Go ahead, punk. Make my day.

Resumo (16 a 29 jan)

ilha do medoIlha do Medo (Shutter Island, 2010). De Martin Scorsese

Esse é tipo de filme que não te pega pelo susto ou por imagens medonhas, mas pela estranheza e elegância da direção de Martin Scorsese. É meio contraditório dizer isso, mas o cineasta tem planos com imagens muito belas, mas que não deixam de criar um clima pesado e atmosfera carregada, a exemplo de toda a abertura cheia de névoa e da trilha que evoca os acordes medonhos da música de O Iluminado. Lembra Desafio do Além em certos momentos, nessa combinação de imagens sombrias, mas muito bonitas, chegando ao ápice da congruência entre as produções no movimento de câmera que acompanha uma escada em espiral enquanto um personagem sobe por ela. No restante, Ilha do Medo tem na manga o clima de paranoia sobressaltado por personagens estranhos, informações desencontradas e um recurso muito interessante de Scorsese: repare como em vários momentos as cenas não seguem a continuidade, seja em objetos que parecem estar em lugares diferentes a cada corte ou em um copo d’água que quando levado à boca por uma interna some da mão dela e volta para a mesa vazio. Contando a história da investigação de uma paciente desaparecida de um sanatório, o longa ainda tem um final-surpresa sem grandes alardes, mas extremamente satisfatório, principalmente por ter um desfecho amarrado e que em meio a toda a loucura não deixa brechas para uma segunda interpretação, rendendo ainda mais drama a um enredo já triste. Nota: 9

pulse posterPulse* (Idem, 2006). De Jim Sonzero

Enquanto uns têm o cuidado de criar toda uma atmosfera, outros parecem não saber do que se trata. Pulse até tenta explorar algo diferente de outros filmes, buscando um meio de colocar a internet e a tecnologia a serviço de um filme de terror, contudo é tão raso e tão atrapalhado na execução que se torna constrangedor. Há algo que foi liberado de alguma maneira do mundo virtual e anda fazendo as pessoas se suicidarem. Começa com um jovem hacker, que manda a mensagem de alerta do além, e se espalha rápido – só que ninguém mais, durante o filme, tem a decência de mandar mais mensagens do plano espiritual… Ou seria virtual? Enfim, para o roteiro de (inacreditável!) Wes Craven e Ray Wright isso pouco importa, pois a trama tem que andar e as criaturas nada sutis tem que fazer mais vítimas. O problema é que de uma hora pra outra, enquanto a bonitinha Kristen Bell tenta desvendar toda aquela pataquada, o mundo entra em colapso e o que pode ajudar as pessoas é apenas um tipo de fita adesiva vermelha. E tome cenas apocalípticas, com a cidade esvaziada, com o detalhe de que em momento algum o filme sinalizou que aquilo vinha acontecendo com tamanha proporção. Fora que a direção de Jim Sonzero é óbvia, vide as cenas iniciais “mão peasada”, que revelam a face do “vilão” logo de cara e chutam para as profundas qualquer tipo de suspense. E, convenhamos, ter uma narração em off “séria” no final (“O mundo que conhecemos se foi”), como se alguém se importasse com tudo aquilo, só reforça a falta de rumo do projeto. Refilmagem do japonês Kairo. Nota: 3

The-secret-gardenO Jardim Secreto (The Secret Garden, 1993). De Agnieszka Holland

De início, a delicadeza da diretora Agnieszka Holland e a simplicidade da história de uma garotinha mimada e seu jardim secreto parecem ser o melhor do longa, contudo, é numa segunda vista que você pode perceber o trabalho genial do diretor de fotografia Roger Deakins. Ele trabalha o lúgubre e o iluminado em contraste no início do filme e, aos poucos, vai deixando que a luz tome os ambientes e os quadros do filme. Veja o exemplo do quarto do jovem Colin Craven, cuja fonte de claridade são velas, mas que com a amizade com Mary Lennox, em determinado momento vai receber a luz vinda do sol. Até mesmo o jardim do título se mostra, gradativamente, menos enevoado e ganha muitas cores. O que só fortalece o olhar sensível de Agnieszka, vide o arvorecer das plantas e as brincadeiras dos garotos no local, mas que também valoriza a boa atuação do trio de protagonistas, Kate Maberly, Andrew Knott e Heydon Prowse, que passam por mudanças perceptíveis na postura e na personalidade, principalmente Kate e Heydon, deixando com que Knott se mostre sempre mais maduro. Nota: 8,5

*Filme assistido pela primeira vez

4 responses

  1. Aleishow

    Shutter Island: um dos meus preferidos com o DiCaprio.
    Pulse: pela nota e comentário, sem chances de assistir.
    O Jardim Secreto: um dos melhores da minha infância, senão O MELHOR.

    1 de Fevereiro de 2012 às 5:06 PM

  2. Ainda prefiro A Princesinha que O Jardim Secreto

    1 de Fevereiro de 2012 às 7:19 PM

  3. Rafaella Biasi

    Amooo esse filme. Marcou minha pré adolescencia. Primeiro drama num universo ainda muito lúdico. Comove demais. Esse e tambem A princesinha. 🙂

    2 de Fevereiro de 2012 às 3:44 PM

    • Baseados em livros da mesma autora.

      2 de Fevereiro de 2012 às 8:53 PM

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