Menina-concha – parte 1

Olá, Galera!

Só tenho posts relacionados com o curso de Photoshop por enquanto. Uma das aulas foi para desenhar e outra para pintar um personagem. Fui escolher um personagem que descartei para o mangá, a menina concha.

Lá vou eu para um longa narrativa de como ela apareceu…

Quando era pré-adolescente tinha alguma fixação bizarra por sereias, muito antes do Pequena Sereia da Disney. Talvez porque meus pais sempre foram muito para praia e o mar tem esse poder de fascinar a gente. É o mar que preenche toda a vista, que toma o horizonte, mar poderoso, invulnerável, calmo e violento, musical. Acho que a personalidade do Mizutani vem muito de tudo isso.

Mas o Aquilo que o Oceano traz apareceu muito depois; antes disso eram apenas esboços de pessoas híbridas com criaturas marinhas. Claro que comecei com sereias e “sereios” (tem gente que fala que masculino de sereia é tritão, mas não concordo muito; algum dia entro nessa discussão).

O primeiro que desenhei não era de nenhum peixe específico, apenas um homem-peixe qualquer. Depois comecei a pensar nos personagens e a buscar referências na internet. Pensei que cada personagem teria um pouco da personalidade da criatura marinha com a qual era híbrida. Foi bem difícil achar informações sobre personalidade/temperamento de peixes.

Rapidamente apareceram ideias de pessoa-arraia, pessoa-tartaruga, pessoa-concha. Acabei não usando nenhum destes… apesar de serem divertidos para desenhar, a estética fica meio bizarra. O homem-arraia eu ia usar e acabei descartando, talvez ainda apareça como figurante   😛 . O homem-tartaruga me lembrou demais dos guardas de um desenho que assisti uma centena de vezes quando era criança (Sun Ukun: Uproar in Heaven).

E foi assim que apareceu a menina-concha. Era um dos muitos rabiscos no meu primeiro caderno de rascunho. No início do ano, decidi usar o desenho para treinar o uso de copic, cheguei a passar o desenho em uma folha para nanquim (ver o desenho inacabado no post Novo curso, antigos projetos), mas não cheguei a terminar. Finalmente resolvi usar para o meu curso de Photoshop.

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1. Silhueta 2. Rascunho 3. Rascunho 4. Blocagem e sombra 5. Desenho

Digitalizei o desenho, fiz a silhueta por cima, com algumas adaptações.O correto seria começar pela silhueta. Do meu ponto de vista, se a silhueta consegue ter identidade, se comunica algo, então estamos no caminho de um bom desenho. Ao fazer a silhueta, percebi que seria mais interessante deixar o braço de trás mais afastado da concha, por exemplo; também aumentei o volume do cabelo.

Screen Shot 2015-06-29 at 9.07.58 AM

Próximo passo, esboço do desenho. Testei com patas e sem patas, mas achei que as patas davam um visual muito “pesado” e um pouco assustador demais para um desenho que eu queria que fosse mais meigo.

Screen Shot 2015-06-29 at 9.08.03 AM

Daí vem blocagem. A blocagem é separar o desenho em estruturas geométricas para facilitar pensar as sombras. Ajuda também a verificar se alguma parte está “mal conectada”, ou seja, se erramos a conexão de partes, se os volumes parecem proporcionais, etc.

Screen Shot 2015-06-29 at 9.08.08 AM

Ainda no desenho da blocagem, aproveitamos então fara fazer o estudo de luz e sombras. Aproveitando que demos alguma tridimensionalidade ao desenho, é hora de pensar a direção da luz e onde essa luz não alcança. Para facilitar, a maioria dos desenhos de iniciantes tem apenas um foco de luz principal, o que facilita um bocado.

Screen Shot 2015-06-29 at 9.08.12 AM

Finalmente, o desenho final. Tenho diversas críticas a respeito do meu desenho: o traço não tem variação de volume, deixando o desenho com um aspecto estagnado. A concha está com uma inclinação que faz com que ela perda a sensação de ser sólida. O braço e a mão sobre o pescoço parecem mal posicionados, como se estivessem colados ao corpo.

Depois de umas puxadas de orelha pelo professor na correção do primeiro desenho (posicionamento dos seios, movimento do cabelo e estudo de sombra da concha), busquei um bocado de referências de caranguejo ermitão e conchas em geral, assim como cabelo embaixo d’água. Algumas referências também foram relevantes para outros pequenos detalhes, como roupa embaixo d’água, brilho no rosto e guelras.

Finalmente a etapa de coloração. Num próximo post tentarei detalhar o processo todo.

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Abraço!

3 pensamentos sobre “Menina-concha – parte 1

  1. Que incrível!
    Adorei esse processo de fazer o personagem.
    E Tem razão, como o Gintoki (Gintama ) diria: “um bom personagem é aquele que se reconhece por sua silhueta”.
    Sua pintura também é muito boa, omedetou. Como você o fez? Tentei fazer algo semelhante com um de meus personagens, as a pintura ainda fica muito simples (sempre que eu refaço)

  2. Precisa de paciência. Em alguns dias publico a segunda parte deste post (estou revisando), lá explico um pouco como fazer a coloração.
    Mas colorir foi a consequência de muitas horas de estudo e trabalho, e só conseguiria mesmo te explicar vendo alguma coloração sua que você mais gostou e explicando a partir daí.
    Não sei se te ajuda, mas acho que os principais passos para mim foram:
    – coragem e determinação… não apague muito, não olhe para trás, e, mesmo que pareça que não vai sair nada, continue insistindo na pintura!
    – busque por referências fotográficas, ao menos umas três para cada parte do desenho;
    – tudo o que você suspeita que vai mexer ainda, deixe num layer separado para não estragar com o resto que você já fez!
    – aceite seus erros e incorpore-os… mesmo se não ficou bem como imaginou, talvez o desenho fique bom assim mesmo no final das contas 😛

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