Mas quantos são afinal?
Ninguém sabe!
Começam por dois ou três amigos que se juntam para dar umas voltas de bicicleta. Sacodem o pó ao charuto que tem encostado lá garagem e marcam o encontro para o domingo de manha, um ponto de encontro perto da casa de um deles e assim começam as voltas.
Não tarda deixarão de ser três. Contagiam um vizinho, um colega de trabalho, um familiar, um amigo de um amigo que na falta de serem proprietários de uma coisa (leia-se bicicleta) que dê para fazerem parte daquela alegria domingueira, correm para a primeira loja em busca de uma coisa barata.
As voltas começas a aumentar os quilómetros, de conhecidos passam a amigos e cada vez aparecem mais para pedalar a partir daquele sitio.
As bicicletas também se transformam e os primeiros “charutos” que satisfaziam as necessidades dos primeiros desafios encostam e dão lugar ao alumínio, ao carbono, aos pedais de encaixe e entra no léxico daquelas gentes uma linguagem mais técnica cheia de milímetros, gramas, cleats, andamentos, srams, shimanos e muitos outros. A Lycra passa a ser a sua segunda pele.
Poucos desaparecem tão depressa quanto aparecem, a maioria cria logotipos, nome e apesar de se manterem sempre “informais” são extremamente organizados, outros há, que deixam a clandestinidade da informalidade, tornam-se mais sérios, organizam-se sob a forma de associação, clube, ou outra coisa semelhante, arranjam uns patrocínios e a competição passa a ser a norma.
Nunca, instituição alguma fará tanto pelo ciclismo como estes grupos de amigos, “Os Domingueiros”. Estes são os verdadeiros promotores do ciclismo, estes “Inglourious Basterds” a quem ninguém reconhece gratidão.