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A ESQUERDA E O CRIACIONISMO: CONTRA A FÉ NÃO HÁ ARGUMENTOS.

Para um liberal, discutir democracia com um socialista marxista é como um darwinista discutir a evolução das espécies com um “criacionista”: eles têm explicação para tudo, embora nada faça sentido e a realidade desminta suas crenças. Recentemente me envolvi em um debate com um grupo de marxistas ligados à UNICAMP que deixou isto claro.

Considero o marxismo equivocado desde o nascimento. A própria festejada tese da mais-valia (que pertence ao “Marx pensador”) me parece um equivoco, que pode ser lida sem viés autocrático, mas acaba servindo de justificativa para as principais teses autocráticas que alimentaram o marxismo e alimentam marxistas. É um fruto lógico do “Marx panfletário” e de seu manifesto comunista, que deixa bem claro o intento de destruição da democracia burguesa (a única que existe desde a revolução industrial) e a falácia de que um governo proletário seria a verdadeira democracia por ser um governo da maioria.

É precisamente esta a gênese do autoritarismo, do totalitarismo e da produção de mortos educativos em escala industrial.

A democracia é o contrário da imposição da “vontade da maioria”: é o respeito pelas minorias que fazem parte do jogo político e podem se articular para o exercício do poder. Somente nas democracias existe a garantia constitucional do direito de lutar por mudanças, por novos direitos ou pelo poder. O resto é ditadura, por definição.

DESCULPA PARA TARAS AUTORITÁRIAS

Uma desculpa recorrente da esquerda é que a democracia capitalista tem participes privilegiados da ordem social com acesso privilegiado ao exercício do poder, sujeitando a maioria às suas decisões, o que distorce e inviabiliza a democracia.

Isto é apenas o insidioso autoritarismo colocando seus ovos.

A ideia de que não temos uma verdadeira democracia porque temos injustiças e “participes privilegiados da ordem social” é uma armadilha retórica que traz subjacente a conclusão que não temos uma democracia, mas sim uma ditadura, o que nos leva de volta ao velho papo da esquerda de que minha ditadura é melhor que a sua.

A democracia é, por definição, uma obra em constante processo de inclusão de demandas, inclusive demandas sociais de origem socialista. Isto ocorre porque é da essência da democracia ser plural no que tange a seus atores, mesmo que de forma assimétrica. Até neste período relativamente curto da democracia brasileira, pós ditadura militar, é inegável que houve avanços na conquista de direitos por maiorias e minorias. Isto não quer dizer que está bom. Quer dizer apenas que a democracia, do ponto de vista legal e prático, traz nela o direito de reivindicar, de protestar, de exigir mudanças, de alternância de poder – tudo isto sem ruptura institucional e com a maioria vencedora tendo que respeitar os direitos das minorias derrotadas.

É preciso melhorar? Evidentemente. Temos uma verdadeira democracia? Por enquanto, sim. Mas se a realidade comprovável da democracia é alguma injustiça, a realidade comprovável de governos do socialismo real é a ausência de liberdade e injustiça bem distribuída.

No socialismo não existe pluralidade. Não existe direito de minorias. Não existe sequer direito. Onde ocorreu, vigora a restrição de liberdade em suas diversas formas, do direito de opinião ao direito de ir e vir.

Democracia é, na prática, sinônimo de democracia liberal, pois é a única que existe, que pode ser estudada, criticada, melhorada. É a baliza, a referência pela qual podemos estabelecer parâmetros de avaliação.

Já a “democracia socialista” é uma espécie de saci Pererê da ciência política: simpática, cultuada, tem muitos fãs, mas não passa de folclore.

Artigo de Paulo Falcão.

PS – Para quem deseja se aprofundar no tema, sugiro dois artigos.

Este primeiro analisa o verbete DEMOCRACIA do “Dicionário de Política” de Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino

QUANDO A PATRULHA IDEOLÓGICA COMPROMETE A LÓGICA.

O segundo faz um apanhado geral das principais divisões politico-ideológicas:

ESQUERDA x DIREITA: A TEORIA DAS GAVETAS OU COMO NÃO CHAMAR URUBU DE “MEU LÔRO”.

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