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Natação e cia.

Vingadores ou Homem de Aço

Vale mais a pena incentivar os filhos a praticar esportes coletivos ou individuais?

Os filhos começam a crescer e nós, como esportistas queremos que eles comecem a praticar algum esporte seriamente. Nessa hora aparece aquela dúvida: que esporte será melhor para os meus filhos? Devo incentivá-lo a jogar futebol, basquete, vôlei ou pólo aquático? Devo buscar uma boa equipe de natação, um bom técnico de tênis ou uma excelente equipe de ginástica?

Os pais buscam sempre o melhor para os filhos e também, como bons pais-corujas, querem ver o filho se destacando em suas atividades. O que eu acho legal do ambiente esportivo é que as crianças vão criando laços de amizade e vão aprendendo a ter objetivos comuns, crescendo num ambiente saudável e isso é o que vale para essa fase da vida, não importando se a prática é de um esporte coletivo ou de um esporte individual.

Eu enumerei alguns motivos para eu preferir os esportes coletivos:

  • O espirito de equipe é muito forte – a superação individual é grande para fazer o time vencer
  • As competições são mais animadas – as torcidas vibram muito mais e incentivam seus times
  • As competições são mais dinâmicas – os eventos têm uma duração curta e previsível, você sabe quando o seu filho vai jogar e o evento leva menos de uma hora
  • As competições são mais emocionantes – jogos disputados são muito legais de assistir, sendo uma ótima diversão para os atletas e para a torcida
Time de futsal do Clube Atlético Valinhense, onde meu filho é um dos 13 craques do time.

Time de futsal do Clube Atlético Valinhense, onde meu filho é um dos 13 craques do time.

Eu enumerei também alguns motivos para eu preferir os esportes individuais:

  • Todos participam – em competições todos têm a oportunidade de dar o seu máximo e têm o seu momento de glória. Ninguém fica no banco sem participar.
  • Os astros e os pebas têm o seu momento de glória – se o atleta é bom, ele vibra por ganhar uma medalha e se o atleta é peba ele vibra por melhorar o seu tempo
  • Juntar o grupo para treinar é mais fácil – é possível fazer bons treinos com mais um ou dois companheiros de equipe, não precisando juntar 10 ou 12 para treinar
  • Contusões são menos frequentes – apesar das lesões por esforços repetitivos, contusões por impacto não ocorem, possibilitando uma prática do esporte mais saudável e duradoura
  • Objetividade – é mais fácil saber quem é o melhor, pois o relógio mede o desempenho, não dependendo de critérios subjetivos para fazer parte do time
Concentração antes da prova de 25m nado livre.

Concentração antes da prova de 25m nado livre.

Existem também pontos negativos nos esportes coletivos e nos individuais, porém listei apenas os pontos positivos que eu considero importantes para mim. E para você, o que pesa mais nessa hora?

Minha conclusão é que quem manda mesmo é quem pratica o esporte, ou seja, a criança deve decidir o que é melhor para ela. Como pais nós podemos orientar e direcionar um pouco essas escolhas, incentivar nos momentos onde dá vontade de desistir e torcer muito pelos nossos pequenos esportistas. Ao meu ver, devemos dar a oportunidade para nossos filhos decidirem o que eles gostam de fazer, para que o esporte seja prazeroso para eles, proporcionando um ambiente saudável para desenvolver grandes amizades e fazer com que eles queiram praticar atividades físicas por toda a vida.

17 comentários em “Vingadores ou Homem de Aço

  1. Gustavo Pedrazzi
    27 de maio de 2013

    Carlão, esse tema é bem interessante…há algum tempo atrás sugeri aqui na AEM que fosse implementado a escolinha de esportes (ainda não vingou). Assim, a criança passaria por várias atividades – coletivas e individuais – durante a semana e conforme o avançar dos anos ela definiria seu esporte (provavelmente o que teria mais aptidão e afinidade). Como pai acho bem interessante ela vivenciar os dois…..abs!!!

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Eu sempre achei a idéia das escolas de esportes muito boa e importante para a criança vivenciar vários esportes para decidir o que gosta mais, mas na prática eu acho que acaba não funcionando muito bem. Não sei como é a metodologia atualmente, mas fazer um pouquinho de cada coisa acaba especializando pouco a criança. Como os melhores no esporte em geral são os americanos, acho que o modelo com temporadas definidas pode ser o mais adequado, onde tem um trimestre para um esporte, um trimestre para outro e vai trocando, mas sempre com foco principal em uma modalidade. O duro desse modelo deve ser quando a criança não gosta nem um pouco de basquete e tem que ficar 3 meses se dedicando a isso.

  2. rcordani
    27 de maio de 2013

    Bom tema Charlão.

    O mais legal da natação é a simplicidade: sai aqui, chega ali, quem bater a mão primeiro ganha, não dá muito espaço para subjetividades. E a pressão em um esporte individual é muito maior, duvido que algum jogador de basquete sinta a pressão que a gente sentia no momento em que o árbitro dizia “senhor juiz de partida, a prova está em suas mãos”.

    Mas por outro lado o mundo real está cheio de subjetividades, nesse caso o esporte coletivo promove um grande aprendizado dessas ferramentas.

    Uma terceira categoria é a dança, que mistura concentração, treino, espírito de grupo e arte.

    Mas no fim o que você disse é o que conta: o cara tem que fazer aquilo que mais lhe agrada.

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Eu não sei se a natação tem mais pressão do que os outros. Acho que quando o esporte é competitivo a pressão está sempre lá. Acho que quando a duração da prova ou da partida é maior, essa pressão fique um pouco mais distribuída. Sair mal em 50 livre acaba com uma prova, mas é praticamente irrelevante num triathlon. Errar uma cesta decisiva abala qualquer jogador e tomar um frango em uma partida deixa o goleiro devastado. Por isso o treino é fundamental, para diminuir a incerteza e reduzir essa pressão que só atrapalha. Um exemplo que eu sempre lembro é o Shaquille O’Neil, pois eu imagino o quanto ele treinava o lance livre, mas na hora H ele normalmente errava. Bota pressão nisso!

  3. Rodrigo M. Munhoz
    27 de maio de 2013

    Gosto muito do tema, Charles, e acho que sua conclusão está perfeita: Depende da criança. Só questiono uma coisa: Quão “Sério” queremos que eles sejam sobre esse esporte escolhido, seja ele qual for? Hoje os meus fazem atividades múltiplas no clube e acho que eles gostam mais de um negócio chamado “educação do movimento”. É uma gincana pra crianças 2 vezes por semana, organizada por monitores basicamente.. diversão garantida e ao mesmo tempo muito do que o esporte dá em termos de educação, condicionamento e coordenação motora. Mas eles crescem e acho que vai fazer falta um pouco mais de “competitividade” no cardápio. Ou não…?

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Eu acho que para motivar sempre é bom ter competição e que na competição deve-se ter a chance de ganhar. Teinar sem objetivo é muito ruim, tão ruim quanto treinar para perder de goleada. Também acho que esporte de alto rendimento acaba exagerando e afeta várias coisas, inclusive a saúde e o desenvolvimento de outros aspectos importantes para uma vida social futura, mas a decisão deve ser de quem pratica, com nossa ajuda para evitar exageros e manter o incentivo.

  4. Lelo Menezes
    27 de maio de 2013

    Boa Charlão. O tema é bem interessante e o dilema é bem real. Sua conclusão é perfeita – depende do atleta, mas quando que o “atleta” tem esse discernimento?

    Eu particularmente prefiro o individual, em particular a natação, porque gosto muito dessa coisa de evitar desculpas. Na natação quem bate primeiro ganha. Não dá pra botar culpa no fulano ou no beltrano. Além disso como você bem disse, o objetivo é individual. Enquanto alguns querem a medalha de ouro, outro querem melhorar o tempo, conseguir uma Final B, ou fazer o indíce para alguma competição. Enfim, ela pode ser satisfatória pra qualquer nível de atleta. Convenhamos que um zagueiro PEBA no futebol não tem essa liberdade toda de objetivos. Agora, o que mais me agrada na natação é o fato de ter também um forte apelo coletivo. Tem os revezamentos (eu particularmente curtia pra caramba nada-los), e tem a competição por equipe, que muitas vezes nos fazia sacrificar parte do individual por alguns pontos a mais para ajudar a colocação do time (isso foi muito claro pra mim nos EUA (NCCA)). Portanto acho que a natação tem o melhor dos dois mundo. Sou convicto disso? Não! Acho que tem muita discussão interessante sobre esse assunto. Uma vez alguém me perguntou se eu pudesse voltar no tempo, se eu faria tudo de novo. A resposta é não. Não passaria por alguns “sofrimentos” que a natação me impos na vida. Mas se eu pudesse mudar alguns detalhes, certamente seria novamente nadador. Quanto ao meu filho, quero botar o moleque pra nadar com certeza, mas quero evitar as pressões que eu tinha desde Infantil A. Não sei se é possível e quero deixar bem aberto pra ele escolher um outro esporte se a natação não for sua praia, mas que vai pelo menos tentar ser nadador, isso vai! Só vai apanhar se quiser ser poleiro…rsrsrsrsrs!

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Lelo,
      Eu sempre gostei mais do individual pois considero que não tem subjetividade nenhuma no esporte. Melhorou o tempo, missão cumprida. Errou a prova, toma dura do técnico. Mas atualmente estou gostando mais dos esportes coletivos, estou achando muito melhor para assistir. Acho que uma das vantagens da natação, de permitir que todos participem, acaba tornando a competição longa demais.

    • charlaodudo
      28 de maio de 2013

      O duro é que eu montei uns gols de pólo aquático e coloquei na piscina de casa e esse é um dos jogos preferidos do Breno. Acho melhor eu quebrar logo esses gols antes que seja tarde.

  5. Frederico Prudente Marques
    27 de maio de 2013

    Tenho um casal, gêmeos, 9 aos de idade. O homem era, e ainda é, meio avesso aos esportes. Mas , percebi que ele morre é de vergonha mesmo… de errar , de ser julgado etc. O sentimento mais específico que ele tem contra esportes é o frio na natação. A menina, apesar de sofrer um pouco também, como todo mundo, por causa de vergonha etc, não tinha tantos problemas pelo menos pra experimentar.
    Nessa dúvida de respeitar e até que ponto “forçar”, depois de muita conversa (e uma piscina aquecida), ele tá fazendo basquete e natação, tudo muito ligth, ainda sem competições. Mas acho que foi bom dar uma forçada pra ele ir se acostumando com algumas dificuldades.
    No caso todos concordam que ficar sem esportes não dá, não é?
    No entanto, pra escolher o tipo de esporte, penso que se deve respeitar o gosto da cça, mas devemos tentar enxergar se há dificuldades específicas em cada um. Por exemplo: se eu tivesse que escolher entre basquete ou natação, no caso do meu filho, mesmo eu “gostando” mais de natação por vários motivos, eu incentivaria o esporte coletivo, por se tratar de uma cça mais tímida … Talvez para minha filha, que tem uma dificuldade de concentração terrível, o individual fosse melhor… ele está na natação também agora.
    Abraços.

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Frederico,
      É muito difícil perceber a diferença entre “incentivar” e “forçar” e para cada criança isso funciona de um jeito diferente mesmo, como você já percebeu com seus filhos. Esperar que com 6, 7, 8 ou 9 nos eles já saibam o que é melhor para a vida não dá. Nem nós mesmos sabemos!
      Em vários momentos eu preciso forçar um pouco ou buscar formas diferentes de incentivo, principalmente para a natação, pois os meus dois filhos sempre querem faltar nas aulas. No dia do futebol meu filho está pronto e uniformizado às 7 horas da manhã. No dia da natação temos que tirar ele a força da cama.

  6. Ludmila Grammont
    27 de maio de 2013

    Essa é uma questão difícil de responder. Eu, como ex-nadadora, gostaria que meus filhos gostassem de natação mas ficarei satisfeita se eles gostarem de algum esporte. Atualmente o Bernardo está com 5 anos e faz natação e CAD no Pinheiros mas ele odeia os dois, prefere ficar em casa brincando. Natação não tem negociação até ele aprender a nadar por ser uma questão de sobrevivência, e o CAD ( que é a tal escolinha de esportes, onde as crianças aprendem um pouco de tudo) não sei até quando eu vou obrigá-lo a participar. Para mim, essa é a maior dúvida já que na minha opinião uma crianças de 5 anos não tem condições de saber o que é melhor pra ela. Então fica a dúvida: Até qual idade, nós pais, devemos forçar nossos filhos a praticar alguma atividade física? Quando eles vão ter condições de decidir por eles mesmos qual atividade querem realmente fazer?

    Mudando um pouco de assunto, todos os colunistas desse blog estão de parabéns, vocês conseguiram deixar as segundas-feiras menos chatas. 🙂

    • charlaodudo
      27 de maio de 2013

      Ludmila,
      Conseguir deixar as segundas-feiras menos chatas é uma excelente reconhecimento para nós! Muito obrigado!!!
      Minha filha está com 4 anos e meio e até o ano passado ela queria fazer futebol. Nesse ano que ela podia entrar na escolinha de futebol ela mudou de idéia e queria fazer balé. Por enquanto ela está bem animada e espero que continue assim. No meu caso a natação também é obrigatória até nadar razoavelmente bem e se eles quiserem continuar, dou todo o incentivo.

  7. Marina Cordani
    27 de maio de 2013

    Eu também sempre quis que meus filhos fossem nadadores, ou então que fizessem algum esporte competitivo. Até tê-los, e ver que não é tão simples assim. O João nunca foi tão hábil, e mudava de interesses. Fez vários esportes, individuais e coletivos, e hoje em dia tem habilidade suficiente para jogar qualquer coisa, mas sem ter treinado sério nada. Na verdade, o que ele mais treinou na vida foi skate, seu esporte do momento também, aos 19 anos. A Ana ensaiou vários anos no esporte competitivo, o tênis. Ingrato esse esporte, viu? Resolveu parar aos 14, já que não era apaixonada pelo esporte e nem pela turma do tênis. Já pensou todo aquele sacrifício sem gostar muito? Não vale a pena… Até dei força para ela parar, e o curioso é que ela nunca mais pegou em uma raquete! Hoje ela faz boxe, mas só como atividade física. Mas sabe nadar 3 estilos, aprendeu guitarra e piano, se dedica atualmente ao desenho, ao francês, e quer aprender japonês. Eles me ensinaram que há muitos tipos de vida que são legais. Não precisa ser esportista sério para ser feliz!

    • charlaodudo
      28 de maio de 2013

      Eu sempre gostei de ver os jogos de tênis, mas os treinos pareciam solitários. Lembro do Jaime Oncins treinando no Paineiras, one ele ficava várias horas por dia batendo bola com o técnico sem parar. Se bem que o pessoal do tênis também tirava sarro da gente que ficava o dia todo contando ladrilho na piscina. Pelo menos os tradicionais jogos de futebol Tênis x Natação que tinhamos no Paineiras acabaram sempre com a vitória da Natação.
      Essa parte da Ana nunca mais pegar em uma raquete acontece muitas vezes mesmo com o esporte de rendimento onde o esforço físico e mental acaba sendo exagerado. Era muito comum vermos aqueles super nadadores que repentinamente paravam de nadar e nunca mais deram uma braçada também.

  8. Fernando Cunha Magalhães
    27 de maio de 2013

    Charles, vc faz muito bem em proporcionar essas experiências ao Breno.
    As virtudes foram muito bem elencadas e não creio que seja necessário levar ao limite a discussão de qual o melhor.
    E concordo com a Marina de que embora seja sensacional (para mim) a prática do esporte competitivo não é condição sinequanon para uma vida ótima.
    Acredito, entretanto, que se deixarmos para as crianças decidirem tudo o que querem fazer elas não serão nada. A vida cobrará, o preço será altíssimo, eles nos cobrarão e nós nos culparemos sem ter a chance de voltar a trás.

    • charlaodudo
      28 de maio de 2013

      Obrigado Smaga!
      Ao meu ver, criança tem que aproveitar a infância para brincar e aos poucos devemos ir introduzindo atividades mais sérias, mas preferencialmente sem perder o lado da diversão. Eu sei que em um certo momento fica impossível e a diversão vai diminuindo com o tempo, mas sempre dá para esticar isso mais um pouquinho.

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Publicado em 27 de maio de 2013 por em Epicuro, Natação.
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