Turista protagonista.

Faço parte da leva de turistas que visitam o mundo com suas câmeras fotográficas, no meu caso, celular ao alto. Da legião que “rala” 11 meses para “descansar” menos de um. Sou grata porque tenho o celular e a oportunidade de registrar tudo isso. Mas, quando percebo, quem ficou registrada fui eu, pelas belezas e misérias…

Hoje em dia, se por um lado, é mais fácil a acessibilidade aos aviões, trens e cruzeiros. Os portões de castelos, igrejas e museus foram abertos ao público em geral. Por outro lado, me questiono quais as motivações dos turistas. Quais? além é claro do contato, ainda que por instantes, de algo até então inacessível como artes, culturas, arquitetura e tudo mais.

Mas além dessa vontade de estar lá na cena, questiono os porquês por trás dos bastidores do turista. De querer enxergar através das câmeras, enfrentar lotações, ser explorados nas “promoções” pega turistas, fazer intensas e cansativas maratonas para dizer pisei lá.

Sempre me pergunto quem pisou e quem foi pisado… quando olho para abóbodas panorâmicas, colunas de mármores, paredes de pedras maciças, portas esculpidos na madeira, portões de bronze, ouro do Brasil, etc e tal vejo pura arte humana; mas também pura ostentação de reinados, dinastias, religiões.

E nós ali abobados, imaginando os bailes, as noites de gala, os casamentos reais. E nós ali financiando toda essa pompa. E nós ali sonhando, ou, dormindo. E nós ali conhecendo e fazendo a história.

Turista protagonista!

Apesar de toda essa crítica, ressalto que acho melhor conhecer tudo o que se tiver oportunidade, do que viver na ignorância de achar que o mundo é só o seu terreno. Me sinto pequena e privilegiada diante de tudo isso. Contradições às quais tenho que atuar.

Os nativos têm suas visão própria. Os guias turísticos têm seus roteiros prontos e horários programados para cumprir. E eu, que nunca imaginei estar aqui, estou ávida por cultura, lá vou tirar mais uma foto.

Os lugares são fantásticos  por natureza divina e construção humana: bosques, cascatas, pedreiras, paisagens sem fim; arquitetura, mobílias, porcelanas, lustres, marchetaria, tapeçaria…

Repito, tão controverso escrever essa história de uma turista protagonista.

Sorria, você está sendo fotografado, cliquei.

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