viu são a vanguarda obreira conspirando,você não foi cooptado…
São os bons valores patroteiros que me salvam: a modéstia, a poupança e tal.
A crise dos bifes é deixarem de comer wagyu e contentarem-se com vazia. Eu cá, como muitos tugas, fico-me pelas águas de bacalhau.
Bom Natal!
Tudo muda, ou não. Que sera, sera. Bom Natal.
“e só a sua grata lembrança evitou que eu comesse com os olhos as jovens loiras”.
Afinal as declarações da Jonet tiveram um aspecto positivo até agora não tinha encontrado nenhum.
Qto as compras no estrangeiro prefiro que as faça em Portugal (já sei que não vai concordar, mas fazê-lo em Portugal não ajuda o governo ajuda mesmo os portugueses)
Ui, ui, vou buscar o rosário.
Se pela 3ª vez associar o meu nome a Braga e, por isso, a igreja/religião/whatever.
Estarás feito.
A educação leva-nos a igreja/religião e depois o inexorável caminho da inteligência …
Os numeros do ultimo censo revelam que apenas 45% dos Londrinos se descrevem como Britânicos e Brancos .Portanto , lamentando desiludi-lo , esclareço que as jovens louras que tão admirou na French Connection seriam muito provavelmente polacas , (ou por aí) .
Sempre tive boa impressão das polacas.