Dj Môpa: “A House nunca envelhece e permanece firme e forte”

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Conheça um pouco da história do DJ Môpa através de uma entrevista realizada por seus colegas DJs do Pragatecno, onde ele fala da House, seu estilo do coração, revela suas influências e conta que está armando uma festinha bem interessante, no começo de março.

Fotos: Yasmin Muller e Alessandra Nohvais

…………..ENTREVISTAS……………….

DJ Mauro Telefunksoul pergunta: 

Defina House Música,  qual subgênero da House que mais lhe encanta e porque?

R: Essa pergunta  é uma das mais difíceis de se responder, é como querer definir o amor entende? É algo meio sem explicação, mas vou tentar falar: para mim, a House significa um sentimento de amor eterno, completo, algo que você leva e sente para o resto da sua vida e que ninguém pode tirar de você. A frase “not everyone understand House Music” é perfeita, a House para mim é um sentimento que tento compartilhar em meus sets, e vejo isso no rosto das pessoas quando estou tocando, o sorriso, o jeito de dançar, enfim, a  House te leva a viajar sem sair do lugar. Gosto de muitos subgêneros na House, mas tenho bastante identificação com a Jazzy House, acho fantástico as possibilidades que este estilo proporciona, você pode ter vários momentos em que solos de instrumentos vão compondo a música, ou simplesmente um só instrumento solando na forma de improviso, é uma sensação única.

Se não existisse House o que Môpa tocaria?

Difícil imaginar minha vida sem a  House, mas tocaria/toco Rap, disco, funk, soul, jazz, r&b, ou seja: alguma coisa poderia surgir dessa mistura aí, rs

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DJ Kikily pergunta:

Você lembra quando e como foi a primeira vez que tocou? De onde vem essa paixão pela House?

Não lembro do ano, mas foi em um lugar bem rústico perto de onde moro, através de 2 djs que faziam a noite por lá, foi a primeira vez que pude tocar as músicas que gostava e me fascinam até hoje. Lembro que fugia de casa para ir nas boates da época, para ficar em frente da cabine olhando o DJ tocar. Era uma época em que as casas que eu freqüentava, como a Tropicália, na Barra, tinham momentos musicais diferentes durante a noite. Uma sirene tocava e anunciava que a música mudaria, tinha Miami Bass (Freestyle), lentinhas, rock,  e nesse meio a música que me deixava atordoado, mas eu não sabia direito o que era, aquele baixo me envolvia… era a House me conduzindo numa viagem particular durante a noite.

Que músicos, bandas ou Djs foram inspiradores em sua carreira?

No cenário local, tenho Djs da época como Wilson, Carlinhos Zobaida, Chiquinho entre outros caras que tive o prazer de acompanhar durante minhas fugidas. Fiz um curso de montagens em fita de rolo que Wilson ministrava na época e tomei gosto total pela carreira, o acervo de discos na casa dele me fascinou, e trabalhando num estúdio de gravação de fitas cassetes, onde havia toca-discos, aproveitava meus intervalos para treinar. Na cena nacional tem o Mau Mau, Luiz Pareto, Jonas Rocha entre outros e, claro que Djs como Frankie Knucles, Ron Hardy, Mancuso…

Você prefere tocar ou produzir música?

R: Prefiro tocar, é algo que acho que sei fazer muito bem e me completa. Eu escolho as músicas, faço a mixagem entre elas, e vou conduzindo a noite de uma forma particular. Eu gosto de produzir, acho importante o DJ produzir hoje em dia, mas tenho alguma dificuldade em colocar as idéias em prática (por não saber música), acho importante o cara saber por exemplo noções de música, pois assim você pode fazer de tudo via midi, tocar bateria, baixo, sax, enfim, uma gama enorme de instrumentos.

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DJ Claudio M (aka Angelis Sanctus) pergunta:

 Mixar é uma arte?

Sim, eu considero uma verdadeira arte, principalmente quando se toca House, onde a ideia é a evolução do set, mas não vejo problemas se o cara não souber mixar divinamente, mas souber utilizar as músicas a seu favor, por exemplo. Alguns relatos de pessoas que tiveram o prazer de ver, por exemplo, o Larry Levan tocando, definem seus sets como mágicos, algo fora do comum que ninguém até hoje consegue fazer. Ele não “priorizava” as mixagens, mas possuía o feeling, era o sentimento que o movia durante a noite, eu faria qualquer coisa para estar numa noite no Paradise Garage e presenciar seu feeling.

Por que a quase totalidade djs  de House music não usam efeitos de performance, como scratchs, em seus sets?

Boa pergunta. Apesar de não se ter regras quando se está tocando, eu, por exemplo, acho que a produção da música House já tem uma evolução muito boa, muitas vezes perfeita na sua construção musical, então acho que por isso muitas vezes o DJ que toca House Music não precisa usar nenhum destes artifícios para complementar a música.

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DJ Urso pergunta:

Explique a opção em tocar com vinil e como você vê essa opção num mundo onde a tecnologia facilita cada vez mais as nossas vidas, inclusive a dos djs.

Acho que mídias como o vinil e cd, por exemplo, não dão margens de truques para enrolar quem está na pista: ou você sabe tocar ou não sabe, ponto final. Mas não tenho dúvida que a tecnologia ajudou e ajuda muito a DJs que (optam por outros recursos), por gosto ou porque não tem poder aquisitivo para comprar discos, por exemplo, até mesmo pela dificuldade de se trazer este material, já que enfrentamos vários problemas como alfândega, impostos abusivos… O problema que vejo hoje é que tem DJ que se utiliza de ferramentas como o autosync para tocar e não sabe sequer colar uma música, se esses softwares não tivessem esta opção, boa parte dos DJs que vejo por aí não conseguiriam sequer criar uma evolução nos seus sets, fora o fato de não se preocupar em pesquisar e se apropriarem da pesquisa de algum outro DJ que realmente tem preocupação musical, esses “djs” vão nos sites e copiam o set list para baixar na internet, não conseguem ter uma identidade própria… não considero um cara desses como DJ.  Mas fora a preocupação das pessoas com a mídia que um DJ prefere ou usa, deviam ter outras preocupações, como por exemplo, saber o que toca e (se conhece) de onde veio o que você se propõe a trabalhar.

 Qual o seu top 5 da house de todos os tempos?

Eterno Frankie Knucles, que tem uma cultura musical invejável, Tony Humphries, The Sound Republic, Dj Heather e, sem dúvida nenhuma pra mim, um cara que tenho como referência hoje é o Mark Farina, ele é dono de um estilo ímpar e considero único hoje em dia, tecnicamente e musicalmente falando, ele é f…….., rs.

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DJ Adriana Prates pergunta:

Qual a magia da pista de inspiração houseira ?

Linhas de baixo e melodias levando sorrisos aos rostos das pessoas. Eu acredito que é uma coisa de alma, e quando o DJ sabe conduzir a noite, é mágico. Alguns tem esse dom, de se tornar uma espécie de encantador de serpente, você não consegue sair da pista. Eu ficaria numa pista escutando ou dançando deep, funky, disco até não me aguentar em pé e mesmo assim continuaria dançando.

Soube que tem festa nova chegando no pedaço, no início de março. Pode adiantar um pouco do que vai rolar, em termos de som e conceito ?

O que posso adiantar é que pretendo levar as pessoas a fazer uma viagem musical através da história do estilo que me motiva a ser DJ e que desencadeou uma série de outros gêneros, uma aula sem sala de aula, rs. Quero que as músicas falem por sí só e esta não será uma tarefa tão difícil em se tratando do poder e magia da House Music. A festa vai rolar dia 07 de março no Franco Café, que fica no Rio Vermelho. Escolhi o Franco por conta do excelente soundsystem que o local possui, e também posso adiantar que convidei o artista Márcio Nonato, do grupo Dimenti, para assinar a luz. Estou cuidando de todos os detalhes para proporcionar ao meu público uma noite para lá de especial.

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SAIBA +  SOBRE O DJ MÔPA: https://pragatecno.wordpress.com/dj-mopa-salvador

Então:

Tem festa com dj Môpa, dia 8 de março, sexta-feira, em 5 horas de set, ele vai contar a história a house music através de tracks! No Franco Café (http://www.francocafe.com.br), no Rio Vermelho. 22h. R$ 15 (10, com nome na lista).

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