Crime da Samarco – 1 Ano de Impunidade

Publicado no Libera #169

Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB), junto a outros movimentos sociais e entidades organizaram um encontro em Mariana, Minas Gerais, como protesto por um ano de impunidade do crime socioambiental cometido pela mineradora Samarco, na bacia do Rio Doce. A atividade ocorreu entre os dias 31 de outubro a 5 de novembro e contou com uma programação de três grandes momentos: marcha de Regência (ES) a Mariana (31/10 a 02/11); encontro em Mariana (03 e 04/11) e ato em Bento Rodrigues (05/11). O encontro ocorreu na Arena Municipal, que foi o ginásio onde foram alojadas as vítimas logo após a tragédia. A ação foi muito importante por levar solidariedade aos atingidos e atingidas e marcar o posicionamento de que não esqueceremos o que aconteceu.

No dia 5 de novembro de 2015 a barragem de Fundão se rompeu trazendo rejeitos da mineração (ferro, sílico e metais pesados) da empresa Samarco, destruindo comunidades inteiras ao longo da bacia do Rio Doce, em especial, o distrito de Bento Rodrigues em Mariana, MG. Foi o maior crime socioambiental do Brasil. Morreram 19 pessoas, entre funcionários da Samarco e moradores de Bento Rodrigues. O crime ainda está impune pois a empresa pouco fez para reparar os danos sofridos pelos familiares das vítimas e pelos atingidos e atingidas. Como também não reparou o dano ambiental e tampouco pagará o valor mínimo que o governo definiu como indenização.

Ocorreram danos ambientais incalculáveis, pois a enxurrada de lama comprometeu a qualidade da água desde o local do rompimento até a foz do Rio Doce, impactando no abastecimento de água em no mínimo 11 municípios. Causou a mortandade da fauna aquática e impactos severos nas comunidades que viviam da pesca, indígenas e camponeses. A lama que chegou ao mar é menos da metade do que ainda está por vir, e a empresa não se moveu para fazer nada. Ao contrário, quer construir um dique (S4), que inundará o distrito de Bento Rodrigues e apagará as memórias e o registro do crime. É um absurdo, pois a Samarco sabia da presença de rachaduras nos diques da barragem. Por total negligência e ausência de fiscalização do Estado a empresa, ávida por lucros, aumentou a produção o que gerou ainda mais resíduos do que em anos anteriores.

Foi uma tragédia anunciada, por isso se defende que foi um crime. A relação de interesses entre o governo e as mineradoras, que não por acaso financiaram as campanhas eleitorais de PT, PSDB e outros partidos, resultou em um acordo que protege a Samarco e viola os direitos humanos, uma vez que não contou com a participação das populações atingidas, que agora buscam sobreviver em seus territórios. Acusamos como responsáveis pelo crime a empresa Samarco, capital da mineradora Vale (transnacional brasileira) e a mineradora BHP Billiton (transnacional anglo-australiana) e o Estado brasileiro e seus órgãos federais, estaduais (MG e ES) e municipais envolvidos pela total negligência e falta de fiscalização.

Aos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!
Águas para a vida e não para a Morte!