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Vacina previne infecção por HPV
Muito se fala sobre a importância de as mulheres realizarem periodicamente o exame preventivo conhecido como Papanicolaou. Porém, uma série de dúvidas surge quando o assunto é o HPV ou Papilomavírus Humano.
Medo e preconceito parecem andar lado a lado com a doença. Mas o que assusta mesmo é a falta de informações claras sobre esse vírus, que atinge tanto mulheres quanto homens no mundo todo.
Para explicar as possíveis causas, tipos, sintomas, tratamentos, métodos de prevenção, enfim, para desvendar os mistérios acerca do Papilomavírus Humano, o ginecologista Mauro Romero Leal Passos lançou o livro “HPV que bicho é esse”, que já está em sua 6ª edição.
A leitura é altamente recomendada para todas as mulheres e homens que desejam manter uma vida sexual ativa de forma mais tranquila e segura. O livro, além de conter explicações bem didáticas sobre o que a medicina já sabe sobre o vírus, conta histórias baseadas em fatos reais de pessoas que, de alguma maneira, tiveram o contato com o HPV. A lição que Dr. Mauro nos passa, através desta obra, é a de que a informação e a orientação de um médico de confiança são as maiores aliadas, seja em relação à prevenção ou ao tratamento da doença. Abaixo seguem alguns tópicos apresentados no livro.
O que você precisa saber sobre o HPV
O HPV ou Papilomavírus Humano é um vírus que está subdividido em mais de 100 tipos diferentes. Essas subdivisões são representadas por números. Assim temos, por exemplo, o HPV dos tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, e assim por diante.
Sabe-se que o HPV dos tipos 6 e 11 são mais propensos a causar as verrugas genitais (condiloma acuminado). Trata-se de uma doença benigna, popularmente conhecida como “Crista de Galo”. O tratamento visa à remoção das lesões e é feito localmente, podendo ser cáustico, imunoterápico local, extirpação ou por cauterização. “Na verdade, as lesões de condiloma acuminado têm alta recidiva. É o comportamento da doença. Todavia, atacando-se as lesões consegue-se eliminá-las. Mesmo que isso demore algum tempo” explica Dr. Mauro.
Já os tipos 16 e 18 estão mais associados às lesões neoplásicas, que podem ou não evoluir para câncer, principalmente anogenitais. Porém, mesmo que se instale uma lesão pré-maligna (tipo neoplasia intraepitelial) a possibilidade de regressão é de 50%. Infelizmente, não há como prever se haverá a cura espontânea ou se a lesão evoluirá para um câncer. Vale ressaltar que há um risco maior de ocorrerem casos mais severos em pacientes fumantes, portadoras de outras infecções no colo do útero (como herpes e clamídia) e portadoras de HIV ou outras doenças imunossupressoras. Predisposições genéticas para malignidade também podem acelerar o processo de evolução da doença.
No livro, Dr. Mauro explica que o HPV pode seguir três cursos:
1. Apresentar-se como uma infecção transitória em 50% dos casos, com completa eliminação do vírus, caso o organismo seja imunologicamente competente para combatê-lo.
2. Determinar o aparecimento de lesões que, por sua vez, podem regredir espontaneamente em 30% a 50% dos casos.
3. Evoluir para lesões que, mesmo após tratamento, não conduzem à eliminação viral, estabelecendo infecções persistentes consideradas de alto risco para desenvolvimento de câncer.
Prevenção do HPV
O uso de preservativos previne muitas infecções bacterianas e virais. No caso do HPV, se o preservativo for usado de maneira 100% consistente, pode evitar em 70% a contaminação. Mas, se o HPV estiver presente em uma pele exposta, a transmissão pode ocorrer.
Já existem duas vacinas consideradas eficazes na prevenção de determinados tipos de HPV:
– Vacina bivalente: previne contra o HPV tipos 16 e 18, causadores de neoplasias intraepiteliais e câncer de colo uterino, não atua na prevenção das verrugas (condiloma acuminado). No Brasil esta vacina está aprovada, desde 2008, para uso em meninas e mulheres de 10 a 25 anos.
– Vacina quadrivalente: previne contra o HPV tipos 6, 11, 16 e 18, relacionados a 70% dos casos de câncer de colo uterino, vulva, vagina e ânus e a 90% dos casos de verrugas genitais (a manifestação mais frequente causada por HPV). Está liberada no Brasil desde 2006, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos. Nos Estados Unidos, esta vacina está aprovada para homens de 9 a 26 anos de idade. Já na Europa, a vacina quadrivalente foi aprovada para mulheres de até 45 anos de idade. “Espera-se que o uso no Brasil também seja ampliado. Depende apenas de liberação da Anvisa, pois vários estudos já confirmaram a eficácia e segurança das vacinas contra HPV” avalia o médico.
Para o Dr. Mauro Passos, é equivocado tentar individualizar a indicação da vacina, ou seja, não daria para dizer que ela é indicada para uma pessoa e para outra não. “Não temos que pensar em grupos de risco. A vacina, para efetivamente proteger a população, deveria ser administrada em todas as pessoas” diz. No entanto, como ainda não há essa possibilidade, é preferível que a vacina seja tomada antes do início das relações sexuais, quando ainda não houve o contato com o vírus.
Devido ao seu uso relativamente recente, ainda não há como confirmar quantas doses da vacina são necessárias para garantir a prevenção para a vida toda. Por enquanto, sabe-se que as primeiras mulheres que receberam a vacina, há cerca de 10 anos, continuam imunizadas. Ou seja, as vacinas contra HPV estão dando proteção por muitos anos.
Exames que auxiliam no diagnóstico do HPV:
Inspeção clínica visual: usada no diagnóstico de verrugas (condiloma acuminado).
Papanicolaou (preventivo): usado para identificar lesões cervicais relacionadas ao HPV.
Colposcopia: exame ginecológico que utiliza um instrumento chamado colposcópio. Ele aumenta a imagem da genitália facilitando a identificação de possíveis lesões, com auxílio de soluções (como ácido acético e lugol).
Exames histopatológicos (biópsia).
Pesquisa de DNA viral.
Dicas sobre o HPV:
• Estar com HPV não significa que a pessoa vá ter câncer;
• Como o período de incubação do HPV é variável, não se pode ter a certeza de quando houve o contágio. Portanto, não é indicado acusar alguém de ter lhe transmitido o vírus;
• Não se apavore com um exame que indique ou sugira HPV. Mas também não negligencie ou subestime a doença, achando que ela irá desaparecer sozinha. Procure um médico de confiança e siga suas recomendações. Se houver dúvidas quanto ao diagnóstico ou ao tratamento, consulte outro especialista.
Serviço:
O livro “HPV que bicho é esse”, de autoria do Dr. Mauro Passos pode ser adquirido na loja virtual da Editora da UFF: www.editora.uff.br