Novas edições Clean Feed

CF159

Nobuyasu Furuya Trio Bendowa

Nobuyasu Furuya saxofone tenor, clarinete baixo e flauta
Hernani Faustino contrabaixo
Gabriel Ferrandini bateria

Nascido no Japão, mas vivendo entre Berlim e Lisboa, Nobuyasu Furuya está a agitar as águas do jazz e da música improvisada em Portugal seja com o seu sopro possante no saxofone tenor, lembrando as cascatas de som de Archie Shepp e Peter Brotzmann, ou com um controlo de energia e um rigor, sobretudo na flauta e no clarinete baixo, que nos remete para as cerimónias de chá, as árvores bonsai e os jardins de pedra do Japão. Na sua juventude um aprendiz de cozinha num templo budista Zen, Furuya começou por tocar música barroca europeia, mas cedo o free jazz centrou os seus interesses musicais. Também compositor de cena, tocou ainda em bandas noise e ska-core. Durante algum tempo, este multi-instrumentista de invulgares talentos estudou a música clássica otomana da Turquia, e essa experiência influenciou as suas futuras opções. No trio português de Nobuyasu Furuya encontramos o contrabaixista Hernâni Faustino e o baterista Gabriel Ferrandini, ambos músicos que tocam com as entranhas e o cérebro, uma combinatória não muito comum. O que se ouve neste “Bendowa” – o título de um livro escrito no século XIII por Dogen, o monge que fundou o Soto Zen – tem tudo para nos surpreender. “Toco porque tenho algo a dizer: pode ser silêncio e murmúrio, ou pode ser grito”, diz Furuya.

CF158

Júlio Resende Assim falava Jazzatustra

Júlio Resende piano
Perico Sambeat saxofone alto
Ole Morten Vagan contrabaixo
Joel Silva bateria
Desidério Lázaro saxofone tenor (tema 6)
João Custódio contrabaixo (tema 3)
Manuela Azevedo voz (tema 3)

Depois do sucesso do seu disco de estreia, “Da Alma”, vem a confirmação do elevado estatuto conseguido em apenas um par de anos pelo jovem pianista e compositor Júlio Resende com um segundo projecto, “Assim Falava Jazzatustra”. O quarteto base que lidera inclui o saxofonista alto espanhol Perico Sambeat, o contrabaixista norueguês Ole Morten Vagan e um baterista “da casa”, Joel Silva, mais alguns convidados nacionais: dois com crescente notabilidade no jazz, Desidério Lázaro no saxofone tenor e João Custódio no contrabaixo, e uma proveniente da pop, a cantora Manuela Azevedo (Clã). Neste opus, Resende propôs-se a si mesmo, e aos restantes participantes, que recusassem nas suas abordagens musicais tudo o que pudesse esconder ou alienar os seus estilos pessoais, na procura da maior autenticidade possível. No seguimento desse princípio, o grupo lida apenas com composições originais. Uma só excepção confirma tal regra: a muito curiosa versão “jazzy” de um clássico do rock, “Shine on You Crazy Diamond”, dos Pink Floyd. Ainda que o nome de Júlio Resende se destaque, todas as contribuições se revelam fundamentais. Ou não fossem Sambeat uma figura de topo da cena espanhola, seja adoptando o formato pós-bop ou fórmulas mistas de flamenco e jazz, Vagan um herdeiro do estilo de Charles Mingus requisitado por importantes nomes como Jonas Kullhammar e Bugge Wesseltoft, e Silva um dos novos valores da bateria em Portugal. A resultante música é fresca, ligada à tradição mas indo para além dela, sempre com soluções surpreendentes. Um feito em qualquer parte do mundo.

CF156

Pinton/Kullhammar/Zetterberg/Nordeson Chant

Alberto Pinton saxofone baritono e clarinete
Jonas Kullhammar saxofone tenor e baritono
Torbjorn Zetterberg contrabaixo
Kjell Nordeson bateria

O jazz ganha novas aberturas com este quarteto vindo da Suécia. A música adopta as gramáticas históricas do bop e da “new thing”, mas daí cresce um forte apetite pelo futuro. A energia e a forma são as mais importantes coordenadas musicais do projecto Chant, e o sentido de equilíbrio com que a banda articula estruturas compostas e improvisação, inspirando-se no jazz americano dos anos 1950 e 60, e muito especialmente na estética da Blue Note, está muito em evidência. Esta particular associação de músicos foi proposta pelo patrão da Clean Feed, Pedro Costa, e a sua primeira apresentação pública decorreu numa série de três concertos em Coimbra, durante a edição de 2008 do Jazz ao Centro – é o registo ao vivo desses concertos que encontramos aqui. Os músicos envolvidos representam o melhor que podemos encontrar na cena escandinava. Nascido em Itália, mas radicado em Estocolmo, Alberto Pinton é, sem dúvida, um dos mais importantes saxofonistas barítono do Velho Continente. Continuando as pisadas de Sonny Rollins, Jonas Kullhammar toca o saxofone tenor com garra, um som redondo e uma imaginação inesgotável. Torbjorn Zetterberg pode ser mingusiano no estilo, mas tem uma visão muito pessoal do papel a desempenhar pelo contrabaixo. O baterista Kjell Nordeson tem credenciais que sobram como um livre-improvisador, mas também sabe como swingar. Com uma elegância caracteristicamente europeia e um “drive” americano, “Chant” tem a particularidade de não confundir urgência com simplificação. Cada ideia é explorada até ao limite e esse factor exploratório faz maravilhas.

CF155

Zé Eduardo Unit Live in Capuchos

Zé Eduardo contrabaixo
Jesus Santandreu saxofone tenor
Bruno Pedroso bateria

CF154

Weightless A Brush With Dignity

Alberto Braida piano
John Butcher saxofone tenor e soprano
John Edwards contrabaixo
Fabrizio Spera bateria

Os artistas e os intelectuais britânicos têm um antigo fascínio pela cultura italiana, e por sua vez os italianos apreciam a forma como são vistos por escritores, poetas, pintores e cineastas da Inglaterra. É esse, inevitavelmente, o contexto deste esforço colectivo entre John Butcher e John Edwards, de um lado, e Alberto Braida e Fabrizio Spera, do outro. Raras vezes podemos encontrar Butcher num combo convencional com um saxofone à frente e uma secção rítmica de piano (o mesmo do quarteto de John Coltrane no início dos Sixties), mas que não haja qualquer equívoco: este não é o tipo de jazz para ouvir como fundo numa festa. A música contida em “A Brush with Dignity” exige a nossa total atenção, não por ser difícil (pode sê-lo algumas vezes, mas quem espera que a boa música seja “fácil”?), mas porque é intensa e necessita de ouvidos abertos, tempo e disponibilidade para ser usufruida. O que encontramos neste CD é inteiramente improvisado, mesmo que pareça composto com meticulosidade. Sem contradições de maior: é isto que fazem os mestres da improvisação, e todos estes quatro são especialmente dotados na sua arte. Não há um líder nem organização hierárquica, tudo acontecendo ao longo de um fluxo colectivo, e é por isso que os créditos vão para um grupo, Weightless de nome. Nenhum dos intervenientes tenta sequer iniciar uma “ego-trip”: esta é uma sociedade de iguais. O ouvinte fica mergulhado na magia da criação espontânea, com a consciência mantida alerta para poder apreciar cada surpresa que vai acontecendo.

CF152

Charles Rumback Quartet Two Kinds of Art Thieves

Greg Ward saxofone alto
Joshua Sclar saxofone tenor
Jason Ajemian contrabaixo
Charles Rumback

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