José Costa Leite (27/07/1927)
Natural da cidade de Sapé na Paraíba, José Costa Leite nasceu em 27 de julho de 1927. Filho de Paulino Costa Leite e Maria Rodrigues dos Santos, o poeta popular e xilógrafo vive em Condado, Pernambuco. Diz que nunca frequentou a escola, tendo aprendido a ler soletrando folhetos de cordel. Em relação à cidade escolhida para residir, o poeta revela em seu cordel intitulado Quem gostar de Terra boa só quer morar em Condado e justifica o porquê da escolha da referida cidade como se pode testemunhar nas estrofes que seguem:
A antiga Goianinha
Que é Condado hoje em dia
É a terra da magia
Que o povo sempre acarinha
Tem a cidade vizinha
Goiana no mesmo estado
Condado
É um lugar amado
A notícia sempre voa
Só quer morar em Condado.
É estrela da zona da Mata Norte
Da zona pernambucana
É a cidade da cana
Seu terreno é muito forte
Bom pra se pegar transporte
Tem carro pra todo lado
É o lugar apropriado
Onde não tem gente a-toa
Quem gosta de terra boa
Só quer morar em Condado.
Condado é terra da jaca
Manga, mamão, macaxeira
Pra população inteira
Até mesmo em Jararaca
A produção não é fraca
Dar cada inhame aloprado
Só vive contando loa
Quem gostar de terra boa
Só quer morar em Condado.
O Condado é bom demais
Pra quem planta agricultura
Pois é terra da fartura
E muita gente, aliás
Na lavoura vive em paz
Planta muito e tem lucrado
Lavoura no seu roçado
E canta dizendo loa
Quem gostar de terá (terra?) boa
Só quer morar em Condado.
Em 1947, ele começa a vender folhetos nas feiras do interior e, em 1949, publica seus primeiros títulos: Eduardo e Alzira e Discussão de José Costa com Manuel Vicente. Logo em seguida, improvisa-se xilógrafo, gravando na madeira a imagem que ilustra seu terceiro título: O rapaz que virou bode. Torna-se, assim, um profissional polivalente, exercendo todas as atividades ligadas à literatura popular: é poeta, editor, ilustrador e continua a vender folhetos, de feira em feira. Todavia, ele alerta:
O cordel já vem do sangue
Tinha recebido a seta
Da deusa da poesia
Numa paisagem direta
Olhando um dicionário
Pois não há Educandário
Que ensine a ser poeta.
Pois a pessoa já nasce
Trazendo a poesia
No dia que ele morrer
Ela vai em companhia
Pois a poesia é bela
O vivente nasce com ela
E no juízo ela se cria.
José Costa Leite, com sua poética peculiar, seduz pela forma como transita entre a poesia, a história e a ficção, fabulando em versos que representam e imprimem por meio da palavra sua cosmovisão de mundo (CABRAL, 2013). Deixa fluir uma sensibilidade que o faz caminhar por entre mundos reais e fantásticos. Seu olhar poético o faz se apropriar das coisas que estão à sua volta, retratando o Brasil e seu povo, ou seja, toda sua arte origina-se na realidade social relacionada sempre às condições de espaço, tempo, cultura e relações sociais. Com estes elementos, o poeta explora, inventa e transmite, por meio da linguagem, seus sonhos, utopias e desejos.
FONTES CONSULTADAS
CABRAL, Geovanni Gomes. Biografia, trajetórias e memória: histórias do poeta José Costa Leite. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 17., 2013, Natal. Anais… Natal, 2013.
CABRAL, Geovanni Gomes. Relatos orais, memória e narrativa: histórias do poeta José Costa Leite 1950-1960. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://www.encontro 2012.historiaoral.org.br/resources/anais/3/1340373289_ARQUIVO_ArtigoGeovanni-XIEncontroHistoriaOral.pdf>. Acesso em: 09 set. 2014.
CARVALHO, Márcia Ferreira de. A representação da mulher e de satanás em José Costa Leite. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ actas/article/viewFile/15862/9075>. Acesso em: 09 set. 2014.
MONTEIRO, Ênio Chaves; PIRES, Vera. Tautologia da xilogravura de cordel: oralidade, texto e imagem. Nau Literária, v. 1, n. 9, jan./jun. 2013.
OLIVEIRA JUNIOR, Rômulo José Francisco de. Como se consagra um mito?: representações do cangaceiro Antonio Silvino nos cordéis de José Costa Leite. Revista Tempo Histórico, v. 5, n. 1, p. 1-15, 2013.