“Se fosse hoje voltava a fazer o mesmo” (com audio)

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08 JORGE DIAS DR

 

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Onde estava no dia 25 de abril de 1974?

Estava, como nos últimos três anos, no Regimento de Artilharia Pesada (RAP) 3 da Figueira da Foz. A partir dessa altura, passei a fazer parte dos quadros desta unidade. Na noite de 24 para 25 estava equipado com equipamento fotográfico para poder registar o golpe militar.

Isso significa que fora previamente avisado?

Sim. Após o golpe de 11 de março, tive o privilégio de poder lidar, de muito perto, com o capitão Dinis de Almeida, que foi um dos mentores e organizadores da revolução. Fui informado, cerca de 20, 25 dias antes, e portanto estava à espera do que ia acontecer.

O que é que registou daquela madrugada e dos dias que se seguiram?

Registei o que me incumbiram, ou seja, tudo o que fosse motivo de registo fotográfico. Mas houve outras nuances, como a detenção do comandante da unidade, Sílvio Aires de Figueiredo, levada a efeito por mim e pelo capitão Dinis de Almeida, que lhe deu voz de prisão. (O comandante) não aderiu ao golpe, era uma força de bloqueio, como outras que existiam no RAP 3.

Qual foi a reação do comandante?

Ficou espantado com a voz de prisão do capitão Dinis de Almeida. Uma vez desarmado – sabíamos que usava um revolver e íamos preparados – , acompanhou-nos até à sala do oficial dia, onde ficou, também, muito espantado, porque já lá estavam detidos outros elementos da unidade.

Que papel desempenhou o RAP 3 na Revolução de Abril?

A função da unidade, agregada com as unidades de Aveiro e Viseu, era a de seguir para Leiria, Caldas da Rainha, libertar os presos (políticos) de Peniche, aeroporto da Portela e Penha de França (Lisboa). Como se sabe, correu tudo bem e acabou por ser uma coisa maravilhosa. (…) Nos dias seguintes reinou alguma anarquia na unidade. Se fosse hoje, volta a fazer o mesmo.

Esta entrevista poder ser ouvida na íntegra na Foz do Mondego Rádio (99.1 FM), hoje, às 21H00, e em www.asbeiras.pt.

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