“Por que um ateu fala tanto em Deus?” [Republicação]


Eu tenho motivos para crer que muita “gente de fé” acha que um ateu é um crente enrustido. Eu mesmo já recebi muito cumprimento irônico me parabenizando pela minha “crença em Deus”. Afinal, por que, então, eu iria gastar tanto tempo, energia e criatividade mantendo um site dedicado a “Ele”?

Esse tipo de raciocínio é bem condizente com a visão deturpada que o religioso tem do mundo, afinal, ele “crê” em coisas tão ridiculamente absurdas que precisa mesmo que todo mundo creia nelas também, já que, de outro modo, ele não vai conseguir se esquecer de que está se enganando, brincando de faz de conta para sustentar umas tantas ilusões infantis.

Esse tipo de argumento, o de dizer que o ateu, na verdade, crê em Deus, é bem recorrente e já me vi diante dele vezes sem conta, ao lado de outros ainda mais estúpidos ou, pior, que demonstram apenas o quanto uma pessoa pode ser tapada.

Elas dizem coisas como “Você iria perder seu tempo escrevendo que não acredita em duendes, por exemplo? Não, né?”, “O ateu não tem razão de existir. Ele vive pra quê?”

Ora, vive-se para muitas coisas, por muitas razões, para muitos fins e de muitos meios. Se você me diz que eu, sendo ateu, não tenho razão para viver, estará apenas sinalizando para mim que você é uma pessoa com a qual não vale a pena discutir, por já ter apresentado o seu diploma de imbecil.

Eu não me incomodaria se milhões e milhões de pessoas resolvessem inventar, como inventaram, Deus e deuses, e esfolassem seus joelhos e desperdiçassem suas vidas para adorá-los. Isso seria problema delas. Mas não se pode ficar de mãos abanando quando um grupo crescente de indivíduos, com uma determinada crença, está tão seguro de que o conjunto de idiotices em que acredita é a Verdade — com V, única e absoluta — a ponto de divulgar que quer passá-la a todo o resto da humanidade, à força, se preciso.

Eu sou contra, sim, o processo imbecilizante por que passa, obrigatoriamente, cada nova geração de seres humanos. Sou contra, sim, a atitude de pais que literalmente obrigam seus filhos a acreditarem num sem-número de sandices só porque eles próprios também foram obrigados a acreditar. E ainda acham que estão fazendo a coisa certa.

E não pretendo desperdiçar meu tempo e energia contra duendes, pelo simples fato de não me sentir incomodado pelos seus adoradores. Esses, pelo menos até hoje, não queimaram vivo ninguém que não acreditasse em duendes; não fizeram guerras em nome deles; não forçaram cada nova geração a acreditar neles; não extorquiram dinheiro para a sua rede de divulgação da crença nos duendes; não ameaçaram nem coagiram os que não acreditavam; não pediram para que ninguém mais acreditasse no mesmo que eles, nem tentaram doutrinar a quantos pudessem, para que a crença nos duendes fosse global. No dia em que começarem a fazer isso, pode apostar que eu vou montar um site “dedicado” a eles também.

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5 Respostas

  1. Mas não se pode ficar de mãos abanando quando um grupo crescente de indivíduos, com uma determinada crença, está tão seguro de que o conjunto de idiotices em que acredita é a Verdade — com V, única e absoluta — a ponto de divulgar que quer passá-la a todo o resto da humanidade, à força, se preciso.

    Tamo junto!

  2. ele “crê” em coisas tão ridiculamente absurdas que precisa mesmo que todo mundo creia nelas também, já que, de outro modo, ele não vai conseguir se esquecer de que está se enganando, brincando de faz de conta para sustentar umas tantas ilusões infantis.

    Barros

    Uma grande verdade.

  3. Se sente bem?falou falou falou…..e não disse nadaaaa…..ta precisando d sabedoria….

  4. Por ateus falam tanto em Deus, Bíblia e Religiões?

    “Foste vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as minhas negações. Cessai de afirmar que eu cessarei de negar”.
    Sebastièn Faure

    Ateísmo, num sentido amplo, é a rejeição ou ausência da crença na existência de divindades e outros seres sobrenaturais. O ateísmo é contrastado com o teísmo, que em sua forma mais geral é a crença de que existe pelo menos uma divindade. Num sentido mais restrito, o ateísmo é precisamente a posição de que não existem divindades Um ateu tem tanto interesse em provar que Deus (ou Marduk, Baal, Thor, Zeus, Shiva, ou etc…) não existe, quanto um cristão tem em provar que a fada do dente não existe.

  5. oi Sr. Oiced, andou reencarnando por aqui…kkkkkkkkkkk

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