Leiloeiras a vender obras falsas em Portugal

Por  Letícia de Melo| Conservadora, Curadora independente e idealizadora da Incubadora de Artistas.

 

Hoje pela manhã recebi um telefonema de um cliente interessado em saber se a obra que acabara de comprar em um leilão em Portugal era falsa. Resolvi entrar em contacto com a leiloeira e recebi a informação que eles não são responsáveis por emitir um certificado de autenticidade após a compra.

Minha pergunta é: como assim? Esta e outras leiloeiras podem estar a vender obras de arte falsas como verdadeiras. Até aí, nenhuma novidade. Esta é uma realidade do mercado há séculos. Porém, ao solicitar um certificado de autenticidade, essa empresa legalmente constituída, nega-se e diz que quem deve dar o certificado é o fornecedor da obra, ou seja, aquele que colocou-a para venda com eles. Eles são meros intermediadores.

Alegam que se na descrição da obra diz que a mesma é atribuída ao artista tal, logo esta é. Acontece que uma descrição não comprova se uma obra de arte é verdadeira ou não, existem diversos factores que são levados em conta e uma das formas de se informar acerca destes factores é consultar profissionais de História da Arte e áreas correlatas.

Em um país onde um profissional em início de carreira para “entrar no mercado” é conduzido a trabalhar voluntariamente com a desculpa de “ser bom para o currículo” e não haver dinheiro para pagar pelo seu trabalho, amadores corruptos seguem a ganhar dinheiro de forma ilícita. Isto é uma vergonha!

Sempre existiram diversos mercados dentro do mercado de arte, mas o que nunca pode ser colocado em questão é a autoridade de uma pessoa que estuda durante anos a vida e a obra de artistas – que para ela são mais do que cifras. Talvez não possa ser confirmado em números, mas a história mostra que o impacto da arte na sociedade tem um valor bem maior do que o que vem sendo atribuído por estes comerciantes.

Que tal começar a denunciar leiloeiras que vendem obras duvidosas?

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