Desnudando Raul Seixas

Publicado: 25 de novembro de 2010 em Música, Music

DOCUMENTÁRIO
Desnudando Raul
O mito do rock será tema de documentário dirigido por Walter Carvalho, que estreia em janeiro

Raul Seixas começou imitando o ídolo Elvis Presley a partir do filme Balada Sangrenta (King Creole, 1958), que viu mais de 20 vezes. Mas em uma guinada brusca, depois de chegar ao Rio de Janeiro em 1972, ele misturou chiclete com banana, cinturão com abacate, rock e baião, construindo uma carreira fulgurante, veloz e meteórica, no curto período de 16 anos, até a sua morte, em 1989. Raul deixou a sensação de ser fugaz e eterno. O compositor baiano é o tema do documentário Raul Seixas, o Começo, o Meio e o Fim, dirigido por Walter Carvalho, com estreia marcada para janeiro de 2011.

– Será Raul Seixas em overdose, será uma injeção de estriquinina na veia – promete o diretor.

Carvalho queimou os neurônios para transformar as mais de 200 horas de material filmado ou pesquisado em uma hora e meia do filme. O diretor fez uma varredura pesquisando imagens em arquivos de emissoras de televisão, relíquias familiares e nos baús dos fãs. Há material em Super 8, em vídeo, em VHS e em fotos. O filme está enraizado na trajetória de Raul, no grupo Raulzito e seus panteras, na parceria com Paulo Coelho, no seu jeito de compor, de intervir no palco, de se relacionar com os amigos, o público, as cinco companheiras e as três filhas. Carvalho realizou filmagens em Salvador, São Paulo, no Rio de Janeiro, na Suíça e nos Estados Unidos.

Carvalho recebeu um convite dos produtores Denis Feijão e Jorge Peregrino, presidente da Paramount no Brasil. Mas o filme o recolocou em conexão com os tempos de adolescente na Paraíba, quando fazia a mesma coisa que Raul: cultuava Elvis Presley e assistia ao filme Balada Sangrenta para imitar o ídolo.

– Tenho a impressão de que se não existisse Elvis Presley, Raul não existiria – conta.

Raul foi uma espécie de clone ou cover de Elvis Presley até chegar ao Rio em 1972. Ele morava perto do consulado americano em Salvador e os filhos dos embaixadores traziam discos de rock para que ele ouvisse.

Lá, descobriu Elvis, aprendeu a falar inglês com a namorada Edith (filha de pai americano) e ensinou português para ela. Mas Raulzito só se tornou Raul Seixas depois que encontrou um ponto certo para misturar, rock e baião, Jackson do Pandeiro e Little Richard, Luiz Gonzaga e Bob Dylan. Ele conseguiu a façanha de agradar o público intelectualizado, as classes populares, os jovens e os mais velhos. Raul dizia que havia estudado filosofia só para provar como era fácil ser medíocre.

– Quando sacou que Jackson do Pandeiro tinha uma equivalência com Little Richard, ele deitou e rolou – comenta Carvalho. – Caetano e Gil já haviam colocado guitarras elétricas na Tropicália, mas foi Raul quem fez o cruzamento dos ritmos.

“Uma pessoa inquieta e criativa que só dura 16 anos”

O aspecto que o diretor considera mais revelador no filme é o da carreira veloz de Raul Seixas:

– É esta genealogia que a gente tenta trazer para o filme: o artista que tem pressa, libertário, provocador e criativo – comenta o diretor. – O que consigo revelar é uma pessoa inquieta e criativa que só dura 16 anos. Isso é a grande descoberta: como a sua carreira foi tão rápida, tão meteórica e como tudo permanece.

Raul morreu de problemas decorrentes do seu vício com bebidas alcoólicas. Mas seria uma sina de destruição do rock ou haveria outras razões? O filme não responde a essa pergunta explicitamente, mas, depois de mergulhar na vida de Raul, Walter Carvalho tem um palpite:

– Acho que Raul morreu por amor. Ele teve uma grande paixão, que foi a Edith, a primeira esposa, que ele abandonou no auge do sucesso. E quando a quis de volta, ela não o aceitou. Raul compôs a canção Medo da Chuva para a Edith.
SEVERINO FRANCISCO|CORREIO BRAZILIENSE

Raul Seixas tira a roupa em show em 1976

Raul Seixas tira a roupa em show em 1976

IN: http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,1124,3118677,15959

NOTA: Embora o artigo acima informe que o documentário será lançado em janeiro de 2011, não há ainda a confirmação da data oficial do lançamento do filme.

comentários
  1. […] This post was mentioned on Twitter by aninha bittencourt and CASA, Raul Seixas. Raul Seixas said: Desnudando Raul Seixas: http://wp.me/p1631F-bI […]

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  2. andre vinicius almeida disse:

    raul forever

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