Dominante só no Mundial – Temporada rubro-negra está sendo marcada por grandes oscilações nos jogos

A expectativa por parte dos torcedores e da imprensa especializada era muito grande sobre o impacto que o elenco mais internacional do basquete do Flamengo poderia ter ao longo da temporada. O objetivo maior traçado pela diretoria rubro-negra era a conquista do bicampeonato mundial e ele foi alcançado. Mas se olharmos com frieza para o panorama das outras competições de peso que o clube participou ou ainda está participando como o NBB, o torcedor mais fiel que acompanha a modalidade de perto pode contar nos dedos quantas foram as partidas que o time foi realmente dominante contra times com bom nível técnico.

O Garrafão Rubro-Negro apresenta já uma análise crítica sobre o atual elenco rubro-negro – os pontos que deram certos e o que a expectativa criada ficaram muito longe do esperada e que ainda podem ter uma resposta diferente com a conclusão do NBB.

A previsibilidade maior no jogo nos 3 pontos e a falta de oportunidades de quebrar mais a linha defensiva dos adversários

Basquete moderno seja no NBB, NBA, Euroliga, entre outras ligas, podemos constatar o apelo muito grande no sistema de jogo pelo volume dos três pontos e a busca incansável de espaçamento de quadra buscando sempre esse tipo de arremesso. O Flamengo já tinha características nesse sistema de jogo anteriormente com o técnico José Neto e que se acentuou ainda mais com a chegada do treinador Gustavo De Conti.

Ter esse tipo de volume de três não tem como ser condenável quando você tem regularidade e aproveitamento nos jogos de maior peso e que te permitam ter um equilíbrio tático em quadra para não desgastar o time na recomposição defensiva. E isso é um dos pontos que a equipe do treinador mais oscilou e vem oscilando nessa temporada.

Quando não teve aproveitamento, o time mostrou sua previsibilidade e acabou acumulando derrotas na Champions League Américas e no NBB. E a pergunta que fica para quem acompanhou temporadas anteriores cadê as jogadas de infiltrações que marcaram grandes jogos da equipe em playoffs dessas competições citadas acima? Sumiram? Ou a característica dos jogadores do atual elenco, acabou impossibilitando e perdendo espaço para dar mais ênfase a um outro tipo de sistema?

Para exemplificar as jogadas citadas acima – na primeira temporada de Gustavo De Conti, Deryk Ramos então ainda no clube, foi muito importante assim como Franco Balbi nesse tipo de jogada de agressividade ao garrafão nos jogos decisivos contra Franca. O mesmo pode ser dito sobre Yago no jogo decisivo contra o Real Esteli pela BCLA.

Quem acompanhou todos ou a maioria dos jogos sentiu e sente falta desse tipo de jogadas. As infiltrações elas ocorrem em jogo, de ataque a cesta, mas não deveria ser algo tão esporádico para dar mais preferência ao perímetro, poderia ser mais rotineiro

Brandon Robinson e Dar Tucker com ótima passagem pela Argentina, oscilaram demais na adaptação de jogo do Flamengo

Sistema de novo de jogo, novos companheiros de equipe e um novo país para se adaptar – todos esses fatores sempre são levados em conta seja por torcedores e mídia quando analisam o decorrer do desempenho de novos estrangeiros nos times.  A expectativa em cima da regularidade e o impacto de Brandon Robinson e Dar Tucker ofensivamente, no que se refere a pontos, ficou muito a desejar pelo excelente basquete que os dois tem e já tinham demonstrado recentemente na Argentina.

As apostas em quem foi MVP na Liga Argentina teve seu impacto maior no objetivo do Mundial, tiveram seus bons momentos. Mas se você pegar recortes da temporada juntando NBB e Champions League Américas temos um balanço que não é dos melhores. Os jogadores que chegaram com o papel de serem os motores ofensivos e puxarem a pontuação do time, oscilando pra baixo nesse rendimento.

Fato que tem que ser considerada uma ressalva que Dar Tucker sofreu uma lesão complicada na costela no Chile em atuação do Flamengo contra o Boca Juniors, em um momento que ele estava numa subida de produção. Ele se esforçou pra voltar a jogar e se recuperou para jogar a fase final da BCLA, inclusive fez questão de continuar junto com o elenco para fazer todo o processo de fisioterapia e estando junto com seus companheiros, abrindo até mão de viajar para os Estados Unidos e conhecer pessoalmente o seu filho que nasceu recentemente.

Norte-americanos quando contratados pelas equipes de maior orçamento dentro do basquete brasileiro tem que sempre ser analisado pelo impacto e a regularidade que eles podem ter dentro de um elenco ao longo da temporada. E se fomos olhar o retrospecto recente do Flamengo nos últimos 8 anos, o norte-americano que teve regularidade e impacto em boa parte da temporada foi Jerome Meyinsse. Depois deles, tivemos americanos que tiveram um impacto menor no que se refere a pontos e os méritos dos seus jogos ficou muito mais restrita a parte tática em quadra.

Vitor Faverani  – sua pouca minutagem, jogos ausentes e uma falta de transparência um pouco melhor sobre o seu real quadro

Quem gosta de NBA, Liga ACB, vibrou e se entusiasmou quando Vitor Faverani fez sua estreia pelo Flamengo no NBB e começou a competição com ótimas atuações pelo rubro-negro. E o que o torcedor mais aguardava era uma continuidade de boas atuações e que ele se firmasse como um nome importante do garrafão.

Mas o que se viu a partir da metade da temporada foram sua minutagem diminuindo e ele sendo preservado de alguns jogos. Em vários momentos quando o Garrafão Rubro-Negro questionou ao Flamengo diretamente se o jogador tinha algum problema físico ou médico, a resposta sempre foi negativa.

Sabemos que ele é um jogador que sofreu várias lesões sérias no joelho e nesse caso seria compreensível que talvez no planejamento a longo prazo pode ter sido feita a escolha de minutagem ou seleção de jogos para ele atuar e não prejudicar o seu rendimento. Mas a falta de informações mais claras sobre isso acaba gerando uma série de dúvidas. E essas dúvidas acabam por gerar opiniões contrárias de torcedores que poderiam ser evitadas e acaba por se perder o apoio que o jogador poderia receber para todo jogador que ele pudesse atuar, ter aquele incentivo maior em quadra.

O que o torcedor espera e confia é que Faverani possa estar bem de fato fisicamente e clinicamente e ser uma peça importante na conclusão do NBB dessa atual temporada.

JP Batista – o respeito que merece pela história que tem no basquete brasileiro, mas que não deveria ter uma grande pressão de ser o substituto de uma peça passada do garrafão

Primeiramente tem que ser enaltecido e reconhecido o profissionalismo que JP Batista sempre buscou e tem dentro das quadras seja nos treinamentos e jogos. Quando orientado a realizar tal jogada, ação ele sempre busca fazer o melhor. Mas é fato que na nossa visão ele chegou ao clube com uma pressão exagerada por ser anunciado como o substituto de Rafael Hettsheimeir. Não estamos querendo fazer comparativo de qualidade dos dois. Cada um tem suas virtudes, limitações como qualquer outro jogador competitivo.

JP Batista buscou se reinventar, tentou acertar, passou a treinar os arremessos de três pontos, e se pegarmos a média de pontos em jogos de maior impacto, o pivô tem uma média de pontos bem digna sempre próxima de 10 ou mais pontos. A se lembrar que os primeiros meses após o seu retorno, ele sempre teve que ficar rodeado com o comparativo feito pela torcida em razão de quem estava substituindo.

A escolhas de reforços no geral feito pela diretoria e a comissão técnica terão seu balanço final no término da temporada, isso é fato. Mas se fomos pegar os jogos em que se esperava mais dos reforços que chegaram, JP aparece nos números dos que mais entregaram positivamente em quadra.

Flamengo refém da dependência da regularidade das atuações dos armadores nos jogos nos últimos dois meses

Quando olhamos os números e desempenho dos jogos do time rubro-negro nas competições recentes desde após a conquista do Mundial, olhamos como a equipe ficou dependente da regularidade da dupla de armadores Franco Balbi e Yago. Os dois no dia com uma boa atuação de pontos superior a 10 pontos ou mais de 4 assistências, o time sempre acabava por alcançar o resultado positivo na maioria dos jogos. Quando os dois ou um deles oscilava muito pra baixo no rendimento, nem sempre o time conseguia suprir essa questão ofensivamente.

E caberá essa regularidade dos dois para ajudar o Flamengo na sequência do NBB e conseguir colocar o time rubro-negro novamente numa final.

Os termômetros do time sobrecarregados na rotação mesmo tentando se doar ao máximo em quadra

Na temporada passada, o Flamengo sempre teve um termômetro que foi a dupla formada por Olivinha e Rafael Mineiro. O volume de rebotes e a contribuição defensiva que os dois tiveram acabaram por ter um peso importantes na conquista que o time teve. Já nessa temporada, os dois tiveram que se adaptar a novas funções, buscaram e tentam fazer o máximo em quadra, mas não seria equivocado afirmar que os dois passam por uma temporada mais desgastante.

Rafael Mineiro atuando na posição três em quadra e tendo que flutuar nas demais posições para buscar dar um equilíbrio defensivo a equipe. E Olivinha sem um substituto mais regular em quadra, acabou também tendo que se adaptar com o novo sistema proposto, sempre com aquela raça que é dele tradicional, mas fica complicado manter um padrão de excelência constante quando não tem como se controlar a minutagem em jogos seguidos e com viagens desgastantes. A rotação no papel no elenco poderia e a expectativa era ser maior, mas a realidade é que ela ficou menor, ou podemos dizer, previsível.

O NBB pela frente até o final da temporada

Claro que quem atua no Flamengo e os jogadores que lá estão buscaram fechar a temporada da melhor forma possível. Primeiramente em respeito ao clube, dirigentes e principalmente aos seus torcedores. A torcida que ainda acredita no elenco espera que o time possa repetir no playoff do NBB os momentos coletivos que teve no Mundial e mostrar que os dias no Egito não foram obras do acaso. E sim, que o elenco a partir do momento que se fecha, se agrupa em prol de um objetivo pode superar qualquer problema que possa existir.

E precisamos ser claros e também afirmar que além do respeito a esses, os jogadores agora tem pela frente o objetivo de buscar uma valorização dentro do mercado. Fato que teremos mudanças na próxima temporada, um rejuvenescimento do elenco, mas nenhum jogador quer ser eliminado de forma precoce no NBB atual e acabar tendo a imagem desvalorizada, com isso ter a procura pelo seu nome reduzida por outros clubes na próxima temporada.

Tem muita coisa em jogo pela frente e o Flamengo e seu elenco devem ter a consciência disso.

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