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A Fapesp convidou cientistas para debater os aprendizados adquiridos na batalha contra a Covid-19
Por Oscar Nucci
Pesquisadores das áreas de medicina, economia, ciência política e inovação tecnológica debateram, em seminário virtual, as lições aprendidas por cientistas e gestores públicos durante o combate à pandemia da Covid-19. Os aprendizados – ao que disseram – vão desde à análise e entendimento da formação de tromboses pulmonares até estratégias de mobilização social e a necessidade de inovações no enfrentamento de crises.
O evento online foi promovido a partir de uma parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com transmissão através do canal do YouTube da Rede Alesp (Assembleia Legislativa do estado de São Paulo). As apresentações tiveram como mediador o presidente da Fapesp, Carlos Américo Pacheco.
A medicina foi uma das áreas que colecionou mais lições sobre a Covid-19 e sobre as dinâmicas do vírus que já matou mais de 470 mil brasileiros. De acordo com o médico Paulo Saldiva, professor titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a ciência teve papel vital na resposta à doença. “A ciência respondeu muito rápido, dada à tecnologia e à rede de pesquisadores que se formou”, disse o docente.
Comandado por Saldiva, o Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP fez várias descobertas em relação ao coronavírus a parir da técnica de autópsia não invasiva, quando não é necessário abrir o corpo de cadáveres apenas obter imagens de seus tecidos. A partir destas autópsias de vítimas da Covid – disse o patologista – foi possível descobrir como o vírus age e suas sequelas, como danos ao cérebro pela fragmentação dos axônios (parte dos neurônios) e pequenas tromboses nas artérias pulmonares.
Em seus comentários, Saldiva também apresentou informações sobre a vacinação. Ele apontou, através do mapa da cidade de São Paulo, que na periferia existe um maior número de casos, muito embora a vacinação vem sendo intensificada nos centros, que são áreas mais ricas e com populações mais envelhecidas em função da qualidade de vida.
“A gente aprendeu que talvez o critério de vacinação não devesse ser etário, mas sim geográfico”, sugeriu Saldiva.
A engenheira e especialista em inovação Luciana Hashiba pontuou que a necessidade de inovação foi um diferencial para o melhor ou pior desempenho das empresas. As companhias que já estavam inovando foram ágeis – disse ela – mas as empresas mais tradicionais tiveram que parar atividades para refletir sobre o que e como mudar seus processos com a crise.
“O momento da crise pediu agilidade, flexibilidade e inovação”, complementou Hashiba.
As ações de governos no mundo também foram analisadas pela cientista política Marta Harretche. Ela apontou que governos que tiveram uma ação mais rápida contra o vírus obtiveram melhores resultados no controle à propagação do vírus, bem como aqueles que tiveram uma ação coordenada como resposta à pandemia.
O Brasil não é um desses casos – lamentou a docente – já que, além da demora no combate à Covid, também contou com conflitos entre instituições no que tange ao controle da propagação do vírus. “A gente conhece bem essa história, tem estratégias de rivais. Uma disputa política permanente em relação a estratégias envolveu todas as instituições do sistema político”, disse Marta.
A professora e pesquisadora Simone Deos, da Faculdade de Economia da Unicamp, falou sobre o enfrentamento da pandemia no ramo econômico, no qual a maioria dos países se utilizou de políticas monetárias, como redução das taxas de juros e incentivos fiscais, encaixando-se nas boas políticas públicas o auxílio emergencial brasileiro.
Aqui, acesso à integra do debate “Aprendizados na Pandemia”
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Beatriz Mota
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