ESTRADA PARA PERDIÇÃO

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10Mike Sullivan (Tom Hanks) trabalha como um matador profissional para o chefão do crime John Rooney (Paul Newman), a quem considera como um pai. Porém, quando seu filho (Tyler Hoechlin) testemunha um assassinato que o próprio Sullivan cometeu, Rooney ordena a morte de Sullivan. Esta ação é responsável por mudar o destino de todos os envolvidos para sempre.

Filmaço com todas as letras! ESTRADA PARA PERDIÇÃO é uma aula de como se fazer cinema de qualidade. Desde a direção primorosa de Sam Mendes (cujo filme anterior BELEZA AMERICANA ganhou 5 Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor para o próprio Mendes, em 1999), passando pelo roteiro impecável, baseado em uma Graphic Novel para adultos que fez muito sucesso nos EUA, e chegando até o elenco fantástico, ESTRADA PARA PERDIÇÃO seja talvez o melhor filme de 2002, tendo sido injustiçado no Oscar daquele ano (mesmo assim o filme foi indicado para 6 estatuetas, incluindo Ator Coadjuvante para o monstro sagrado Paul Newman em um de seus últimos papéis, e levando um, o de Melhor Fotografia, para Conrad L. Hall, que recebeu o Oscar de maneira póstuma, falecendo pouco depois do lançamento do filme). Realmente, a fotografia de Hall é um dos pontos mais fortes do filme. A sequência em que Sullivan ataca os capangas de Rooney em uma noite de tempestade, é uma das sequências mais incrivelmente fotografadas da história do cinema. Com a morte de Hall, o cinema perdeu um de seus melhores cinegrafistas de todos os tempos, indicado 10 vezes ao Oscar, e 3 vezes vencedor (por este ESTRADA PARA PERDIÇÃO, BELEZA AMERICANA e BUTCH CASSIDY & THE SUNDANCE KID). No elenco fenomenal, destacam-se, é claro, Tom Hanks, em um papel diferente de tudo que o astro já tinha feito até então, o de uma espécie de fora-da-lei. Um matador com princípios, digamos assim. Sua interpretação de poucas palavras, e a maneira com que Hanks “pensa” em cena, casam perfeitamente com o personagem aparentemente frio que este competente ator interpreta. Paul Newman, o maior astro do século XX, aqui já bem debilitado pela idade, ainda consegue transmitir do fundo de seus inconfundíveis olhos azuis, a medida exata de imponência que sua figura icônica sempre transmitiu. Duas cenas em particular, envolvendo estes dois monstros do cinema, se destacam entre tantas outras: A cena em que Hanks e Newman tocam piano, dividindo o mesmo teclado, é uma das cenas mais poderosas e inesquecíveis que eu consigo me lembrar da história do cinema. A maneira como estes dois magnânimos atores se comportam durante a cena, com gestos e sorrisos minimalistas, é um verdadeiro ode à arte da interpretação. Seria demais dizer que Hanks é o Paul Newman uma geração à frente? Sinceramente acho que não. A outra cena, mais carregada de emoções, é uma conversa entre os dois personagens, numa espécie de acerto de contas verbal. Aqui, Newman mostra que mesmo aos 78 anos de idade, ainda consegue causar um impacto emocional como poucos atores no mundo conseguem. Ainda no elenco, destaque para as outras duas pontas deste quadrado: Jude Law, que brilha no papel de um assassino sórdido e cruel, com suas unhas compridas além da conta, dentes amarelos e cabeça raspada, e o jovem Tyler Hoechlin (PASSE LIVRE), que interpreta o filho mais velho de Hanks. Se no início Hoechlin não fala muito, com o andamento do filme seu personagem cresce, e sua interpretação rende bons momentos de interação com Hanks. Uma curiosidade do elenco, fica por conta da presença de um Daniel Craig pré James Bond, no papel do filho de Newman, e pivô dos acontecimentos trágicos do filme. Mais um ponto alto do filme, é a música incidental, composta pelo fantástico Thomas Newman, compositor de trilhas para filmes como UM SONHO DE LIBERDADE, BELEZA AMERICANA e À ESPERA DE UM MILAGRE. Newman, assim como o diretor de fotografia Conrad L. Hall, também já foi indicado 10 vezes ao Oscar, e nunca levou nenhum. Já está na hora da Academia reparar essa injustiça. Apenas para lembrar, Sam Mendes é o diretor do novo 007: OPERAÇÃO SKYFALL, onde volta à dirigir Daniel Craig. SKYFALL está sendo aclamado como o melhor filme do espião James Bond em toda sua história. ESTRADA PARA PERDIÇÃO, por mais que possa parecer, não é um filme sobre criminosos. É antes de qualquer coisa, um filme sobre pais e filhos, e as complicadas consequências de seus atos.

VEJA O TRAILER DO FILME AQUI:

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