Governo gasta mais com os ricos

Publicado em ÍNTEGRA

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com Circe Cunha e Mamfil

Num estudo intitulado Um ajuste justo – propostas para aumentar eficiência e equidade do gasto público no Brasil, os mais refinados economistas, com assento no Banco Mundial, especialistas com um olhar treinado e agudo sobre contas públicas, chegaram à conclusão que sempre pareceu óbvia e lógica até para o cidadão leigo na matéria: o Brasil, leia-se o governo, gasta muito e gasta mal os recursos drenados da população. Como sempre acontece nesses casos, ajustes duros terão de ser feitos para evitar que o país volte a mergulhar nas águas revoltas da inflação e vir a desperdiçar mais uma década, patinando no baixo crescimento, atado ao subdesenvolvimento cíclico.

Por meio de uma infinidade de números, tabelas e fórmulas matemáticas, os economistas do Banco Mundial demonstram que o país está no limite dos gastos públicos, sendo que, daqui para a frente, qualquer ação mal planejada nos gastos públicos implicará consequências ainda mais danosas para a sociedade, principalmente a parcela da base da pirâmide. A avaliação do BM vai direto ao ponto: “Os programas governamentais beneficiam os ricos mais do que os pobres. E, apesar do alto volume de gastos públicos, a política fiscal tem tido pouco sucesso na redução da desigualdade e da pobreza”. Tal afirmação significa exatamente o que o brasileiro médio sente no dia a dia: a carga tributária embutida em absolutamente tudo que é consumido e onera muito mais as camadas mais pobres da população.

O pior é constatar que os programas de governos populistas que apregoavam o fim da pobreza no país não passaram de propaganda enganosa. Os ricos ficaram ainda mais ricos, sendo que muitos desses campeões nacionais estão hoje atrás das grades. Curiosamente, o estudo, que foi encomendado pelo próprio governo, traz como recomendação necessária e urgente a reforma da Previdência, apontada no estudo como o principal motor do desequilíbrio fiscal do país.

Na avaliação dos especialistas, em pouco mais de uma década, mantido o modelo previdenciário atual, todos os recursos do Estado serão absorvidos apenas para custear aposentadorias. Para eles, o sistema previdenciário brasileiro é desequilibrado e muito injusto, já que 35% dos subsídios beneficiam justamente os mais de 20% ricos, deixando aos 40% mais pobres apenas uma fatia de pouco menos de 18% desses recursos.

O que o estudo deixa transparecer nas entrelinhas é o que toda a população pode perceber: as manobras na prática e no bolso. Os seguidos governos, após o período militar, com exceção apenas de Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro mandato, não foram capazes de manter uma política de gastos coerentes e dentro das necessidades da população. A constatação mais marcante do documento é a que aponta que os gastos públicos no Brasil não têm beneficiado aqueles que mais necessitam deles e que estão nas camadas mais pobres da população. Ou seja, embora paguem proporcionalmente mais impostos que os mais ricos, os brasileiros de baixa renda ainda têm que suportar o fato de que os gastos públicos não são direcionados a atender aqueles que mais necessitam. Obviamente, a conta de fechar será espetada justamente sobre as costas dos menos favorecidos, como tem sido feito ha séculos.

A frase que foi pronunciada

“Delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação…É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”

Ex-ministra Eliana Calmon em entrevista a Ricardo Boechat

Interessante

» A Associação Virtual Brasileira de Misofonia (AVBM), em parceria com o Instituto Ganz, promove hoje, na internet, uma palestra sobre o “Enriquecimento Sonoro — Misofonia”, com a fonoaudióloga doutora Renata Jacques. No dia 30, a doutora Tanit Ganz Sanchez falará sobre “Enquanto a cura da Misofonia não chega”. Misofonia é o pavor que dá com o barulho de alguém escovando os dentes, desenrolando uma bala ou mesmo mastigando. Assista no misofonia.org.

Testes

» Se os resultados das provas da OAB têm sido muito baixos, as provas para os médicos têm sido avassaladoras. Em São Paulo, é obrigatória a participação na prova da Cremesp a qualquer médico que se inscrever em concurso público. A Associação Nacional de Hospitais Privados firmou com o Cremesp um protocolo de intenções, estabelecendo que o exame será considerado na seleção de candidatos à residência médica e na contratação de profissionais, para os mais de 80 hospitais e instituições conveniados à entidade.

História de Brasília

A solução de um caso, como o de Brasília, não deveria merecer do governo tamanha demora. Com isso, tanto o presidente da República quanto o primeiro-ministro dão ao povo a ideia de fraqueza nas decisões, relutância nas medidas a serem adotadas e falta de homens capazes entre os círculos mais chegados ao Planalto. (Publicado em 8/10/1961)

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