Review: “A Grande Jogada” de Aaron Sorkin

Inspirado na história real narrada pela própria protagonista Molly Bloom em seu livro de mesmo nome, “A Grande Jogada” conta a trajetória de uma jovem que administra jogos de pôquer com ricaços em Los Angeles e Nova York. Quando o FBI descobre que membros da máfia russa participam de suas jogatinas, tentam enquadrá-la em crime de jogatina (o que é falso, pois jogo de azar não é crime nos EUA) para forçá-la a entregar o nome de seus clientes e qualquer outra informação.

A história do filme, percebe-se, é simples. E não tem grandes reviravoltas. Navegando entre tempo presente (a investigação criminal) e flashback narrado de como Molly criou seu grupo de pôquer, a narrativa tem bom ritmo mais pela curiosidade de como a protagonista criou seu empreendimento do que pela forma como ela irá se livrar das acusações. Particularmente, não achei nada interessante seus debates legais com o advogado, apesar dos atores se esforçarem muito em torná-los intrigantes. Já a história que envolve os personagens no pôquer é boa e rende alguns momentos inusitados, apesar deles terem pouca repercussão na trama da investigação em si. Afinal, ela só se mete com o FBI por causa da máfia russa e eles aparecem no total de apenas uma única cena.

Ao menos o roteiro (escrito pelo diretor Aaron Sorkin, que ganhou o Oscar pelo texto de “A Rede Social”) tem diálogos ágeis e inteligentes. Novamente, quando envolve toda a questão legal, escorrega um pouco na redundância. Quando envolve os jogadores de pôquer ou Molly discutindo questões pessoais com seu advogado ou membros da família, cresce bastante. O filme termina com uma emocionante conversa entre ela e seu pai, que serve para amarrar o fio emocional da protagonista. Existe algo de notoriamente crítico em uma pessoa que monta uma mesa de pôquer para milionários ficarem gastando centenas de milhares de dólares como se fosse troco do ônibus. Mas o roteiro sabe montar Molly como uma mulher muito interessante, inteligente e com incrível determinação.

Molly é interpretada por Jessica Chastain (“A Hora Mais Escura”, “Interestelar”), extremamente competente em interpretar mulheres interessantes, inteligente e incrivelmente determinadas. Cai como uma luva para ela, que consegue aumentar o papel pela facilidade com o qual lê o complicado texto de Sorkin. Não é apenas uma questão de saber ler sua metralhadora de letras, mas de inferir as delicadas sutilezas que ele expressa em algumas palavras muito específicas. Ao seu lado temos Idris Elba, Kevin Costner, Michael Cera e Chris O’Dowd.

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