Pau-mandado de José Serra formaliza apoio a Eduardo Campos

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Direita raivosa. Bob Freire: “Estamos em casa.” Foto de Sérgio Lima/Folhapress.

Aliança do PSB com PPS de Roberto Freire não desperta críticas de Marina Silva. Evento em Brasília lança bases de plano de governo com ataques a Dilma e acusação de que Brasil retrocedeu.

Hylda Cavalcanti, RBA

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançou na terça-feira, dia 4, em Brasília as “diretrizes” do plano de governo que pretende utilizar na disputa pelo Palácio do Planalto, em outubro, pelo PSB. O ato oficializou também a adesão do deputado Roberto Freire (SP) à chapa, encerrando uma aliança mantida desde 2006 entre PPS e PSDB, em uma parceria que não despertou críticas da recém-filiada Marina Silva.

Campos, pré-candidato à Presidência, fez uma retrospectiva do apoio dado ao governo de 2003 até setembro do ano passado, dizendo que a legenda não se arrepende das lutas travadas e dos caminhos tomados anteriormente. Mas não economizou críticas sobre a condução do país, afirmou ser contrário “ao estado de letargia existente hoje” e que “o Brasil parou e saiu dos trilhos do desenvolvimento”.

Embora o discurso tenha se iniciado num tom de que os avanços obtidos até aqui foram importantes, mas é preciso fazer mais – chavão que tem sido utilizado pelo partido em seus vídeos pré-eleitorais –, essa ideia não conseguiu se sustentar até o final da fala de Campos, que colocou, entre outras coisas, que “não viabilizar políticas sociais com crescimento da economia é o mesmo que enxugar gelo”.

“Temos visto concentração de renda crescendo, analfabetismo crescendo, a indústria caindo e o país perdendo competitividade. É hora de fazermos a virada de valores que o país tanto deseja”, acentuou. O evento, que contou com a presença de cerca de mil pessoas, no auditório Nereu Ramos, localizado na Câmara dos Deputados, foi prestigiado por parlamentares e políticos dos mais diversos partidos.

Campos lembrou suas origens e a vida política da família, que teve como chefe o ex-governador pernambucano Miguel Arraes. Ele disse que, ao romper com o governo, no ano passado, tomou uma decisão dura, mas que entendia ser um imperativo de consciência. “Nos posicionamos no sentido de tocar o país, fazer com que o Brasil não saia dos trilhos”, colocou.

“Seja de um assentamento rural, periferia no Sudeste, ou em qualquer cidade na Amazônia Legal que vamos, temos a clara percepção que as pessoas estão vendo que o país parou, saiu dos trilhos que vinha, que com idas e vindas estava avançando. Isso não quer dizer que faremos ataque à política. Como filho de uma família de militantes e perseguidos políticos, conheço bem o fel da democracia e não podemos botar cabresto na democracia. Carregamos na consciência o dever de lutar e lutar sempre”, afirmou Campos.

Encontro de forças

Freire se sentiu à vontade com a aproximação. Rompido com o PT ainda durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PPS promoveu uma trajetória de aproximação do bloco PSDB-DEM, e agora, sem candidatura tucana paulista ao Planalto pela primeira vez na história, projeta uma nova mudança.

“Estamos em casa”, frisou Freire, ao destacar que a aliança consiste num encontro de forças políticas que estiveram juntas em 2002, imaginando um Brasil diferente, um país de mudanças. “Sabemos que houve mudanças, mas muitas começaram a se afastar do projeto. Este é o reencontro de uma trajetória mais do que histórica que remonta a personagens importantes como Francisco Julião, Miguel Arraes e Gregório Bezerra.”

De acordo com o deputado pernambucano eleito por São Paulo, “se não estávamos juntos muito recentemente, não é porque não nos faltasse história juntos nem sonho de futuro”. “O PPS, ao analisar um programa político que acalente transformações para o Brasil numa sociedade mais justa, vislumbrou uma retomada histórica, uma esquerda democrática. Vamos encontrar com o nosso futuro de igualdade, justiça e liberdade.”

Desta vez, Marina, abrigada no PSB desde outubro passado, não apresentou oposição à entrada do PPS, antigo aliado do PSDB em São Paulo, onde a ex-ministra tem trabalhado para que se vete uma coligação com o tucano Geraldo Alckmin.

Marina não esteve em papel central no evento em Brasília, adotando postura diferente da mantida em outros encontros. Em sua fala, mais curta, bateu em tecla conhecida: o programa de governo do PSB será fruto do envolvimento da sociedade nos vários setores para um Brasil mais justo. “Estamos reafirmando aqui o que dissemos quando foi firmada a aliança entre PSB e Rede, em outubro passado. Nossa aliança não está baseada nas estruturas, no tempo de tevê durante a campanha eleitoral, no marketing nem na maior quantidade de pessoas apoiando a legenda nos estados”, assegurou.

Conforme enfatizou a ex-ministra, “é preciso ampliar as conquistas, mas sem ter a atitude de complacência a erros cometidos repetidamente”. “Reconhecemos que tivemos avanços que precisam ser mantidos, mas ao mesmo tempo aprofundados. Não adianta dizer que somos modelo de desenvolvimento capaz de promover justiça social. Também é preciso preservar a base social. Não adianta buscarmos melhores condições agrícolas e adotar políticas predatórias”, salientou.

Cinco eixos

O programa de governo, que foi elaborado com a ajuda de internautas a partir de uma plataforma digital, apresenta como pontos principais cinco eixos: reforma do Estado, reforma urbana, meio ambiente e recursos naturais, saúde e educação e cultura. No tocante à reforma do Estado destaca a necessidade de desburocratização e da substituição de nomeações políticas pela de especialistas, que levem em conta a meritocracia.

Em entrevista coletiva após o evento, os dirigentes do PSB não quiseram explicar por que nos governos estaduais comandados pela legenda tem sido observada a prática inversa, com grande números de cargos ocupados por pessoas indicadas pelas mais variadas alianças firmadas.

No quesito Educação e Cultura, o governador teve parâmetros para argumentar e discorreu – durante um bom tempo da apresentação – sobre a experiência que tem adotado em Pernambuco, com a instituição das escolas em regime de tempo integral. Segundo ele, o número de crianças na escola em período integral naquele estado é semelhante ao observado na Região Sudeste. Ele também falou dos programas de capacitação e formação dos professores e emocionou muitos dos presentes quando disse que, quando creches e escolas têm pessoas preparadas e apaixonadas com a educação dos estudantes, a transformação acontece.

Em relação às políticas sociais, o programa socialista ressalta a importância de os trabalhos serem feitos a partir de uma visão intersetorial e numa gestão que mantenha o serviço bem prestado, mas não como ação de governo propriamente e, sim, como política pública do Estado. Já quanto ao urbanismo, o trabalho aborda a necessidade de haver integração e debate nos projetos para o setor, passando por melhoria de serviços de transporte a segurança pública.

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3 Respostas to “Pau-mandado de José Serra formaliza apoio a Eduardo Campos”

  1. Giordano Says:

    Que Nosso Senhor Jesus Cristo e as pessoas de caráter livrem o Brasil dessa corja.

  2. José Lopes Says:

    Se o Brasil está fora dois trilhos quais as propostas para colocá-lo nos trilhos? Alguns economistas chegaram a propor até o desemprego para alavancar a economia. Faltou combinar com os trabalhadores. Na verdade a caravana continua passando e os cães invejosos continuarão latindo. Quanto mais eles ladram eu mais acredito que estamos no caminho certo. Um pouco de “Peçonha Virtual” para eles. Vou colocar uma parte do artigo: “Estou de saco cheio de ver o país dar um passo adiante e dez para trás, por que o progresso democrático contraria os interesses de meia dúzia de poderosos, cuja ganância é maior que o tempo que eles terão de vida para aproveitar o produto de sua perversidade.
    Estou de saco cheio de ver o único Governo em muitos anos que nos livrou do FMI, voltou a financiar moradias, criou milhares de empregos, como nenhum um outro governo, criou um programa de segurança alimentar para atender os famintos, assumiu a liderança da América Latina e impôs respeito no mundo todo, ser execrado diariamente nos jornais, como se tivesse inventado a corrupção, a violência e todos os problemas que o país arrasta há quinhentos anos.
    Estou de saco cheio de saber que isso é preconceito, sim. É ódio de classe, sim. É desejo de manter privilégios inaceitáveis, sim. Pois quando o sociólogo da Sorbone quebrou o país três vezes, liquidou o patrimônio do país a preço de banana, sucateou o parque industrial do país com uma política monetária absurda, multiplicou a dívida externa e comprou votos pela bagatela de duzentos mil para se reeleger, nunca mereceu da mídia o linchamento diário que vêm recebendo o Governo Lula, Dilma e o PT.” . Estamos conversados.

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