As Estatísticas de Michel Gauquelin

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A Pesquisa de Gauquelin e a Astrologia Clássica

Rodolfo Veronese

Michel Gauquelin foi um psicólogo francês que viveu no século XX e demonstrava grande interesse pela astrologia. Como todo o estudioso da sua época, tinha de enquadrar esse interesse no paradigma cartesiano da ciência moderna. Para isso acontecer, realizou um dos mais famosos estudos estatísticos sobre astrologia do século XX, com um vasto banco de dados de mapas natais, categorizados por profissões e que contou como campo a França e a Bélgica.

Hoje em dia, os estudiosos da astrologia não tem um interesse tão grande por estatística como havia na segunda metade do século XX. De fato, a pesquisa quantitativa e com gráficos deu lugar à pesquisa qualitativa, mapa-a-mapa, mais rica e subjetiva.

Há muitas razões para se abandonar a velha pesquisa quantitativa de milhares de mapas; uma delas já foi dita: olhando-se mapa-a-mapa, percebe-se as sutilezas que se perderiam numa visão geral. Todavia, durante muito tempo, um dos poucos argumentos contra a pesquisa quantitativa se embasavam em opiniões mal informadas dos estudos de Gauquelin.

Uma crítica a uma pesquisa estatística feita por alguém que não a estudou a fundo quase sempre é mal formulada. Ou a pessoa se baseia na crítica de outrem, ou ela não tem subsídios para interpretar a pesquisa e o faz erroneamente. Afinal de contas, se você acha astrologia um meio fechado e obscuro, de entendimento difícil, é porque você não conheceu ainda a matemática, principalmente sua filha mais feia, a estatística.

Estatística é o verdadeiro conhecimento hermético. Poucos conseguem efetivamente acessá-la. Sem uma grande experiência de análise, um leigo que lê uma pesquisa tem de depender inteiramente de estatísticos para interpretá-la. Isso me lembra das minhas aulas de Epidemiologia na faculdade de medicina: meus professores tentavam me ensinar a analisar e criticar um estudo, com base na análise dos dados. Como é tradicional em universidades, você passa na disciplina sem ainda entendê-la.

A estatística recebe de alguns o carinhoso apelido de ‘Matemática de Satanás’, porque com ela você pode provar a tese que desejar: basta distorcer muito as conclusões e fazer com que cubos caibam em buracos na forma de triângulos. A ética dos autores influi em muito nos resultados.

Um estudo relativamente recente no British Medical Journal detona toda a reputação da Homeopatia. Entretanto, alguns críticos da pesquisa tinham subsídios suficientes para perceber que o estudo foi mal desenhado e contém erros. Para a maioria das pessoas que odeiam a homeopatia, porém, é suficiente saber que tem um estudo que prova que ela não funciona sem, contudo, ter o trabalho de avaliá-lo com alguma imparcialidade. Assim caminha a humanidade e, contra a astrologia, nunca foi diferente. Tudo que fere a lógica cartesiana tende a sofrer essa perseguição – ou, melhor dizendo, negligência – na comunidade acadêmica.

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As Pesquisas de Michel Gauquelin

Marcelo Del Debbio

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Quando criança, Michel Gauquelin tinha um verdadeiro fascínio pela astrologia. Aos sete anos já sabia dizer qual o signo solar dos seus colegas de escola, se estes lhe revelassem a data do nascimento. Aos dez aprendeu com o pai a calcular o Ascendente. E assim chegou à adolescência lendo, devorando livros de astrologia. Não admira que os colegas de escola o chamassem de Nostradamus. Mas o prestígio que obtivera junto às meninas compensava qualquer piadinha ou gozação dos meninos.

À medida, porém, que o jovem Michel amadurecia, dentro dele crescia a necessidade de provas e demonstrações científicas. Foi quando se lançou em busca de datas e horários de nascimento para verificar se eram verdadeiras ou falsas as alegações da tradição astrológica. Segundo suas próprias palavras, “O pouco dinheiro que eu tinha, gastava em selos nas cartas que escrevia para os muitos cartórios de registro da França, solicitando horários de nascimento”. Gauquelin tinha em mente uma pesquisa de natureza estatística e precisava reunir dados suficientes para chegar a uma conclusão válida. Os primeiros testes focalizaram o simbolismo zodiacal: a influência do zodíaco na escolha profissional e a hereditariedade entre pais e filhos. Os resultados foram publicados em 1955, no primeiro livro, L’Influence des Astres, após cinco anos de trabalho.

Além da pesquisa centrada no zodíaco, que não foi favorável à astrologia, embora, como veremos em outro artigo, seu planejamento tenha sido no mínimo discutível, outro experimento, que mostrava a distribuição no espaço dos planetas do sistema solar, mais o Sol e a Lua, obteve um extraordinário sucesso. Calcularam-se as posições desses corpos celestes no horário de nascimento de médicos eminentes da Academia de Medicina da França, num total de 576 profissionais, tendo como resultado uma interessante correlação. Dois anos depois, repetiu-se o mesmo tipo de experiência, dessa vez com outros 508 médicos, e novamente as correlações se confirmaram. A grande “descoberta” foi que, dividindo a esfera celeste em doze setores, os planetas Marte e Saturno, e só eles, apareciam com maior frequência próximo ao nascer (surgimento no horizonte) e à culminação superior (passagem pelo meridiano local) no horário em que os futuros médicos vieram ao mundo. Essa frequência em dois dos setores demarcados superava em muito o que seria o esperado numa distribuição aleatória. O resultado, como veremos no segmento que explica a experiência, mostrava-se estatisticamente muito significativo, ou seja, a probabilidade de que esses dados fossem obra do acaso era remotíssima.

Outras profissões também foram avaliadas em relação aos planetas. Correlações significativas surgiram igualmente no nascer e na culminação de Marte para atletas, de Júpiter para atores e políticos, de Saturno para cientistas e da Lua para escritores e também para políticos. Entre 1956 e 1958, Gauquelin reproduziu o mesmo procedimento com amostras de outros países europeus: Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália. Mais uma vez observou o mesmo efeito, os mesmos planetas apareciam com frequência bem maior do que o normal nas proximidades do horizonte leste e da culminação superior no momento em que nasciam indivíduos que, no futuro, viriam a ser profissionais bem-sucedidos numa área específica. Havia também um pequeno aumento da frequência próximo ao ocaso e à culminação inferior. Os outros planetas do sistema solar, bem como o próprio Sol, componentes fundamentais da análise astrológica, não apresentaram correlação com nenhuma das profissões pesquisadas. Em 1960, Gauquelin publica Les Hommes et Les Astres, apresentando todos esses novos resultados.

Continuando a pesquisa, em 1966 ele publica o livro L’Hérédité Planetaire, mais um marco em sua carreira. Aqui são comparadas as posições dos astros na hora de nascimento de pais e filhos, segundo o mesmo método de divisão da esfera diurna utilizado para as profissões. Os planetas que ocupam a região em torno do nascer e da culminação superior no momento em que nascem os pais tendem a reproduzir essas posições no caso dos filhos. Estatisticamente, os valores novamente são muito significativos e o efeito planetário na hereditariedade vem reforçar o significado das experiências anteriores. Desta vez, o planeta Vênus também aparece como significativo nas correlações. Gauquelin ainda encontraria uma outra correlação interessante: entre a atividade geomagnética e a intensidade do efeito planetário na hereditariedade em termos de casos positivos. De acordo com os cálculos efetuados, o efeito planetário era aproximadamente duas vezes mais forte quando a criança nascia em dias de maior perturbação magnética, ou seja, as correlações envolvendo pais e filhos eram mais frequentes nesses dias. E se o parto (dos filhos) fosse por cesariana em vez de normal, a correlação diminuía sensivelmente.

No final da década de 60, Gauquelin deu um novo rumo a suas pesquisas. Os resultados de duas décadas de trabalho pareciam apontar numa direção bem mais promissora. Melhor do que relacionar profissões com planetas seria vincular esses corpos celestes com traços de personalidade típicos de pessoas que são bem-sucedidas numa determinada carreira. Afastava-se, assim, a incômoda ideia de destino, do “estar escrito nas estrelas”, que dava lugar a predisposições de natureza psicológica. Para alguém ter êxito numa profissão, e a pesquisa de Gauquelin nesse sentido só encontrou correlações estatisticamente válidas nos profissionais de alto nível, naqueles que atingiram o topo da carreira, é preciso possuir certas características praticamente indispensáveis a um desempenho competente no ofício. Por exemplo: executivos devem ter iniciativa e dinamismo (Marte), cientistas precisam ser disciplinados e introspectivos (Saturno), atores via de regra são extrovertidos (Júpiter), e assim por diante.

Antes de examinarmos com mais detalhes esta última etapa do trabalho de Michel Gauquelin, sem dúvida a mais importante, explicaremos alguns conceitos de astronomia necessários ao entendimento da metodologia utilizada. Depois poderemos apresentar a elaboração dos experimentos e, em seguida, qual o impacto que os resultados tiveram na comunidade científica, se é que houve algum.

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Esclarecimentos sobre a Pesquisa de Michel Gauquelin

De nova stella

Maurício Bernis

Debate travado entre o astrólogo Maurício Bernis e o jornalista Ricardo Bonalume na Revista da Folha de São Paulo

Pelo fato de estudar Cosmologia, Antropologia e Filosofia e me deparar inevitavelmente com o tema astrológico, tornando-se também um tema de meus estudos, recebi várias ligações telefônicas esta semana, todas motivadas pela mesma dúvida: quem foi, afinal, Michel Gauquelin? A sua pesquisa, afinal, confirmou ou desmentiu o corpo de afirmações astrológicas? Diante desta situação (e relendo novamente todos os textos que foram trocados entre os dois profissionais na Revista da Folha de número 505 e 507 no mês de fevereiro de 2002), percebi que em ambos não se esclarecia devidamente em que consistiu a pesquisa de Michel Gauquelin e, principalmente, quais foram as deduções que o meio acadêmico e astrológico tiraram dos resultados obtidos; deduções, estas, que se tornaram responsáveis por toda uma série de mal entendidos que se seguiram aos resultados da sua pesquisa e que, pelo o que vemos, permanece até hoje. O artigo que aqui escrevo visa a repor esta lacuna de modo que todos possam compreender porque a pesquisa ora parece confirmar a existência do fenômeno astrológico e, ora, parece desmenti-lo.

Vamos lá: o que podemos dizer sobre a vida de Michel Gauquelin de modo que possamos compreender os fatores que o levaram a desenvolver a pesquisa a que deu o nome de Cosmopsicologia? Que desde criança já manifestava interesse pela astrologia de cunho popular, que ficou ciente da importância da prova científica sobre o fenômeno astrológico quando passou a estudar psicologia e estatística na Sorbonne, e que foi o profissional contratado pelo observatório de Paris para comprovar que o fenômeno astrológico não existia.

A Cosmopsicologia – Michel Gauquelin

A princípio, Gauquelin se debruçou sobre as afirmativas e os resultados obtidos por outros astrólogos (Krafft, Choisnard e outros) e, para o seu dissabor, descobriu que os métodos destes pesquisadores tinham erros e que suas descobertas eram inválidas. Após muitos anos de esforço, descobriu que todas as afirmativas científicas feitas a favor da astrologia eram falsas, e que nem um único elemento da tradição astrológica resistia à avaliação estatística. Em suas próprias palavras, foi como ser traído pela amada. Tendo se desfeito de todas as afirmações contidas na astrologia de cunho popular, ou seja, da validade dos signos solares, ascendentes e etc. na composição do diagnóstico de uma personalidade, restava-lhe somente verificar a existência do fenômeno através de qualquer outra hipótese astrológica e, daí, resolveu analisar as duas hipóteses mais tradicionais existentes na doutrina astrológica: a herança familiar e a vocação profissional, sendo esta última aquela que o ocupou praticamente dos anos 50 aos 80 e diante da qual descobriu, com espanto renovado, que o nível estatístico encontrado ultrapassava em muito a margem do meramente casual.

Mas o que significa a hipótese da vocação profissional dentro da astrologia? Significa, em linhas gerais, que haveria certas configurações celestes que determinariam o temperamento do indivíduo e que este, por ter determinado temperamento, procuraria normalmente uma determinada profissão e não outra: os indivíduos mais introspectivos procurariam a área das letras, os mais reflexivos procurariam as áreas científicas, os mais expansivos procurariam a área política ou artística e os mais enérgicos procurariam a área militar ou esportiva e assim por diante. Para Gauquelin, teria de ser encontrado um padrão que comprovasse a relação existente entre astros e profissão, muito embora esta relação não fosse direta, pois ela se encontrava intermediada pelo temperamento humano. O que, para ele, não consistia num problema, mas sim, no início de uma possível solução: afinal, aqueles que conseguem se destacar em determinada profissão são aqueles que possuem as características mais adequadas a determinado exercício profissional, de modo que tal atividade se torna o prolongamento e a manifestação mais natural de determinado temperamento humano.

Para realizar tal empreendimento junto com a sua esposa, Gauquelin procurou disponibilizar de quase 15 mil mapas de notáveis profissionais e mais outros 12 mil de outros profissionais que não foram tão notáveis assim em sua carreira. Estudou-se 10 categorias profissionais de indivíduos que nasceram entre os anos de 1794 a 1945, certificando-se de que todos os fatores demográficos, astronômicos e sociais que estavam sendo levados em conta garantissem a menor margem de dúvida com relação a validade dos dados coletados, tornando este trabalho o mais severo e rigoroso já empreendido na área de astrologia neste último século. Todo este imenso trabalho foi realizado manualmente, sem o auxílio de um recurso de que dispomos atualmente: a informática. Mesmo assim, os resultados obtidos permanecem altamente significativos, apesar das inúmeras retificações e avaliações que foram feitas posteriormente por outros cientistas e pesquisadores.

Não será possível, neste curto artigo, expor todos os pormenores desta pesquisa, muito embora seja necessário mencionar as linhas gerais em que ela se desenvolveu e as descobertas realizadas. Por isso, o que devemos saber é que, ao calcular todos esses mapas que tinham em comum o grupo profissional a que pertenciam, descobriu-se que havia um padrão que se repetia em todo e qualquer caso, e que o índice era tão relevante e a repetição tão constante que o acaso não poderia estar em jogo para explicar o fenômeno.

Esse padrão foi conhecido inicialmente pelo nome de efeito Marte, e isto porque era ele quem revelava a existência de um fator que aparecia repetidamente no mapa de militares e esportistas expoentes: a presença do planeta marte ou no horizonte do observador, ou no zênite, ou no poente ou no nadir astronômicos, que correspondem respectivamente aos ângulos cardinais de maior significância em um mapa astrológico, a saber, o ascendente, o meio-do-céu, o descendente e o fundo-do-céu. A medida que a pesquisa foi avançando, descobriu-se que o mesmo padrão se repetia nos outros grupos profissionais, muito embora o planeta que entrava em jogo fosse outro: para o grupo dos políticos e atores, descobriu-se que Júpiter era o planeta que figurava numa destas quatro posições astronômicas; para o grupo dos filósofos e cientistas, descobriu-se a relevância do planeta Saturno; para o grupo dos literatos, a relevância da Lua. Estes padrões, altamente significativos do ponto de vista estatístico, estavam ainda completamente de acordo com a tradição astrológica que predica ao temperamento humano uma certa dominância planetária, a saber:

– que os indivíduos de temperamento expansivo e grandiloquente teriam Júpiter em posição dominante no mapa;

– que os indivíduos de temperamento reflexivo e detalhista teriam Saturno em posição dominante no mapa;

– que os indivíduos de temperamento intimista teriam a Lua em posição dominante no mapa;

– que os indivíduos de temperamento intrépido e ousado teriam Marte em posição dominante no mapa.

Desse modo, a pesquisa de Gauquelin comprovou, sem que se quisesse inicialmente, a hipótese da dominância planetária, muito embora sua pesquisa não abarcasse todos os planetas da tradição astrológica – e isto porque, ao tentar considerar o Sol, Vênus e Mercúrio, não encontrou um padrão que fosse igualmente significativo do ponto de vista estatístico. No entanto, como encontrava severas resistências para que o seu trabalho fosse aceito pela comunidade acadêmica européia, viu-se diante da obrigação de rever todo a sua pesquisa e prová-la sob outra perspectiva – o que tornou o seu empreendimento ainda muito mais interessante e inteligente do que já era.

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Monte-Synder, symbols and explanations

Introducción a los Archivos Gauquelin

Patrice Guinard

Quiero expresar mi agradecimiento a Françoise Gauquelin quien me ha dado su autorización para la reedición de los datos contenidos en los Documentos Científicos publicados por el Laboratorio de Estudio de las Relaciones entre Ritmos Cósmicos y Psicofisiológicos (L.E.R.R.C.P.) hace ahora 30 años. Ella desea poner estos datos a disposición de los investigadores, como está indicado en las Consideraciones generales redactadas en 1969. Los nombres de los deportistas, actores, músicos y otras personalidades no están mencionados. (Por ejemplo, los números 869, 1062, 1096 y 1168 del volúmen 1 correspondientes a los ciclistas campeones Raymond Poulidor, Walter Godefroot, Eddy Merckx y Herman Van Springel). Los ficheros de datos están publicados tal como los he recibido, a partir de disquettes que me han sido amablemente transmitidos por Françoise. Yo he corregido algunos pequeños errores, pero es posible que aún queden algunos.

El colosal trabajo de investigación en los registros civiles por parte de Michel y de Françoise Gauquelin, ha inaugurado la colecta moderna de datos de nacimiento, materia prima indispensable en la práctica horoscópica. Han sido continuados por otros investigadores como Lois Rodden en los Estados Unidos, Luc de Marré y Jacques de Lescaut en Bélgica, Suzanne Maurice en Francia, Grazia Bordoni en Italia, Arno Müller y Hans Taeger en Alemania. La recolección de estos datos de nacimiento de celebridades se ha convertido en una especialidad, pero la tendencia actual difiere un poco del método preconizado por los pioneros. En efecto, la recogida de datos se polariza en las efímeras pequeñas vedettes del espectáculo y de la actualidad, y ha abandonado un poco la investigación sistemática, laboriosa pero sin duda más legítima, en los anuarios, guías y diccionarios.

Arno Müller en su obra 612 berühmte Männer (Astro-Forschungs-Daten 2, Waldmohr, 1992, p. 12), ha organizado sus datos de nacimientos en 3 categorías: los hombres del arte (escritores, actores, músicos), los hombres de acción (militares, políticos, exploradores, deportistas) y los hombres del pensamiento (científicos, historiadores, filólogos, eruditos). Es la tri-partición correcta. Únicamente una cuarta categoría, moderna, parece escaparse un poco a estos tres campos de actividad: la gente del espectáculo, quienes monopolizan las revistas de actualidad y los medios de comunicación, y tienden a sustituir a las tres otras categorías. Estas personas son conocidas, a veces más que las que pertenecen a los otros sectores de actividad; son pobres artistas, conducen una acción que no desemboca en nada, y entregan un pensamiento que se nutre del pensamiento de los demás. La mayoría de los periodistas pertenecen a esta categoría, pero también numerosas pequeñas vedettes sin talento, que deberían pertenecer, en principio, a las tres otras categorías.

En la web del C.U.R.A. está en proyecto una base de datos de nacimiento. Ésta se limitará -al menos en un primer momento- a la tercera categoría, los hombres y mujeres del pensamiento, comprendiendo a matemáticos, físicos, químicos, astrónomos, astrofísicos, geólogos, botánicos, zoólogos, biólogos, paleontólogos, arqueólogos, antropólogos, etnólogos, economistas, geógrafos, demógrafos, historiadores, filólogos, eruditos, lingüistas, gramáticos, psicólogos, psiquiatras, pedagógos, sociólogos, juristas, orientalistas, filósofos, moralistas, teólogos, epistemólogos, pensadores diversos, esoteristas, ocultistas y puede ser que algunos astrólogos.

Introducción a los documentos científicos de Gauquelin (Serie A)

Consideraciones generales

La presente publicación fue realizada con el apoyo del Laboratoire d’Etude des Relations entre Phénomènes Cosmiques et Psychophisiologiques (Laboratorio para el Estudio de las Relaciones entre los Fenómenos Cósmicos y Psicofisiológicos). Estos volúmenes abarcan los miles de datos natales y planetarios que hemos reunidos desde 1949. El objetivo de la publicación consiste, primero, en mostrar la realidad de los datos sobre los que hemos basado nuestras conclusiones estadísticas, publicadas en diversos libros y artículos desde 1955, y, segundo, ofrecer a otros investigadores la posibilidad de verificar nuestros experimentos y emprender otros experimentos valiosos. En nuestro primer libro (Michel Gauquelin, L’influence des astres, étude critique et expérimentale, París, Le Dauphin, 1955), todos los datos fueron enlistados en un apéndice. Pero esta obra se publicó hace quince años, y desde entonces el número de nuestras observaciones ha crecido rápidamente. En consecuencia, resulta cada vez más importante dar a conocer todos los datos reunidos en los últimos veinte años.

L’influence des astres

La publicación se divide en dos series. La primera ofrece los datos natales, planetarios y geomagnéticos de profesionales de éxito; en la segunda se dan los mismos datos de padres e hijos. Describiremos brevemente de qué manera y por qué se reunieron estos datos experimentales.

Factores exógenos y vocación profesional: Una investigación iniciada en 1949 sobre varios miles de profesionales de éxito nos llevó a observar una relación, muy significativa desde el punto de vista estadístico, entre la hora diaria de nacimiento y ciertos factores del ambiente cósmico. Nuestra metodología se detalla en otro lugar, al igual que nuestros resultados estadísticos y nuestra conclusión. Resumiremos aquí los principales pasos de nuestro trabajo.

El efecto observado parecía relacionarse con el movimiento diurno de los cuerpos celestes del sistema solar: la Luna, Marte, Júpiter y Saturno. En el momento del nacimiento de los profesionales de éxito, las posiciones planetarias se distribuyen de una manera que difiere significativamente de las pautas obtenidas con los grupos de control, formados por personas comunes. En particular, los individuos que más adelante adquieren fama en una actividad profesional suelen nacer poco después de que uno de tales cuerpos se eleva o culmina durante su movimiento diurno.

Las actividades profesionales estudiadas corresponden a amplias categorías de intereses humanos (ciencia, arte, literatura, política, fuerzas armadas, deportes y demás). La correlación estadística varía de acuerdo con los diferentes grupos y planetas. Sin embargo, para cada grupo, los resultados fueron los mismos en todos los experimentos realizados, primero en Francia y luego en otros cuatro países europeos: Italia, Alemania, Bélgica, Holanda. Estas observaciones fueron referidas a numerosos científicos. Hasta ahora, éstos no han podido hallar un instrumento que explique los efectos observados fuera de la intervención de un factor cósmico exógeno.

Los datos natales y astronómicos de los grupos de profesionales que muestran una correlación planetaria, es decir, más de 15.000 nacimientos, forman la primera serie de volúmenes de esta publicación (Serie A).

Efecto planetario y temperamento psicofisiológico: Con el fin de entender mejor nuestros primeros resultados, formulamos después de 1955 la hipótesis de que los factores estadísticos que se habían puesto de manifiesto serían la expresión de algunas pautas caracteriológicas y temperamentales de las personalidades estudiadas. Emprendimos un extenso estudio de los millares de biografías ya recabadas de los profesionales. Esto nos llevó a observar que, aunque insuficiente para describir el carácter en su conjunto, nuestro efecto parecía reflejar en cierta forma una tipología de los temperamentos.

El análisis, la descripción y la definición de los tipos, que surgieron de nuestro material, se basan en los métodos de las correlaciones y los análisis factoriales, y están aún bajo estudio. Esta amplia investigación justifica la publicación de todos nuestros datos natales, como una referencia objetiva.

Sensibilidad genética a los factores exógenos: Por la psicología moderna sabemos que hay cierta base hereditaria para las disposiciones del carácter y el temperamento. Desde 1959 hemos supuesto que el efecto observado podría ser consecuencia de una específica sensibilidad hereditaria del organismo humano a las fluctuaciones de los factores planetarios en el momento del nacimiento. Esos diversos niveles de sensibilidad a los factores cósmicos son tan comunes en los seres humanos como en los animales. En el momento del nacimiento, se revelaría cierta sensibilidad temperamental de acuerdo con el temperamento heredado: algún factor ambiental provocaría que el individuo naciera a una hora dada en vez de otra. Esta acción de los factores cósmicos en el momento del nacimiento reflejaría el temperamento heredado.

Había que poner a prueba esta hipótesis. Utilizando métodos estadísticos, debíamos buscar similitudes hereditarias, en las posiciones diurnas de la Luna y los planetas más cercanos, entre las horas de nacimiento de padres e hijos.

El efecto planetario de la herencia: Un estudio estadístico realizado entre 1959 y 1965 de más de treinta mil nacimientos ha demostrado, en concordancia con esta hipótesis, que existe entre los niños una tendencia hereditaria a nacer bajo las mismas condiciones cósmicas que prevalecían cuando sus padres nacieron. Éste es un rasgo del periodo de revolución terrestre de 24 horas, y entraña a los cuerpos más cercanos o pesados del sistema solar, es decir, la Luna, Venus, Marte, Júpiter y Saturno; en el momento del nacimiento de los hijos, estos cuerpos se encuentran en la misma posición diurna que ocupaban en el momento del nacimiento de los padres. En particular, existe la tendencia de que los hijos nazcan después del ascenso o la culminación de uno de los cuerpos celeste, si la misma circunstancia se dio en el nacimiento de uno de los padres. Este fenómeno se denomina “el efecto planetario de la herencia”. Todos los detalles acerca de la metodología y los datos numéricos de estos experimentos fueron publicados en varias ocasiones. Nos limitaremos a señalar que tal efecto no se produce si el parto no fue natural, y que la correlación estadística disminuye según la distancia entre los planetas y la Tierra. Es muy marcada para la Luna, Venus y Marte, se vuelve menos importante para Júpiter y Saturno, y resulta casi imposible de detectar para los planetas más distantes, a saber, Urano, Neptuno y Plutón. La correlación también desaparece con respecto a Mercurio, el planeta más pequeño del sistema solar. Tal efecto, aparentemente relacionado con la distancia y la masa, sugiere la naturaleza física del fenómeno.

El conjunto de datos natales y planetarios de padres e hijos utilizado para investigar el efecto planetario de la herencia, es decir, más de 20.000 nacimientos, forman la segunda serie de los volúmenes de esta publicación (Serie B).

Actividad solar y efecto planetario: Puesto que el efecto planetario parecía encontrar su explicación en una sensibilidad genética a los factores ambientales, buscamos una posible relación con la actividad solar. Una de las medidas más precisas de la influencia de la actividad solar diaria sobre la Tierra consiste en el índice de actividad geomagnética Ci.

En una nueva revisión del conjunto de datos natales, comparamos el efecto planetario de la herencia diario con el índice geomagnético Ci, el cual parece guardar una fuerte relación con ese efecto planetario (Michel Gauquelin, L’hérédité planétaire, París, Denoël, 1966). El efecto aumenta al incrementarse la actividad geomagnética. La consecuencia es que el número de similitudes hereditarias es dos veces más frecuente cuando el niño nació en un día con perturbaciones (Ci superior o igual a 1,0) que cuando el niño nació en un día de calma (Ci inferior a 1,0).

La comparación diaria del efecto planetario con R, número relativo de manchas solares, también indica un aumento del efecto cuando R se incrementa. Pero este aumento es de menor amplitud que el observado con la actividad geomagnética.

El hecho de que el efecto planetario parezca estar relacionado con la actividad geomagnética lleva a buscar otras explicaciones físicas posibles. La Luna y los planetas más cercanos, de mayor masa, podrían producir una perturbación diurna del campo solar suficiente para que el niño la sienta durante la crisis del parto, y esto sería proporcional a la actividad solar. La naturaleza de tales perturbaciones y sus repercusiones biológicas específicas siguen siendo desconocidas. Sin embargo, algunas observaciones recientes podrían llevarnos a dar los primeros pasos hacia una explicación futura en la astrofísica y en la obstetricia (Michel Gauquelin, The Cosmic Clocks, Chicago, 1967).

Conclusión

En conclusión, el efecto planetario de la herencia se presenta, en nuestra opinión, como un caso particular de las relaciones entre los factores solares y los terrestres en la biología. En esta instancia, la herencia y el ambiente parecen estar vinculados: en el momento de su nacimiento, los individuos de la raza humana reaccionan a los cambios del ambiente cósmico de acuerdo con una sensibilidad específica que han heredado de sus padres. Los seres humanos que parecen poseer diferentes tipos de sensibilidad se corresponderían más adelante, durante el transcurso de su vida, con comportamientos bien definidos a nivel biológico y psicológico. Por consiguiente, el efecto planetario de la herencia apareció como la manifestación inesperada de una cierta clasificación de tipos psicológicos. Nuestra investigación conduce a una tipología, de origen genético, que determina las reacciones hacia el ambiente cósmico.

Michel y Françoise Gauquelin
París, 1949-1969

Consideraciones técnicas

Nuestro propósito principal era establecer un método totalmente objetivo que pudiera ser verificado por otros en cada paso: 1) la recopilación de datos; 2) la computación astronómica; 3) el tratamiento estadístico. Ésta parece la única forma de probar la validez científica de nuestras observaciones. No discutiremos aquí en detalle la metodología completa; el lector interesado puede encontrarla en diversas publicaciones (Michel y Françoise Gauquelin, Méthodes pour étudier la répartition des astres dans le mouvement diurne, París, 1957). En este espacio sólo daremos indicaciones generales para facilitar la comprensión de los datos publicados en este volumen.

Diccionarios biográficos de profesionales: Los nombres de las personas incluidas en esta serie se tomaron de diccionarios biográficos o publicaciones similares. Por lo general, estas obras dan la fecha y el lugar de nacimiento de cada persona enlistada. Son la mejor garantía de la naturaleza científica de nuestro trabajo debido a tres razones:

Objetividad: Estos diccionarios fueron escritos por personas que nada tienen que ver con nosotros y con propósitos diferentes a los nuestros.
Homogeneidad: Todos los miembros de un grupo presentan un factor común: tuvieron éxito en la misma profesión.
Gran número: Un solo diccionario biográfico permite reunir los nombres de cientos y hasta miles de personas famosas.

No obstante, como lo señalamos en nuestra primera publicación, el éxito en una actividad profesional es sólo un criterio de análisis conveniente, y no puede ser considerado como una explicación directa de los efectos estadísticos observados.

La búsqueda de obras biográficas, tanto en Francia como en otros países europeos, planteó a menudo serias dificultades. Por consiguiente, la abundancia o la exigüidad de algunos grupos profesionales refleja la riqueza o la pobreza de las fuentes biográficas que logramos localizar. Utilizamos todas las obras encontradas, sin omitir ninguna arbitrariamente.

También fue necesario evitar una selección arbitraria de los datos recopilados. Siempre que fue posible, se tomaron en cuenta todas las personas enlistadas en los diccionarios. Pero algunas obras contenían un número tan vasto de entradas que el criterio de notoriedad profesional no se respetaba. Fue entonces preciso hacer una selección para diferenciar a los individuos reconocidos de los oscuros. Se definieron criterios objetivos de selección y, una vez adoptados, se mantuvieron a lo largo de toda la investigación. Aun más, también reunimos a las personas poco conocidas en los grupos de control nacidos en los mismos años que los famosos. Por falta de espacio, los grupos de control no se publican en esta serie, pero podrían ser publicados en el futuro. En cada volumen de esta serie se ofrecen las referencias bibliográficas precisas y los criterios de selección adoptados para cada país.

Información de los registros civiles: Los efectos estadísticos observados varían de acuerdo con el movimiento diurno de los planetas. Fue, pues, necesario conocer la hora de cada nacimiento. Este dato se encuentra anotado, junto con la fecha y el lugar de nacimiento, en los archivos de los registros civiles. Escribimos al registro civil de cada lugar de nacimiento indicado en los diccionarios biográficos para obtener la confirmación de la fecha y la precisión de la hora de nacimiento. Todas las respuestas recibidas de los registros civiles se encuentran en nuestros archivos. Desde luego, no siempre obtuvimos la información requerida. Sin embargo, para cada caso que limitó el número de datos, podemos ofrecer una justificación. Las principales limitaciones se debieron a:

-documento incompleto en el registro civil (por lo general, omisión de la hora de nacimiento);
-el nombre de la persona en cuestión no aparecía en el registro civil indicado por el lugar de nacimiento en el diccionario;
-negativa a dar información (casos raros, salvo en Alemania);
-no se recibió respuesta del registro civil (muy rara vez).

Señalemos finalmente que el grado de confiabilidad que amerita la información proporcionada por los registros civiles de Europa fue objeto de un estudio especial en relación con cada época y país. Este grado de confiabilidad demostró ser suficiente para permitirnos dar evidencia estadística de efectos como los que observamos (Françcoise Gauquelin, en Population, 14 (4), 1959).

El número de individuos que conforma nuestro conjunto excede los 15.000. Fueron reunidos en Francia, Italia, Alemania (exclusivamente Alemania Occidental), Bélgica y Holanda. Abarcan de 1793 a 1945 (sólo en casos excepcionales tomamos en consideración los nacimientos previos a 1800, ya que en general parecían declarados deficientemente en el registro civil), y la mayoría se ubica en la segunda mitad del siglo XIX y principios del XX. La fecha de fundación de los registros civiles, al igual que la indicación de la hora de nacimiento de los certificados, varía de un país a otro. En Francia, el registro civil se creó en 1793; en Bélgica y Holanda, Napoleón lo introdujo unos años después, lo mismo que en la ribera occidental del Rin (Alemania) y en la región de Nápoles y Sicilia. Pero en el territorio principal de Italia, el registro civil se remonta sólo a 1866, y en Alemania, a 1876. El problema varía frecuentemente de una provincia a otra, e incluso de una ciudad a otra. Con respecto a los hechos generales que aquí se exponen, muchos detalles se han injertado, lo cual se discute en otro lugar. Desde luego, cuanto más reciente es el registro civil en un país dado, menos datos pudimos recopilar allí.

Los datos natales publicados en esta serie se corresponden aproximadamente con los resultados ofrecidos en 1960 (Michel Gauquelin, Les hommes et les astres, París, Denoël, 1960). Pero desde entonces se añadieron otros nacimientos a ciertos grupos, especialmente en Francia, y se hicieron necesarias algunas modificaciones o, incluso, supresiones después de las nuevas revisiones y verificaciones. En consecuencia, parecía interesante publicar un reajuste de los resultados cifrados; éste se hará en el último volumen de la colección.

Les hommes et les astres

Datos astronómicos: El cálculo de los datos astronómicos correspondientes a los nacimientos reunidos se basó en las siguientes tablas astronómicas: Annuaire du Bureau des Longitudes, Annuaire de Flammarion, Connaissance des Temps. De este modo, las posiciones relativas al horizonte y al meridiano de los cuerpos celestes, con respecto a la fecha, la hora y el lugar de cada nacimiento, pudieron situarse en treinta y seis sectores. En la presente publicación, se da la posición por sector de la Luna, Venus, Marte, Júpiter y Saturno.

Definición de un sector: Cuando, durante su movimiento diurno, el paralelo descrito por un astro con respecto al ecuador celeste cruza el horizonte, el astro está ascendiendo o descendiendo. Estos dos puntos dividen el paralelo en un arco diurno y en un arco nocturno. El análisis estadístico de la distribución de los astros observados para muchos nacimientos exige que el paralelo descrito por los astros se divida en un cierto número de sectores. Nuestra división de los paralelos estelares constó de 36 sectores, permitiendo su agrupamiento en 18 o 12 sectores, que fueron los más frecuentemente usados en nuestros escritos. Numeramos estos sectores de 1 a 36, comenzando por el ascenso del astro y continuando en el sentido de las agujas del reloj para seguir el movimiento diurno. El arco diurno y el nocturno se dividen así en 18 sectores.

Por ejemplo, el 15 de diciembre de 1921, de acuerdo con las efemérides astronómicas, el planeta Marte salió en París a las 2:27 horas y se puso a las 13:22, por lo que permaneció arriba del horizonte durante 655 minutos, y 36 minutos (655/18) en cada sector diurno; y debajo del horizonte durante 785 minutos, alrededor de 44 minutos (785/18) en cada sector nocturno.

Posición de un planeta por sector: Por definición, Marte se encuentra entonces en el sector 1 durante los primeros 36 minutos después de haber salido (en nuestro ejemplo, de las 2:27 a las 3:03), en el sector 2 durante los siguientes 36 minutos, y así sucesivamente, hasta que se pone; se encuentra en el sector 19 durante los primeros 44 minutos después de su puesta (de 13:22 a 14:06), en el sector 20, durante los siguientes 44 minutos, y así sucesivamente.

Por lo tanto, si una persona nació el 15 de diciembre de 1921 en París,

-a las 3:00, nació con Marte en el sector 1,
-a las 14:00, nació con Marte en el sector 19.

Para los cientos de nacimientos de un grupo dado, y para un determinado planeta, la misma operación realizada N veces nos dice en cuántas ocasiones el planeta se encuentra en el sector 1, el sector 2, …, el sector 36. Habremos así establecido nuestra distribución experimental.

Tablas de los sectores: Sin modificar esta definición de los sectores ni la posición del planeta dentro del sector, utilizamos un método estandarizado que nos permitió emplear una sola tabla para los diez cuerpos del sistema solar. Los principios que nos permitieron establecer estas tablas, y las tablas resultantes, fueron publicados con todo detalle en nuestro libro sobre los métodos y otros escritos. En dos ocasiones pudimos demostrar que este método estandarizado no modificó los resultados ni sus implicaciones estadísticas.

Perturbaciones geomagnéticas: El valor de las perturbaciones geomagnéticas es Ci, índice magnético internacional publicado por J. Bartels a partir del 1 de enero de 1884. Este valor se encuentra indicado para todos los nacimientos acaecidos después de esta fecha.

Tratamiento estadístico de los datos: Los datos astronómicos publicados en este volumen consisten en las posiciones de los cuerpos celestes pertinentes para cada fecha, hora y lugar de nacimiento examinados. Nos ofrecen las distribuciones experimentales de estos cuerpos. Para el uso estadístico de los resultados, las distribuciones experimentales deben ser comparadas con las distribuciones teóricas correspondientes. La computación de las distribuciones teóricas se basa en los movimientos astronómicos de los planetas y las condiciones demográficas ocasionadas por la distribución irregular de los nacimientos durante las 24 horas del día.

El tratamiento estadístico consiste en comparar las frecuencias esperadas con las observadas de cada distribución, según la hipótesis que se formuló antes de iniciar el estudio. Los problemas de este tratamiento estadístico fueron discutidos en varias publicaciones. En el último volumen de la presente colección se darán las distribuciones experimentales y teóricas de los cinco cuerpos celestes estudiados en cada grupo profesional, y el valor probabilístico de las principales desviaciones registradas.

Hora legal y horario de verano: El problema de la hora legal en uso durante las diferentes épocas en los cinco países estudiados mereció toda nuestra atención, al igual que el horario de verano. A lo largo de la investigación sobre los profesionales de éxito, hemos supuesto que, desde su introducción en 1916, la hora de nacimiento se declaraba en el registro civil de acuerdo con el horario de verano. Pero diversas indagaciones mostraron que éste no era siempre el caso. Durante nuestro experimento sobre la herencia, realizado en Francia a partir de 1960, un análisis especial de este problema nos llevó a tomar en consideración el horario de verano en algunos casos bien definidos (véase Serie B: presentación de los datos).

Control de los cálculos: Todos los cómputos se realizaron con sumo cuidado y los repetimos dos veces. Pero temiendo que persistieran algunos errores, le pedimos a otro especialista, Jacques Reverchon, que volviera a verificar los cálculos necesarios para la presente publicación. Jacques Reverchon es conocido en Francia como autor de las efemérides astronómicas y, por lo tanto, se encuentra muy bien familiarizado con las dificultades de tales cómputos. Convino en revisar otra vez todo este trabajo. Queremos expresarle aquí nuestro agradecimiento por su importante labor. Una cuidadosa comparación de sus resultados con los nuestros tendrá por resultado, esperamos, una absoluta precisión de los datos astronómicos.

Presentación de los datos

En nuestros archivos, cada nacimiento tiene una ficha con todos los datos tomados del regristro civil y del anuario astronómico que se necesitan para la computación estadística. De estas fichas, seleccionamos los siguientes datos para publicarlos en esta serie (x):

-Nuestras fichas también contienen: la posición de los sectores diurnos del Sol, Mercurio, Urano, Neptuno y Plutón, así como diversos hechos biográficos y caracteriológicos. Estos datos complementarios podrían publicarse más adelante.

Primera parte: lista nominal. En un grupo dado de profesionales, cada nacimiento lleva un renglón, en el cual se anota, de izquierda a derecha:

-El número que corresponde al nacimiento en nuestros archivos. La lista sigue un orden alfabético y está clasificada por país. A veces pareció necesaria una subdivisión.
-Apellido, nombre, fecha, hora y lugar de nacimiento, seguido por el departamento o distrito.

Segunda parte: datos planetarios. Por cada nacimiento anotado aparece, de izquierda a derecha:

-El número que corresponde al nacimiento en nuestros archivos.
-El sector del movimiento diurno que, en el momento del nacimiento, ocupaban la Luna, Venus, Marte, Júpiter y Saturno. El número de este sector (de 1 a 36) se indica bajo la inicial de estos cinco cuerpos celestes: L, V, M, J, S.
-El valor del índice magnético internacional Ci para el día del nacimiento, si éste tuvo lugar después del 1 de enero de 1884 (Ci no está calculado para antes de esta fecha).

Nacimientos correspondientes a grupos diferentes de profesionales: Algunas personas se citan en diccionarios que corresponden a grupos diferentes de profesionales. Nos vimos obligados a considerarlos en cada grupo en que se mencionaban, pues no había nada que nos permitiera excluirlas de uno y otro grupo. Su nacimiento y los datos astronómicos se publican en el primer grupo en que aparecen. En los volúmenes siguientes, donde también deben ser mencionadas, sólo se ofrecen las referencias precisas de la publicación previa.

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Bibliografía Selecta
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4. Comité Belge pour l’Investigation Scientifique des Phénomènes réputés Paranormaux (enquête en cours depuis 1967).
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7. GAUQUELIN F. (1968): II° Symposium International sur les Relations entre Phénomènes Solaires et Terrestres en Chimie Physique et dans les Sciences de la Vie, 1-7 Sept. 1968, Université de Bruxelles.
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10. GAUQUELIN M. (1959): Zeitschrift für Parapsychologie und Grenzgebiete der Psychologie, 3 (1): 10-29.
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12. GAUQUELIN M. (1961/62): Zeitschrift für Parapsychologie und Grenzgebiete der Psychologie, 5 (2/3): 168-193.
13. GAUQUELIN M. (1966): L’Hérédité Planétaire, Préface du Professeur G. Piccardi, Directeur de l’Institut de Chimie Physique de l’Université de Florence (Italie), Denoël, Paris.
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15. GAUQUELIN M. (1968): II° Symposium International sur les Relations entre Phénomènes Solaires et Terrestres en Chimie Physique et dans les Sciences de la Vie, 1-7 Sept. 1968, Université de Bruxelles.
16. GAUQUELIN M. (1970): La Caractérologie, P.U.F., N°11.
17. GAUQUELIN M. (1970): Zeitschrift für Parapsychologie und Grenzgebiete der Psychologie, 13 (à paraître).
18. GAUQUELIN M.et F. (1957): Méthodes pour étudier la répartition des astres dans le mouvement diurne, Préface de Jean Porte, Administrateur à l’I.N.S.E.E., Paris.
19. GAUQUELIN M.et F. (1966): Proceedings of the Fourth International Biometeorological Congress, International Journal of Biometeorology, 11 (suppl. 1967): 341.
20. GAUQUELIN M.et F. (1967): Relazioni del XIV° Convegno della Salute, 27-28 Maggio 1967, Ferrare, p.69-80, Artioli (Modena, Italia).
21. GAUQUELIN M.et F. (1967): Ninth International Conference Wiesbaden, Society for Biological Rhythm, April 6-8.
22. GAUQUELIN M.et F. (1968): Relazioni del XV° Convegno della Salute, 25-26 Maggio 1968, Ferrare, p.179-87, Artioli (Modena, Italia).
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24. GAUQUELIN M.et F. (1969): Relazioni del XVI° Convegno della Salute, 24-25 Maggio 1969, Ferrare, Artioli.
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Michel Gauquelin: Su Legado Astrológico

Jesús Navarro

Introducción

Michel Gauquelin (y, junto a él, su esposa Françoise) es, sin lugar a dudas, el investigador astrológico más importante del siglo XX.

Tanto que para algunos es una especie de nuevo Darwin cuyas aportaciones acabarán marcando un antes y un después en la comprensión del mundo por parte de la ciencia y la cultura occidentales.

Unas aportaciones que, por sí mismas, pero también reforzadas por las de otros investigadores que se inspiraron o se basaron en ellas, apoyan el retorno de lo astrológico al lugar de mérito y de reconocimiento del que fue arrojado por el pensamiento de la modernidad racionalista.

De hecho, como irán mostrando los sucesivos apartados de esta ponencia, nos encontramos frente a un legado pro-astrológico difícilmente desechable, salvo el prejuicio que la descalificación ciega se empeñe en imponer a la fuerza de la evidencia.

1. Michel Gauquelin: su vida.

El psicólogo francés Michel Gauquelin nació en París, el día 13 de noviembre de 1928, a las 22:15 GMT, y llevó a cabo, junto con su primera esposa, Françoise Schneider Gauquelin, trabajos estadísticos de gran relevancia sobre lo astrológico.

Dichas investigaciones arrancaron en la década de los 50 del pasado siglo y se prolongaron hasta fallecimiento de Michel, que tuvo lugar el 20 de mayo de 1991, fecha en que, muy lamentablemente, se suicidó.

Mostró interés por la astrología desde muy joven, tanto que, según se dice, a los diez años era capaz de levantar una carta natal, ganándose muy pronto entre sus compañeros de estudios el apelativo de Nostradamus, gracias a lo certero de sus análisis astrológicos.

A pesar de ello, una vez titulado como psicólogo por la Sorbona y alcanzada una sólida formación estadística, toda su actividad investigadora se orientó a falsar la astrología, a demostrar estadísticamente la inconsistencia de los asertos astrológicos. Por lo mismo, se opuso a la práctica de la astrología y rechazó ser tenido por astrólogo.

Sin embargo, los resultados de sus investigaciones no dejaron de apoyar referentes astrológicos fundamentales, tanto en lo conceptual como en lo simbólico, como se verá más adelante. Unos resultados que pudo obtener tras recopilar una ingente colección de datos natales y biográficos, posteriormente sometidos a las oportunas evaluaciones estadísticas.

Uno de los estudios más significativos de los Gauquelin fue el referido a la doctrina astrológica de las correlaciones entre las posiciones planetarias de cada carta natal, los rasgos caracterológicos del/de la nacido/a y las implicaciones de dichos rasgos en su trayectoria existencial. Línea de investigación que pretendía reformular experimentalmente la astrología tradicional desde la perspectiva científica moderna.

Los resultados obtenidos por los diferentes trabajos y sus oportunas replicaciones generaron polémicas descomunales, sobre todo en el seno de la comunidad científica, mientras eran celebrados por la comunidad astrológica.

Tan es así que fueron sometidos a verificación y contraste por diferentes comitês científicos, saliendo mucho mejor paradas la honestidad y confiabilidad del proceder de los Gauquelin que las actitudes y procedimientos de sus evaluadores científicos.

A pesar de los años transcurridos y de las profundizaciones hechas por otros investigadores, como Suitbert Ertel, a propósito del desde entonces llamado “efecto Marte”, estos resultados siguen siendo controvertidos.

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Es llamativo también que no suele hablarse de los trabajos de los Gauquelin sobre la herencia astrológica ni se otorga a sus resultados una relevancia equiparable a la de dicho “efecto”, cuando a mi entender son, si cabe, todavía más significativos que los correspondientes a este último.

Se suele afirmar, así mismo, que sus aportaciones han tenido mayor impacto al outro lado del Atlántico que en Europa, lo que no cuadra demasiado con el hecho de que los resultados de los Gauquelin fueron o han sido continuados, limitándome a citar solo unos pocos investigadores, por la propia Françoise Schneider-Gauquelin, el ya mencionado Suitbert Ertel, psicólogo y profesor de la Universidad de Göttingen, o John Addey, todos ellos europeos, o han inspirado la actividad de investigadores, como el sudafricano Percy Seymour, nacidos y trabajando en este lado del Atlántico.

Hacia el final de su vida, Michel Gauquelin propuso reformar la astrología, postulando que los astrólogos debían renunciar a la mayor parte de sus tradiciones para apoyarse únicamente en lo estadísticamente consistente y confiable de la misma, dando lugar a la que él bautizó como “Neo-Astrología”.

Sus propuestas no han tenido éxito entre los astrólogos, aunque los resultados de sus trabajos sí son sistemáticamente referenciados en el ámbito astrológico, con muy buen criterio ciertamente, dado su aval de las premisas fundamentales de la astrología.

2. Michel Gauquelin: su carta natal.

La figura 1 muestra la natividad de Michel Gauquelin, mientras la figura 2 ofrece la progresión anual activa en el momento de su muerte, cumplidos los 62 años de edad.

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Figura 1

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figura 2

Figura 2

Su tema natal muestra clara y reiteradamente sus capacidades de comprensión y exploración de lo psicológico, directamente asociadas a la presencia del Sol, en su condición de regente natal, en la casa IV y del regente de ésta y dispositor del mismo, Plutón, en la casa XII, a la vez que la Luna, regente de XII, se encuentra en la propia casa IV.

Es de subrayar, así mismo, la simultánea presencia de Neptuno, regente de la VIII, en la casa I, completando las conexiones de dicha casa, es decir del “yo soy” del nativo, con todo el triángulo de las casas emocionales.

La presencia de Mercurio, regente de la casa XI, al inicio de la casa IV y en conjunción con su cúspide, liga directamente también sus aspiraciones y proyectos de futuro con los asuntos propios de la misma.

El carácter innovador y rupturista de sus aportaciones investigadoras viene significado por la presencia de Urano, regente del DSC, en la casa IX, desde el interior de Aries, aunque la caída de su regente, Marte, y el exilio de Neptuno, regente de IX, amenacen con penalizar las expectativas (Marte en XI) y vivencias personales (Neptuno en I) relacionadas con sus investigaciones, cubriéndolas de conflictos y sinsabores, ora irritantes ora depresivos, a medio-largo plazo.

Dificultades que no niegan la consecución de logros, aunque siempre ligados a tensiones y luchas, dada la recepción por cuadratura de Marte hacia Urano. El hecho de que Quirón, regente de Neptuno, se halle en la X, en conjunción con Júpiter, a su vez conjunto al MC y en recepción mutua con el regente de dicho ángulo (Rea, si consideramos los doce regentes zodiacales propuestos por mí en su momento (Nav 94, Nav 00), por hallarse en Cáncer, o bien Venus, si consideramos las regências tradicionales, por estar en Sagitario), orienta al nativo hacia un desarrollo y despliegue profesional de reconocimiento y éxito, máxime cuando Quirón recibe por aspecto de trígono a Neptuno.

Y dicho ámbito profesional queda claramente conectado, además, a la casa IX gracias a la conjunción Rea-Marte, regentes respectivos de la X y de la IX, si nos referimos a las mencionadas doce regencias modernas, aunque también se da una circunstancia similar considerando las regencias tradicionales, dado que Venus, en tal caso regente de X, se halla en paralelo de declinación con Marte.

El yod constituido por la Luna, como planeta focal, y las mencionadas conjunciones Júpiter-Quirón y Rea-Marte (o sólo Marte, si prescindimos de Rea), al que se añade la cuadratura lunar a Neptuno, sirve de confirmación y refuerzo adicional a todo lo dicho, problemáticas y dificultades incluidas.

La regencia uraniana sobre la casa VII amenaza, así mismo, con rupturas relacional-matrimoniales, mientras la presencia de Saturno en casa V y en conjunción con Venus apunta hacia frustraciones afectivas, que tampoco son ajenas a lo laboral-profesional, habida cuenta de la regencia de Saturno sobre la casa VI y la presencia de Júpiter, regente de la casa V, en la X.

Sinsabores y frustraciones que, según parece, tuvieron relación directa con su fatal decisión final, explicable por la debilidad del exilado Neptuno y su presencia en I como regente de VIII, hablándonos de una posible muerte bajo su responsabilidad/incidência directa o/y por su propia mano.

Sería interesante considerar otras facetas de la personalidad de nuestro autor no directamente relacionadas con su faceta vocacional-investigadora, pero la falta de espacio no lo hace oportuno, si bien podemos ofrecer un interesante “botón de muestra” sobre el particular.

El de su fuerte inclinación deportiva y sus claras dotes al respecto, según confirman sus nada desdeñables desempeños en ese ámbito, en buen acuerdo con las marcadas conexiones entre las casas V y X ya comentadas.

Tan es así que, aun sin practicarlos de manera profesional, logró destacar en el ciclismo y, sobre todo, en el tenis, llegando a disputar las semifinales del campeonato senior de Francia para jugadores con más de 50 años.

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