Transamérica

Transamerica (EUA, 2005) Cotação: ****
105 min, comédia/drama. Direção e roteiro: Duncan Tucker. Com: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Fionnula Flanagan, Graham Greene, Burt Young e Elisabeth Peña.

Os filmes independentes dos Estados Unidos trazem na maioria das vezes histórias interessantes para contar. Este aqui não foge ao habitual. Pelo contrário: é um filme de humor difícil, chegando a atingir em alguns momentos o mórbido. Transamérica toca em temas pesados. De transexualidade à prostituição, passando por pedofilia, entre outros. Contudo, é mais que isso. É sobre um relacionamento entre pai e filho que se constrói de forma inconsciente.

Durante 100 minutos, acompanha-se a trajetória de Sabrina “Bree” Osbourne (Huffman), uma transexual que está prestes a se submeter à cirurgia de mudança de sexo, quando, ao receber um telefonema, descobre que é pai de um jovem de 17 anos, Toby (Zegers), preso em um reformatório de Nova Iorque por se prostituir e usar drogas.

Bree vai ao seu encontro, saindo de Los Angeles, onde vive, e paga a irrisória fiança de 1 dólar. Toby ainda não sabe que ela, na verdade, é Stanley, homem que se envolveu com sua mãe na época da faculdade. Ele pensa que Sabrina pertence a alguma instituição religiosa.

Toby alimenta o desejo de ser um astro de Hollywood. Bree quer voltar para casa, no intuito de se tornar uma mulher. Da união dos sonhos de ambos, eles partem em uma viagem bem movimentada, atravessando o país de leste a oeste, encontrando o padrasto dele (e aí se descobre o porquê de não querer voltar para o lugar em que morava com a mãe, morta recentemente). No segmento final, após um golpe que sofrem, são ajudados por um índio do Novo México (Greene, de “Dança com Lobos”), até chegaram à casa dos pais de Sabrina (Flanagan e Young), momento em que o clímax é atingido.

Ao ver Transamérica, há uma forte sensação de que Felicity Huffman (conhecida pela série Desperate Housewives) tinha que ter recebido o Oscar de atriz em 2006. Para compor esse personagem, teve de engrossar a voz, além de se enfear bastante. Ela está magnífica e seu papel é certamente mais desafiador e melhor executado do que o feito pela vencedora daquele ano, a mediana Reese Whiterspoon, de “Johnny e June”.

Outro ponto alto é a presença da veterana atriz irlandesa Fionnula Flanagan como a mãe de Bree, dando pano para diversas situações cômicas. Um grande barato!

O longa também foi nomeado ao Oscar de canção original (Travelin’ Thru, de Dolly Parton). É uma fita rara e marca a estreia de um talento, Duncan Tucker, responsável por roteiro e direção. Um sincero filme de estrada, pronto para ser descoberto em DVD.

Uma resposta em “Transamérica

  1. Ótimo filme, e também concordo que Huffman era mais merecedora do Oscar (e o filme podia ter vencido em canção também; lembro-me da emoção que foi Parton interpretando-a na cerimônia). Uma joia do cinema independente, engraçado e emocionante. [8/10]

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