ONDE ESTÁ O EXTREMO?

extrema direita brasilÉ lugar comum nas análises políticas a afirmação de que no segundo turno os dois candidatos classificados, caso tenham grandes diferenças em suas propostas, tendam a aproximar seus programas e discursos do centro. E que, geralmente, os eleitores dos candidatos que não chegaram ao segundo turno também tenham esse comportamento. A eleição de 2018 já é recordista em mentiras, calúnias e absurdos inadmissíveis que são veiculados via internet, onde mal intencionados as disseminam e mal informados as absorvem. Mas hoje quero falar de uma outra grande mentira que vem sendo veiculada até por órgãos de informação que tentam se apresentar como esclarecedores. Refiro-me à afirmação de que “a eleição se polarizou entre dois extremos: Bolsonaro e Haddad”. Será? A eleição presidencial teve 13 candidatos na disputa e dizer que o PT é um extremo ou é má-fé ou absoluta desinformação sobre o matiz ideológico dos partidos políticos brasileiros. Se analisarmos qualquer um dos 13 candidatos, não será difícil apontar qual deles representa a extrema-direita. E a extrema-esquerda? Seria o PT? Evidentemente que não. Pelo menos dois candidatos e seus partidos estão mais à esquerda do que o PT: Boulos, do PSOL e Vera Lúcia, do PSTU. O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), inclusive, é de uma extrema-esquerda tão radical e sectária que sequer participa de atos e coligações junto com os partidos de centro-esquerda, como o PT. Isso sem falar em outro partido de extrema-esquerda, o PCO (Partido da Causa Operária), que também tem propostas radicais de esquerda e que, vez por outra, lança o Rui Costa Pimenta como candidato. Não é difícil, portanto, perceber que apenas um extremo está no segundo turno: e esse extremo é Bolsonaro, que representa a extrema-direita.

E o PT? O PT não passa de um partido social-democrata, centro-esquerdista e de linha reformista e não revolucionária. Como chamar de esquerda radical um partido que em seus governos os bancos bateram recorde em seus lucros? Como chamar de esquerda radical um partido que teve um grande capitalista, o empresário José Alencar, como Vice-Presidente da República por 8 anos? Como chamar de esquerda radical um partido que se aliou várias vezes a partidos de direita em nome da governabilidade? Como chamar de esquerda radical um partido que, em quase 14 anos de governo,  jamais apresentou qualquer proposta para abolir a propriedade privada? O que diferencia o PT dos partidos de direita é que o PT tem em sua agenda um desenvolvimento do país que não esqueça o alcance social, como direitos sociais, distribuição de renda, relevância do papel do Estado (e não sua extinção, como os ultra-liberais), sempre visando atenuar as diferenças sociais com oportunidades e políticas de inclusão. Daí as cotas, bolsa-família, Prouni. Nada além disso. Até dentro do próprio PT, o Haddad pertence a uma ala moderada.

Bolsonaro, ao contrário, sempre representou e afirmou, ao longo de sua obtusa carreira política, a defesa à ditadura, à tortura, ao fechamento do Congresso, ao fuzilamento de adversários (perguntem ao FCH), ao racismo, ao sexismo, à homofobia, à indiferença ao meio-ambiente e aos direitos dos trabalhadores. Quando disse, certa vez, que “o mal da ditadura foi torturar e não matar”, talvez nem precisemos citar mais nenhuma outra de suas aberrações para sabermos o que esse fascista representa. Aliás, perguntem aos rapazes da “supremacia branca tupiniquim”, que aparecem na imagem acima exibindo a bandeira do movimento integralista, quem é o candidato deles.

Já falamos que o antipetismo vem sendo usado como álibi para que muita gente extravase os seus instintos mais primitivos. Temos observado e estamos absolutamente  convencidos de que, quem apoia o Bolsonaro não é só porque apenas “odeia o PT” ou é “contra a corrupção”. Eles apoiam sim, e muito, as suas ideias, e estão conscientes do risco que ele representa até para eles próprios. Mas o ódio fala mais alto. Eles não conseguem sequer perceber que só há um extremo. E, contra o PT e seu candidato, restou o extremo ódio.

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